Hidden Treasures: Brocas Helm – Into Battle (1984)

Voltamos para mais uma temporada do Hidden Treasures, mas com algumas pequenas alterações, e a maior elas se dá no foco do quadro. Antes ele se dava em bandas do underground que poderiam ter se tornado grandes, mas que por algum motivo isso não ocorreu e elas acabaram encerrando sua carreira sem o devido conhecimento. Agora resolvemos nos voltar para álbuns que mereciam ter mais reconhecimento, mas que acabam esquecidos ou relegados a nichos muito pequenos e restritos. O ponto em comum entre as duas abordagens? Continuaremos falando de bandas undergrounds que mereciam ser reconhecidas, mas por algum motivo não o foram, ou não o são. Posto isso, vamos ao trabalho.

Quando falamos em Heavy Metal oriundo dos Estados Unidos, principalmente o de enfoque mais épico, e pensando em bandas dos anos 80, a maioria das pessoas já pensa de cara em Manowar. Os mais afeitos ao underground certamente irão citar nomes como Manilla Road, Cirith Ungol, Omen, ou até mesmo bandas como Attacker, Liege Lord e Warlord. Poucos irão lembrar de uma das bandas mais injustiçadas da época, o Brocas Helm. Mas convenhamos, isso tem uma explicação muito plausível, pois apesar de fundada em 1982, até hoje só lançaram 3 álbuns, com um grande espaço de tempo entre eles, e sendo que o último saiu a 17 anos atrás.

Surgido no ano de 82 em San Francisco, Califórnia – isso vos lembra de algo? -, o Brocas Helm é um desses raros casos de bandas que apesar de todos os obstáculos, conseguiu manter uma formação estável, já que desde seu surgimento é composta por Bobbie Wright (vocal/guitarra), Jim Schumacher (baixo) e Jack Haus (bateria). Entre 1982 e 1984 chegaram a ter um segundo guitarrista que saiu antes da gravação do debut, John Grey, assim como em 1988 – Tom “T-Bone” Behney -, mas seu núcleo duro sempre foi o trio citado acima.

Lançado em 1984, Into Battle é desses álbuns que de certa forma desafiam a lógica de você gostar dele. Musicalmente não se trata de um álbum que prima pela inovação, já que fica clara a influência dos dois primeiros álbuns do Iron Maiden, Angel Witch, Manilla Road, Cirith Ungol e Mercyful Fate em sua sonoridade. Além disso, os vocais de Bobbie Wright passam longe da perfeição, e a produção é um pouco capenga, apesar de passar longe de ser propriamente ruim. Ainda sim, tem algo aqui que te prende, te conquista, e te faz querer escutar esse álbum repetidas vezes.

Bobbie Wright, Jack Hays e Jim Schumacher

Talvez seja a energia que transborda em cada segundo de música, ou então o clima épico e medieval, aliado a sensação de poder que toma conta do ambiente quando estamos escutando “Into Battle”. Ou então, quem sabe, o ótimo trabalho da guitarra que despeja riffs cortantes e abrasivos, que ficam marcados na memória a ferro e fogo já na primeira audição, além de executar ótimos solos. Pode ser também que isso ocorra devido ao absurdo trabalho da parte rítmica, com um baixo para lá de marcante e uma bateria que abusa da criatividade na maior parte do tempo. Bem, a questão é que da união de cada um desses aspectos, nasceu um dos álbuns mais marcantes do Metal oitentista americano.

Possivelmente você que está lendo esteja pensando: “Esse cara está exagerando, esse álbum certamente não é isso tudo.”. É, pode ser que sim, pode ser que não. Para tirar a dúvida, escute faixas como a furiosa e nervosa “Metallic Fury”, que abre o álbum, ou a “maideniana” faixa-título, que parece ter saído diretamente de alguma sessão perdida de gravações da Donzela. Isso sem contar toda a intensidade e os ótimos solos. Também pode tentar “Beneath a Haunted Moon” com seus riffs arrastados (Cirith Ungol???), a ótima “Warriors of the Dark”, que certamente deixaria Lemmy Kilmster feliz, ou a enérgica e forte “Dark Rider”, uma das melhores músicas da história da banda.

Infelizmente, nem mesmo com toda a qualidade do material, a banda despontou no cenário. Para o lançamento do álbum, o Brocas Helm assinou um contrato com a First Strike Records e Steamhammer (contrato de licenciamento através da First Strike) para distribuição americana e europeia de seus lançamentos. Mas a relação foi extremamente conturbada, com uma série de desentendimentos entre banda e gravadora, devido a essa última querer impor uma série de decisões ao trio – a capa do álbum, por exemplo, foi usada sem o consentimento da banda *-, o que gerou um rompimento do contrato após acordo entre as partes.

No fim, o que resta é um verdadeiro tesouro do Metal oitentista, uma verdadeira aula de Heavy metal, que merecia muito mais reconhecimento do que teve até hoje.

Capa alternativa – Relançamento da Eat Metal Records (2005)
Brocas Helm – Into Battle
Lançamento: 1984
Gravadora: First Strike Records

Tracklist:
01 – Metallic Fury
02 – Into Battle
03 – Here to Rock
04 – Beneath a Haunted Moon
05 – Warriors of the Dark
06 – Preludious
07 – Ravenwreck
08 – Dark Rider
09 – Night Siege
10 – Into the Ithilstone

Encontre sua banda favorita