Apresentação na Arena Eurobike contou com abertura do Hammerfall

Dando sequência às grandes apresentações que colocaram Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, no mapa das turnês internacionais da música, as bandas de heavy metal Hammerfall e Helloween celebraram o estilo enfaticamente na noite de 6 de outubro, uma quinta-feira, na Arena Eurobike. Com organização e estrutura primorosas, o local, que fica a 312 km da capital paulista, ofereceu conforto e segurança ao público.  

O Helloween é um dos pioneiros do heavy metal melódico, muitas vezes chamado de power metal, e conta com um público fiel dentro do cenário metálico mundial, o que ficou comprovado nas camisetas dos milhares de fãs presentes no estádio do Botafogo/SP. Os suecos do Hammerfall são seus discípulos, apesar de apostarem numa sonoridade mais tradicional, revelando também outras influências do metal alemão, como o Accept. E coube a eles aquecer o público na ocasião.

Foto: Vitor Franceschini

A verdade é que Joacim Cans (vocal), Oscar Dronjak e Pontus Norgren (guitarras), Fredrik Larsson (baixo) e David Wallin (bateria) não pareceram em momento algum uma banda de abertura. Divulgando o disco “Hammer of Dawn”, lançado este ano, a banda entrou com o público na mão tocando exatamente a faixa de abertura do novo disco, “Brotherhood”. A sensação, nítida na plateia, é que tinha muita gente ali para ver o Hammerfall e não apenas a ‘banda principal’.

Não poderia ser por menos, pois o grupo fez um show tecnicamente impecável, mostrando muito carisma, principalmente do fundador Oscar Dronjak, e uma presença de palco digna de Cans, que parece não ter sofrido com o tempo de estrada, cantando como nunca. No repertório, o Hammerfall tentou abranger o máximo de sua discografia, onde se destacaram as performances de “The Metal Age”, “Hammer of Dawn” (mais uma das novas), “Renegade”, “Let The Hammerfall” e a deixa com “Hearts on Fire”.

Foto: Vitor Franceschini

Como em muitas de suas letras o Hammerfall celebra deuses mitológicos, dentre eles Thor (aliás, uma das guitarras de Dronjak tinha o formato do martelo de Mjölnir), a banda parece que ficou protegida da chuva, pelo deus nórdico, que começou logo após seu show e não deu trégua. Logo, o Helloween subiu ao palco em meio a um dilúvio que parecia muito mais um adereço de seu show, do que algo incômodo, de tanta empolgação que os fãs mostraram, pouco se importando com a aguaceira.

Não seria por menos, pois qual banda hoje no mundo repassa toda sua carreira, que contou com três vocalistas diferentes em 40 anos e ainda contando com os três no palco? Já na abertura, em “Skyfall”, o lugar veio abaixo, confirmando a expectativa de que a noite seria memorável! “Eagle Fly Free” tirou lágrimas de muitos, que se misturaram com a água da chuva, aumentando ainda mais as poças ali encontradas.

Foto: Alex Paulo Felício

Claro, a enxurrada (desculpe o trocadilho com o temporal) de clássicos continuou, com a banda mostrando muito ímpeto em todas as fases, inclusive em “Mass Poluiton”, uma das mais recentes composições. “Power”, “Future World”, “I’m Alive”, entre outras, deixaram o público em êxtase, assim como a própria banda que, independentemente de cifras, mostrava que estava se divertindo no palco. Aliás, Markus Grosskopf (baixo) e Michael Weikath (guitarra) continuam os monstros e com seus estilos inconfundíveis, enquanto Sascha Gerstner é um mago das seis cordas, e o baterista Dani Löble prova porque é o cara que há mais tempo domina as baquetas das abóboras alemãs.

Foto: Alex Paulo Felício

E, por mais que Michael Kiske seja um dos melhores vocalistas de metal de todos os tempos, o sempre subestimado Andi Deris esteja em uma fase espetacular, o momento emocionante do show foi quando Kai Hansen assumiu os vocais e nos levou de volta aos idos de 1985. Claro que o peso dobrou naquele momento, até mais que as roupas encharcadas, pois fomos a um período em que o Helloween flertava com o thrash/speed metal e um medley que contou com faixas como “Metal Invaders” / “Victim of Fate” / “Gorgar” / “Ride the Sky” simplesmente arrepiou o mais cético ali presente. Quem imaginava poder ver isto de novo? Ainda mais quem cresceu vendo o Helloween de Andi Deris? Pois bem, ali estavam, em um misto de sonho e flashback com o vocalista e guitarrista original à frente. “Heavy Metal (Is The Law)” coroou este momento.

Foto: Luiz Fernando Tuici

Ainda tinha emoção pra acontecer e depois dos celulares à prova da água se ascenderem (isqueiros naquela chuva nem por decreto) em “Forever And One”, “Best Time” anunciava o fim que começou na épica “Keeper of the Seven Keys” e foi firmado em “I Want Out”, que definitivamente virou a “Rock and Roll All Nite” da banda. Por fim, tanto os com capa de chuva quanto os ensopados tinham a mesma cara de felicidade, alguns inclusive colocando ambas as apresentações, de Hammerfall e Helloween no mesmo patamar, o que não seria exagero, guardadas as devidas proporções. Sem ego, quem ganha é o público, sempre e a “United Forces Tour 2022” é mais uma que entra para a história da Califórnia Brasileira.

Foto: Maria Eliza