Somente os mais deslumbrados em pesquisar sobre os obscuros confins deste planeta sabem da existência de um pequeno país no leste europeu chamado Moldávia. Ex-república soviética, a Moldávia é mais aparentada culturalmente com a sua vizinha Romênia, tanto que o romeno, um idioma latino assim como o português e o italiano, por exemplo, é o idioma oficial da Moldávia. O país não possui tradição nenhuma no Heavy Metal e é por isso que vamos hoje viajar para lá, pois países desconhecidos pelo grande público são os nossos destinos preferidos!
Apertem os cintos e acomodem-se bem! Neste período de quarentena e de iminente lockdown em várias cidades brasileiras, esta viagem é uma das poucas possíveis que você pode fazer. E o que é melhor: sem sair de casa! Vamos para a Moldávia!
Fundado no século XII como um principado, a Moldávia ao longo de sua história sempre foi um território disputado por húngaros, poloneses, otomanos e, em tempos mais modernos, por russos e romenos. Com a queda da União Soviética em 1991, a Moldávia pode enfim declarar não só sua soberania, como sua independência política no mesmo ano, para nunca mais ser disputada por ninguém. Desde então, o controle do estado sobre a economia começou a se afrouxar aos poucos e o setor de serviços passou a se sobressair sobre a agropecuária. No entanto, a Moldávia ainda possui a economia mais atrasada de toda a Europa e também o menor IDH do continente. Diferentemente de várias ex-repúblicas soviéticas, a Moldávia vive em uma democracia “prática” com uma razoável alternância de presidentes e primeiros-ministros (a menos de uma crise que existiu em 2019 que foi logo dissipada), com chefe de estado e congresso sendo eleitos livremente pelo povo.
Para os amantes de vinho, a Moldávia é um destino perfeito, pois lá existem algumas das maiores e mais qualificadas adegas da bebida no mundo. Para quem curte ouvir Metal com um bom vinho ao lado, vale a pena. Por falar em Metal, vamos conhecer agora alguns dos representantes moldavos do estilo. Mais uma vez não se faz muito necessário contar a história do Rock na Moldávia tendo em vista que ela é bastante similar a da Estônia e da Rússia, países que já foram abordados neste mesmo quadro. Quem quiser saber como era o Rock e o Metal praticados na União Soviética, sugiro ler o capítulo referente a Estônia.
ACCIDENT
Uma das primeiras bandas a surgir na Moldávia ainda na era soviética. Fundada em 1989 na capital Chişinău (pronuncia-se “Kishinau”), o grupo lançou seis álbuns de estúdio até 2006 (juntando na conta o período em que a banda se chamou “Axident”) praticando um Thrash Metal técnico com influências de Sepultura, Annihilator e Pantera. Em 2007, o Accident se separou em definitivo.
BUSOLA
Stoner da Moldávia! Contando nos vocais com Octav Cassian, ex-vocalista do Accident, o Busola foi fundado em 2015 e já lançou dois álbuns de estúdio, sendo o mais recente deles Fabulo$$, de 2018. O baixista Evgeny Core não tem vergonha nenhuma de usar um wah-wah bastante forte em seu instrumento!
BASARABIAN HILLS
Aposto que você nunca descobriria que esta banda se chama Basarabian Hills somente olhando para a sua logo. uma das mais ininteligíveis do Heavy Metal mundial. A one-man band vem da pequena cidade de Fălești e seu Black Metal obedece a vertente atmosférica do estilo. Os arranjos de teclados com timbres etéreos são as principais características das músicas do Basarabian Hills, cujo único integrante atende pelo nome de Spirit of the Forest. Seu mais recente álbum de estúdio se chama Eerie Light of the Fireflies e foi lançado em 2018.
CHORDEWA
O Chordewa também chega representando o Black Metal, mas caminhando por uma vertente diametralmente oposta a do Basarabian Hills. Como se o Arcturus encontrasse o Cradle Of Filth, o Chordeva toca um Black Metal progressivo bastante técnico e repleto de mudanças de andamento. Apesar de ter sido fundado em 2002, o Chordewa lançou até agora somente dois EP’s e um full-length, Recast Gear for the Mindcraft Course, em 2013.
HARMASAR
O Folk Metal do Harmasar é formado por um Heavy/Thrash Metal complementado por ubíquas linhas de flautas tocadas por Pavel Ungureanu. Fundada em 2013 em Chişinău, o Harmasar lançou até agora um único trabalho, o full-length Din pământ, em 2016.
ESPEROZA
O Esperoza toca um Gothic Metal bastante agressivo dadas as influências de Death e de Black Metal que aparecem em seu som permanentemente. Fundada em 2010, a banda tem na pessoa de Zoya Belous uma vocalista bastante versátil, já que ela alterna suas performances com vocais guturais, líricos e expressivas linhas mais baixas. Ressalte-se também a preocupação que o grupo tem com sua própria imagem observando seus figurinos, produção de clipes e performances ao vivo. Em 2016 o Esperoza lançou seu trabalho mais recente, o álbum Aum Corrupted.
Por hoje basta. Na próxima semana, a intrépida redatora Jéssica Alves pilotará nosso avião rumo a algum outro país sem tanta tradição no Metal, mas que pode guardar relíquias que podem nos surpreender.
Até lá!