Heavy Metal Pelo Mundo: Malta

Após agradáveis meses especulando o cenário musical pesado do Reino Unido, é hora de uma mudança de ares. Ainda permanecendo na Europa, desta vez vamos para o sul do antigo continente, mais especificamente para as ilhas Maltesas. Vamos lá!

Gregos, romanos, fenícios, árabes, britânicos… O que esses (e alguns outros povos) tiveram em comum? Todos eles fizeram parte da história de Malta, governando-a em algum período, devido a sua localização e importância estratégica, e de certa forma deixando de herança algumas de suas características culturais ao longo dos séculos. Entretanto, mais atualmente, sua independência do Reino Unido só aconteceria em 1964, sendo que dez anos depois se tornaria uma república.

Dividida em três ilhas – Malta, Gozo e Comino – e banhada pelas águas do Mar Mediterrâneo, Malta, para os íntimos, e Republica de Malta (Repubblika ta’ Malta, no original), para os mais cerimoniosos, o arquipélago é considerado como um dos menores países europeus, com uma área total de 316 km². Em contrapartida, possui a maior densidade demográfica da Europa e conta com uma população estimada em quase 515 mil habitantes (2019). Tendo o maltês (a única língua semítica que utiliza o alfabeto latino) por idioma oficial e o inglês como segundo mais utilizado, sua capital é Valeta, enquanto que Birkirkara é a sua maior cidade.

Exemplo de arquitetura preservada, em Birkirkara

Por não ser um grande país, em termos populacionais, Malta tem sim um cenário musical modesto, mas de fato ainda conta com um significativo número de bandas que se dedicam as varias vertentes do Metal, com maior movimentação a partir dos anos 2000. Como festivais anuais do estilo, pode-se citar o Shellshock Metal Fest, o Malta Doom Festival e o Metal Over Malta, que levaram aos seus palcos nomes internacionais como Sirenia, Orphaned Land, Manilla Road, Venom Inc, entre outros.

Abaixo, como de costume, selecionei oito bandas, que vão do Gothic Metal ao Brutal Death Metal, de diferentes regiões do país, para que o leitor tenha uma breve noção da musicalidade produzida por lá.

ABYSMAL TORMENT

Da maior cidade do país, Birkirkara, temos o Abysmal Torment que se responsabiliza por praticar um Brutal Death Metal adornado com bastante técnica – não para tanto, pois experiência é o que não falta à banda, na ativa desde 2000. Após o EP ‘Incised Wound Suicide’, de 2004, foi apenas dois anos depois que saiu o debut ‘Epoch of Methodic Carnage’ e de lá para cá, foram lançados outros três álbuns, sendo o último ‘The Misanthrope’ em 2018.

ALBERT BELL’S SACRO SANCTUS

Com um nome tão invocado como Albert Bell’s Sacro Sanctus, não espere menos do que uma sonoridade que faça jus a esse drama. Elementos de Blackned Heavy Metal (sabe aquela pegada do Venom? Então…), Doom e até mesmo uma aura mais épica, amparada pela temática voltada à temas como História e Era Medieval, se cruzam para formar algo ligeiramente inusitado. O, atualmente, trio Albert Bell (vocal, guitarra e baixo), Owen Grech (guitarra) e Steve Lombardo (bateria) vêm do povoado de Marsaskala e em nove anos de atividades lançaram três full length.

DRAUGÛL

Dando uma segurada no clima épico, apresentamos também o Draugûl, que tendo suas origens em Malta, hoje é sediado na Suécia. Com raízes mais profundas no Black/Viking/Folk Metal e letras que abordam temas característicos desses estilos, como a Mitologia Nórdica, a história dos Vikings e ainda a obra do mestre J.R.R. Tolkien, tudo isso é organizado e executado solitariamente por Mark “Hellcommander Vargblod“ Azzopardi, desde o ano de 2009. Até o momento, são quatro álbuns lançados e o EP ‘Plagueweaver’, do ano passado.

NOOGIE’S CREW

Sacudindo a poeira de eras passadas e pisando novamente no nosso século XXI, damos de cara com o pessoal do Noogie’s Crew. O som que eles fazem? Um Progressive/Heavy Metal pesado e nada enrolado, que irá cativar apreciadores do estilo. Apesar da origem da banda datar de 2011, após o encerramento precoce no ano posterior, o Noogie’s Crew retornou pra valer em 2015 e desde então conta com o EP homônimo de 2016 e o debut ‘Till Dark Returns’, de 2019 – ambos, lançados de forma independente.

RISING SUNSET

Mudando de ares novamente e com músicos de diferentes regiões de Malta, temos o Rising Sunset. Se você imaginou uma banda de Power Metal, digo que não está totalmente enganado, já que nos primeiros anos a sonoridade era voltada ao lado sinfônico do estilo. Entretanto, atualmente Joseph Camilleri (vocal e guitarra), Clifford Smith (baixo), Carlo Calamatta (programação de bateria, guitarra e vocal) e Ian Spiteri (teclados) mesmo permanecendo na esfera do Symphonic Metal, optaram por algo mais sombrio, com elementos de Gothic e Extreme Metal – chegando a lembrar sutilmente os gregos do Septicflesh, em alguns momentos. A banda, que está prestes de celebrar as suas duas décadas de história, ainda divulga o seu novo álbum ‘De Mysterium Tenebris’, liberado no último dia 08 de maio.

WEEPING SILENCE

Vocais no estilo “a bela e a fera”? Malta também tem, pois apresentou ao mundo o Weeping Silence e seu estonteante Gothic Metal. Surgida em 1995, a banda lançaria a demo ‘Deprived from Romance’ em 2000 e depois outra em 2003, contudo, sua estréia oficial aconteceu apenas em 2008 com o álbum ‘End of An Era’ (se lembrou do Nightwish, né? Eu sei!). Apesar das várias mudanças de formação ao longo dos anos, a vocalista Rachel Grech permaneceu por onze anos na banda, cedendo seu lugar para Diane Camenzuli, que assumiu o posto de 2015 a 2018. Totalizando quatro álbuns de estúdio lançados, o mais recente é ‘Opus IV Oblivion’, que saiu pela Massacre Records em outubro de 2015.

X-VANDALS

Direta ou indiretamente, eis um dos nomes mais antigos de Malta. Renascido das cinzas do Vandals, o (sugestivo) X-Vandals se mantém firme no cenário maltês desde 2005, representando o Thrash Metal – com uma veia Death, lá dos primórdios. ‘Erosion of Our Liberty’ (2006), ‘Breach the Silence’ (2009) e ‘Exhume the Truth’ (2017) são os seus três discos liberados até o presente momento. O X-Vandals também possui a compilação ’35 Years of Metal 1983-2018’ (2018) e o DVD ‘Who We Are’, do ano passado.

SAħħAR

Para quem curte um Black Metal mais tradicional, como nos moldes dos anos 90, eis aqui mais uma one-man-band, a Saħħar, que como principal diferencial tem a maioria de suas letras compostas em maltês. Comandada por Marton “Antikrist” Saliba, a Saħħar conta com cinco álbuns completos, além de alguns EPs, split e até mesmo um álbum ao vivo (live in studio), lançados no período entre 2007 e 2020.

Mais uma vez encerro a matéria com o sentimento de surpresa e satisfação em poder ter conhecido um pouquinho de mais um cenário metálico que pouco se tem notícia, com bandas até então desconhecidas (pessoalmente falando) e trazendo a vocês, leitores, uma singela amostra da qualidade musical de Malta. Obrigado pela companhia! Nos vemos novamente dentro de algumas semanas… Até lá!

Tieqa tad-Dwejra, conhecida como “Janela Azul” – destruída por fortes ondas após uma tempestade em 2017
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