Das Américas, retorno novamente ao Velho Mundo e me deparo com mais um destino exclusivo, em mais uma edição do nosso quadro Heavy Metal Pelo Mundo: a Geórgia. Vamos lá?

Com incontáveis séculos de história, o país que conhecemos hoje por Geórgia (do original  საქართველო / Sak’art’velo) teve suas origens primárias nos estados da Cólquida (quem se lembra do mito grego de Jasão e os Argonautas?), Íspir e da Ibéria, todos entre os séculos VII e VI a.C, sendo estabelecido um reino unificado no em IV a.C, que por fim ganharia notoriedade no período medieval. Dando um salto para a era moderna, no início do século XIX, a Geórgia foi anexada pelo Império Russo e posteriormente (após uma breve independência) ocupada pela União Soviética. A independência de fato viria a acontecer apenas em 1991, mas o que era para ser motivo de alegria, se tornou um pesadelo ao longo do restante  do século XX, com o país enfrentando distúrbios civis e uma séria crise econômica, que só seriam contornados em 2003, com a introdução de reformas econômicas e democráticas.

Localizado na Europa oriental, seu território se limita com a Rússia, Turquia, Armênia e Azerbaijão, além do Mar Negro. Sendo atualmente uma república unitária semipresidencial, sua população (até 2019) é estimada em torno de 3,72 milhões de habitantes e sua capital/maior cidade é  Tiblissi. O idioma georgiano é falado pela maior parte dos habitantes, mas também são utilizados o russo, o armênio, o azeri, entre algumas outras. Vale salientar, que o país possui duas regiões autônomas: Abecásia e Ossétia do Sul. Com isso, nessas localidades são co-utilizados suas línguas, abecásio e osseta, respectivamente. Desde 1995 a sua moeda é o Lari. Ainda em tempo, 40% de seu território é coberto por florestas, que abrigam uma considerável diversidade da sua fauna e flora.

Um dos panoramas da capital Tiblissi

No que se refere ao Heavy Metal, como é de se esperar, a sua história não é assim, tão vasta, quiçá conhecida. Naturalmente também, não foram tantos os resultados encontrados, porém, é possível se deparar com nomes expressivos do cenário georgiano, que se focam especialmente em estilos como o Black Metal e o Death e suas derivações melódicas e sinfônicas. Como nomes mais antigos, podem ser citados o მემენტო მორი (Memento Mori), que surgiu em 1987 e lançou um único material dez anos depois, praticando uma sonoridade com doses de Heavy Metal e Hard Rock, aparentemente encerrando suas atividades pouco depois. Ainda na mesma linha de estilo, outro antigo nome é o რკინის რაინდი (Iron Knight), que já conta com três discos, lançados entre 1991 e 1994. Assim como a primeira banda citada, todas as suas composições foram escritas em sua língua de origem. Podemos citar ainda o Diaokh, que praticava Pagan Black Metal e liberou em 2000 seu debut ‘To Raise the Iron Throne’ e o Bohema, que deixou três álbuns, tendo sido o último em 2012. O split ‘Metalstorm (The First Georgian Metalcompilation)’, de 1998 também não pode ser deixado de lado, já que apresentou nomes de diferentes estilos (do Heavy ao Doom, até o Black), como Heavy Cross, Heavy Monks, Blackends, Last Supper, Sadizm e Pergamo. Como fato mais recente, temos um incidente envolvendo a banda grega Rotting Christ, que passou por maus bocados na capital, em 2018, com a prisão temporária dos irmãos Sakis e Themis Tolis, cujos nomes estavam em uma “lista de pessoas indesejáveis”, aos olhos da segurança nacional do país, que os taxava de satânistas e por fim, suspeitos de terrorismo. Com bastante esforço, a delicada situação foi resolvida.

Abaixo, confira algumas das bandas que selecionei:

ANGEL OF DISEASE

Lá se vão duas décadas de carreira e o Angel of Disease ostenta dois álbuns oficiais e um EP em sua modesta discografia. Com o nome possivelmente inspirado pela faixa homônima do Morbid Angel, lançada em 1993 no disco ‘Covenant’, a banda georgiana pratica com exatidão algo voltado ao Progressive Death Metal!

IAHSARI

Se você não é lá tão adepto assim da brutalidade apresentada acima, não se preocupe pois tenho o Iahsari para você. Na linha do Symphonic Metal – com vocal feminino, diga-se – a banda está em atividade desde 2005 e após alguns singles, liberou em 2018 seu primeiro álbum ‘Shrine of the Ancient Gods’, de maneira independente.

RUINS OF FAITH

Outra banda que recentemente atingiu as suas duas décadas de história é o Ruins of Death, que representa o Black Metal de seu país. Iniciando sua trajetória com uma vibe mais Pagan, ao longo dos anos foi deixando de lado as temáticas que abordavam temas específicos do estilo, para se aprofundarem na conhecida obscuridade do Black. Seu trabalho mais recente é ‘Dark Evil Illusory Substance’, de 2018.

SIGNS

Sem deixar de lado a vertente mais sombria do Heavy Metal de lado, o Signs se volta a um interessante Symphonic Black Metal que me remeteu um pouco aos noruegueses do Dimmu Borgir – entre o final dos anos 90 e começo dos anos 2000. Mas é só uma lembrança, não uma cópia, ok? Se você curte essa linha (e a famosa banda supracitada) e quer um som lúgubre e bastante underground, dê uma chance ao Signs (que é um dos destaques desta matéria, hein!).

NO REGRETS

Chegamos ao final de nossa matéria, com um dos poucos representantes do (Melodic/)Doom Metal, o No Regrets. Banda vinda da capital Tiblissi, conquistou sua primeira década neste ano de 2021, mas até o momento apresenta apenas um disco: ‘Where the Sky and Sea Collide’, liberado em 2013, pela gravadora russa Metal Renaissance Records. Aliás, Doom Metal este, enriquecido com generosos e elegantes traços de Death Metal.

Sempre tento diversificar os estilos em minhas participações no quadro Heavy Metal Pelo Mundo, mas desta vez tudo ficou um pouco mais dentro da mesma esfera – o que não é nenhum obstáculo para que o leitor aproveite todos os nomes escolhidos acima. No mais, espero que tenham apreciado mais um exótico destino deste nosso quadro semanal e agradeço mais uma vez pela companhia. Até a próxima!

Igreja da (Santíssima) Trindade de Gergeti
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