Quando se pensa em Groenlândia, pensa-se a reboque em um lugar coberto de gelo habitado por nômades esquimós que se escondem em iglus.

Não é bem assim.

A Groenlândia ostenta o título de maior ilha do mundo e, apesar de oficialmente ser um território dinamarquês, possui autonomia e governo próprio. Com quase 60 mil habitantes, a única língua oficial é a groenlandesa, língua-mãe dos nativos esquimós, o que não impede que quase a totalidade de sua população também fale dinamarquês e inglês. Culturalmente mais próxima da América do que mesmo da Europa, a música pop da Groenlândia começou a se fortalecer nos anos 70, época em que o cantor folk Rasmus Lyberth representou a Dinamarca no tradicional concurso musical europeu Eurovision em 1979.

Mas a história do Rock groenlandês remonta desde o começo dos anos 70. De lá para cá, o Rock e o Metal daquela tão grande ilha se desenvolveu e hoje constitui uma pequena mas bem-sucedida cena. Aquele que é considerado o primeiro álbum de Rock gravado na Groenlândia foi registrado pela banda

SUMÉ

Fundada em 1972, seu debut, Sumut, foi lançado em 1973 trazendo elementos do Hard Rock da época enfeitados com traços de psicodelia e folk. Estima-se que, na época de seu lançamento, Sumut foi adquirido por 20% da população da Groenlândia, o que tornou o Sumé um dos primeiros e mais importantes representantes do Rock e da música pop em geral dali. As letras em groenlandês tinham um caráter de protesto contra a dominação dinamarquesa, tanto que a capa trazia uma antiga obra em madeira de um guerreiro esquimó assassinando um comerciante dinamarquês. O Sumé encerrou suas atividades ainda em 1976, mas deixou para a posteridade a inspiração para que outras bandas respeitassem e perpetuassem sua tradição de cantar em sua língua-mãe.

https://www.youtube.com/watch?v=QQpnJOnekts

SIISSISOQ

O Siissisoq foi fundado em 1994 e durante os anos em que esteve ativo fez sucesso na Groenlândia com seu Hard/Heavy totalmente descontraído. Seu debut, Aammarpassuillu Ulo 141, foi lançado em 1998 e ficou no topo das paradas da Groenlândia por dois meses. A banda foi encerrada em 2002 logo após seu líder, o guitarrista Karl Enok Mathiassen, acusar a gravadora ULO de ceder à banda somente 3% ou 4% dos valores monetários a que a banda tinha direito pelas vendas.

https://www.youtube.com/watch?v=gaZhSSASLbo

ARCTIC SPIRITS

O Arctic Monk… (opa!) Arctic Spirits foi fundado no ano de 2003 na cidade litorânea de Qeqertarsuaq, terra-natal de Rasmus Lerdof, criador da linguagem de programação PHP. O grupo pratica um som Hard/Heavy criativo e pesado que em certos momentos emulam o Stoner Rock, graças aos andamentos cadenciados e certa sujeira nos timbres de guitarra e contrabaixo. Com dois álbuns de estúdio na conta, pode causar certo estranhamento inicial o fato de os vocais serem cantados em groenlandês, assim como o Siissisoq. Nada que um certo tempo de audição não faça o ouvinte se acostumar.

FAILED TO FAILURE

Vindos da distante Upernavik, a maior cidade do noroeste groenlandês, a banda de Death Metal melódico Failed To Failure foi fundada recentemente, no ano de 2017, e rapidamente gravaram e lançaram seu debut, Never Be Afraid, no mesmo ano. Com algumas referências a Children Of Bodom ou Dark Tranquility, o Failed To Failure não falha ao provar que se faz Heavy Metal bem produzido e com qualidade até mesmo nos confins setentrionais do planeta.

https://www.youtube.com/watch?v=szAkVVy9uTA

FORLORN CITADEL

Os austríacos do Summoning inauguraram uma nova escola de Black Metal ao introduzir orquestrações soturnas e épicas à frente das guitarras gélidas, além de conduzir as composições com baterias e percussões programadas. Na Groenlândia se encontra um aluno do Summoning, o Forlorn Citadel. Sem tantas informações sobre o grupo, sabe-se que seu único integrante atende pelo vulgo de Solace e que existem duas demos lançadas, cujas audições são livres via Bandcamp. O som do Forlorn Citadel cria na mente imagens grandiosas e imponentes do aspecto túndrico e gélido de sua terra insular. Ouça e sinta o frio sonoro que este som é capaz de gerar.

https://www.youtube.com/watch?v=4fhnwkOaii4

 MOONLIGHT DROWNS

Sabe-se também que Solace, o homem por trás da banda destacada no último parágrafo, é a terça-parte da banda Moonligth Drowns, que também é composta por Forest e Wanderer. A proposta sonora desta banda é um Black Metal mais orgânico e atmosférico, na linha dos noruegueses do Strid, que não deixa de lado a sujeira depressiva e congelante, algo de se esperar vindo daquelas terras. Conclusão: viver ali significa viver em meio à constante inspiração para produzir este tipo de música, introspectivo e gelado, holograma sonoro ou mesmo quase tátil, do que se vê.

MORAR

Ainda no território do Black Metal, desta feita mais agressivo e menos atmosférico, conheçamos o Morar. Esta banda que pratica um Black Metal que remete ao do Emperor também não informa sua localização precisa; não que você esteja pensando em morar na cidade deles. Todavia, algo que é preciso é o fato de que seu Black Metal é variado, criativo, bem-produzido e que vale a pena sacar o quanto antes.

 THE PERFECT MASS

Ilulissat é a terceira maior cidade da Groenlândia. Lá está baseada a banda The Perfect Mass, cuja alicerce sonoro não é bem-definido, pois identifica-se elementos de Metal tradicional, Thrash e Death Metal em suas músicas. Em 2016 a banda lançou seu primeiro full-length, intitulado World On Fire. Ouça e se surpreenda!

STROMPTHA

O Doom Metal é o filho do Metal que tem a maior capacidade de se metamorfosear a depender de seu compositor. Seu ritmo lento abre espaço para que a criatividade possa fluir e preencher espaços de modo a enriquecer o Doom. Black/Doom, Dark/Doom, Blackened Doom… Não importa. A banda Stromptha pratica Doom Metal com elementos de Black Metal, o que torna o Doom da banda mais negro e de certa forma estrangulante. O grupo que foi fundado em Qaanaaq se mudou para a França e lançou em 19 de fevereiro seu primeiro full-length, Odium Vult.

https://www.youtube.com/watch?v=TvolSvqZJnA

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