Grunge Entrevista #12: Pluperfect “O Pluperfect é parte de mim, mas não é a mesma coisa que eu”

Grunge Entrevista é um quadro criado por mim, Helton Grunge, para entrevistar bandas e artistas do Rock e do Metal. Tudo feito de uma forma direta e descontraída, tentando abrir espaço para que o artista fale sobre seu trabalho. Hoje no Grunge Entrevista você confere um papo com Lyan Porto do projeto Pluperfect. Para acompanhar as outras entrevistas do quadro basta CLICAR AQUI.

Pluperfect é o projeto musical criado pelo músico Lyan Porto. O projeto foi criado pelo brasileiro residente na Bélgica e traz uma sonoridade que vai desde o Rock Alternativo até o Post Rock, passando também pela música psicodélica.

Lyan, primeiramente gostaria de agradecer por aceitar o convite para esta entrevista. Parabéns pelo trabalho. Sendo assim, já vamos começar falando do nome que deu a seu projeto: Pluperfect, um sinônimo curioso como nome do projeto, você pode nos contar mais de onde surgiu essa ideia?

Então, um dos meus grandes interesses da vida, junto com a música, é a linguagem, idiomas, gramática. Fiz Letras na faculdade, mestrado em linguística, trabalhei com isso toda minha vida adulta. Então quando tava escolhendo um nome pra representar esse projeto na música, a linguística foi uma fonte imediata. Pluperfect é o nome que se dá, em inglês – e palavras parecidas em outras línguas -, ao tempo verbal que a gente chama de mais-que-perfeito em português, aquele que descreve uma coisa que aconteceu antes de outra coisa já no passado. No meu primeiro trabalho de professor, eu tive que dar uma aula sobre um tema sorteado e eu tirei esse. Eu não sabia nada de gramática, mas me virei pra aprender a tempo da aula, então foi um tema que ficou marcado pra mim. Além de ser uma palavra com sonoridade legal e significado interessante; um passado antes de outro passado. A gente não tem tempos pra descrever futuros depois de outros futuros, por exemplo. Acho que casa bem com o clima nostálgico e melancólico da música.

Muito legal esta sua escolha e bom saber de sua trajetória antes da música. Falando um pouco sobre a obra agora: sua persona artística não se mistura com a pessoa Lyan Porto?

É impossível que não se misture, acho, quando você é a única pessoa tomando as decisões artísticas. Tudo que você ouve e em última instância até o que você vê foram decisões minhas – embora o visual seja o trabalho incrível da Dride e de Maren. Mas desde o começo eu bati muito na tecla da separação das duas coisas – quem trabalha comigo sabe o quanto eu insisti nisso. O Pluperfect é parte de mim, mas não é a mesma coisa que eu. Eu quero que as pessoas se identifiquem e se relacionem com o Pluperfect. Quem está por trás não importa tanto. Além disso, eu tenho outras influências, outros interesses, inclusive estéticos, que não fazem parte do projeto, e isso é de propósito. É meu projeto mais importante hoje, mas eu fico bastante animado com a perspectiva de trabalhar em outros gêneros, com outros artistas, sob outros nomes.

Ainda falando sobre seus lançamentos: Mercury foi o seu primeiro single, uma música de Rock Progressivo instrumental. Qual foi a recepção que o seu trabalho tem recebido? Particularmente acho que a música estava carente de trabalhos como o seu.

Obrigado! Felizmente, a recepção tem sido bastante boa. Quando eu tava começando, meu objetivo era que 01 pessoa que não é amigo meu ouvisse. Antes, eu soltava umas demos no meu twitter e só a galera que já me conhecia que ouvia. Agora as minhas músicas estão em playlists de gente de quem nunca ouvi falar em um monte de país onde eu nunca fui. É surreal. É muito mais do que eu esperava e é exatamente o tipo de combustível que artista independente precisa pra continuar. É um investimento enorme de tempo e dinheiro que a gente faz sem saber se vai dar resultado, se alguém vai ouvir ou gostar, então é incrível quando você vê que teve gente que se identificou e que ouve regularmente.

Após o lançamento da sua primeira música, você lançou o EP: Time/Tense. Trabalho cheio de músicas intensas, que te fazem mergulhar nos riffs de guitarra. Quais são as suas influências musicais?

Sempre que me fazem essa pergunta, alguns artistas me vêm direto à cabeça: Foo Fighters, M83, Coldplay, Dream Theater, Rush. O Pluperfect nasceu nessa mistura de coisas que eu sempre ouvi desde muito novo, e gerou essa coisa que talvez não pareça à primeira vista nenhum desses artistas. Acho que essas influências mais “gerais” na minha vida deixam uma marca mais sutil, nas melodias, nas estruturas, não tanto na estética geral. Só quando o processo de composição já tava bem avançado que eu fui descobrir outras bandas que tinham uma sonoridade muito mais parecida: If These Trees Could Talk, Explosions in the Sky, até My Bloody Valentine. Não foram influências, acho, mas quem gostar dessas coisas pode achar algo interessante no Pluperfect.

Agora que a gente já conhece este seu primeiro trabalho: o que podemos esperar para os seus próximos lançamentos. Pode nos contar um pouco sobre isso?

Também gostaria de saber! Eu tenho pensado muito sobre uma “direção” na qual levar o próximo EP. Às vezes eu quero uma coisa mais acessível, com mais vocais, às vezes eu quero redobrar na loucura e ficar mais progressivo ainda. Provavelmente vai ser uma mistura das duas coisas, mas tô tentando confiar no processo, vendo o que sai conforme eu exploro as ideias e não forçar uma coisa ou outra. Acho que vai ser uma evolução do que veio antes; não totalmente desconexo mas certamente não mais do mesmo. O que eu já tenho de material novo já tem uma cara própria.

Agora para encerrar: todas as músicas foram produzidas e interpretadas por você?

Sim, gravei e produzi tudo em casa. Guitarras, baixos, teclados e vocal fui eu que gravei, e a bateria eu compus e programei. Eu até toco um pouco, mas não tão bem. Acho que quase metade foi quando morava em São Paulo, e o resto na Bélgica, onde eu moro agora. Aprendi a produzir e mixar vendo vídeo no Youtube e fui comprando plugins e melhorando meu equipamento conforme sobrava um dinheiro, mas nada é muito profissional. O fato de soar razoável é quase um milagre. Não fiz nada em estúdio profissional, não chamei ninguém pra mixar, nada. Dá pra fazer muita coisa por conta hoje em dia.

Muito obrigado pelo papo e sucesso aí nesta sua jornada na música!

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