GIRLS ON THE FRONT é um quadro criado por redatoras para falar sobre mulheres e encorajar outras a continuarem o seu objetivo na música e, para isso, contaremos a vida e carreira de mulheres no metal brasileiro e internacional. Nesta edição, teremos o prazer de bater um papo e conhecer mais sobre a vocalista Verônica Vox, da banda Biographia54.
1-Verônica, conte pra nós com quantos anos você resolveu que seguiria a carreira artística?
Verônica: Olá Jenny, então na verdade foi o acaso que deu aquele empurrãozinho, aliás foi “vai agora garota” rsrs. Eu sempre cantei em casa, uma dona de casa, mãe de um menino e sem pretensão alguma de seguir cantando ou algo do tipo, e sempre gostei muito de karaokês, por aí… Então em um belo dia do ano de 2011 estava participando de uma festa com amigos, onde todos cantavam e lá estavam o Maestro Edson e dois rapazes de banda. Antes que eu retornasse ao meu lugar, fui chamada para conversar com eles, duas semanas após essa festa eu já estava no estúdio gravando para o Maestro, e em seguida fazendo parte da primeira Banda chamada Ato Público. Desde então nunca mais parei, graças a Deus.
2-Como surgiu seu gosto pelo Rock’n’Roll?
Verônica: O Rock em si e seus detalhes, todo um contexto de um gênero que me encantou de cara, e hoje todas as vezes que canto “Sweet Child O´Mine” volto ao tempo de menina estranha, trevosa, diferente demais, que cantava alto as músicas que os outros achavam bobas rsrs..
Menina pense em uma adolescente estranha para a época, a única que amava Gun´s, Bon Jovi, Skid Row entre outras bandas do gênero, ouvia por horas no Walkman fitas e fitas de Rock, cada vez mais encantada por vozes, timbres de guitarra, viradas de bateria, detalhes que fazem toda a diferença e que me encantam até os dias de hoje.
3-Quais são seus ídolos na música e quais as suas referências como cantora?
Verônica: São muitas e muitos, aprendo demais ouvindo outros gêneros e vozes em outros estilos, mas curto muito Bruce Dickinson entre outros cantores de Heavy Metal. Me ensinam drives, agudos, emoção; então desde peças de ópera com Maria Callas a Roxette, Amy Winehouse, Aretha Franklin, cantoras dos anos 80, Pink, entre outras vozes maravilhosas passam sempre um pouquinho de cada coisa. Nunca paramos de estudar e aprender….

4-Pode nos contar sobre a sua trajetória na música, desde o começo até a Biographia54, sua atual banda?
Verônica: Tudo começou com a Banda Ato Público ( Parada de Lucas -RJ), com meus queridos amigos Morcego (bateria), Peck Peck (voz e violão), Leandro (baixo) e Fábio Dutra (guitarra). E durante o tempo que estávamos ensaiando, fazendo shows, fui conhecendo e fazendo amigos no mundo musical. Então nesses encontros, fui convidada a fazer parte da Banda Duque 13, banda estilo Celebrare para bailes, etc., onde fiz mais amigos e fui convidada a fazer um teste na banda Vitrine Pop também estilo Celebrare, tudo na mesma época. Durante esse período entrei para a banda Rio 40 Graus, banda estilo Axé e assim fui ensaiando e cumprindo todos os compromissos de 4 bandas ativas. Com o término da Duque 13, Ato Público, Rio 40 Graus, fiz o teste na Biographia54 que em 2013 chamava-se Biographia 80. Conciliava ensaios e shows entre a Biographia 80 e a Vitrine Pop. Com o término da Vitrine Pop, fiz parte da Banda Dark Mirror com meu querido amigo Vitor Cuevas, com uma galera massa muito amiga até hoje. Durante esse período e cada vez mais com muitos amigos ligados à música, um deles enviou um link para fazer um teste na banda Melyra, passei e no mesmo período que gravava o EP com a Biographia54 (antes chamava-se Biographia 80) e gravei um CD com a Melyra (saí em 2019). Hoje sou estudante de música na UFRJ, estou me aventurando na locução e apresentação de 2 programas na Web Rádio, faço voz e violão com meu querido amigo Carlão e continuo tendo a honra de fazer parte da família Biographia54, banda que hoje está voltada para o trabalho autoral, lançando singles e fazendo releituras de algumas canções. Compondo, aprendendo sempre com todos os que passaram e estão na minha vida, eterna gratidão à todos vocês.#gratidaoeluzatodos
5-Como mulher, como você vê a presença feminina na cena underground, seja como musicista ou mesmo em outras atividades?
Verônica: Sim, vejo cada vez mais mulheres ativas no cenário underground apresentando músicas de qualidade, organizando festivais, divulgando e fazendo trabalhos ligados à cena underground, fortalecendo cada vez mais com a presença feminina em eventos e ganhando o respeito necessário para alcançar e inspirar mais mulheres. Acho que esse cenário só tem a ganhar com a união de todos, independente do gênero, o momento que estamos passando necessita de algo mais, de uma forma que desperte aquele fã, aquele
ouvinte que está conhecendo aquele trabalho. Fico feliz ao ver meninas determinadas a aprenderem e a desenvolverem trabalhos e projetos ligados à música.
6-Já sofreu algum problema ou mesmo preconceito por ser uma mulher no Rock?
Verônica: Nossa, muitos.. Preconceitos, piadas e a falta de respeito de alguns moleques que no final, só me mostraram quem eram de fato. Mas enfim, não valem o “Ibope”, o que valeu e muito foi o meu silêncio, e a execução de um bom trabalho. E o clássico f@da-$e no olhar rsrs (já fui esquentada hahahaha) minhas respostas sempre foram com estudo, ser disciplinada no que foi proposto, compromisso e palavra. Sempre soube entrar e sair onde havia respeito, e quando o não era dado, alguns iam por caminhos que o meu silêncio era a resposta. Triste mesmo de ver era o mesmo preconceito vindo de outra mulher, querendo desqualificar e não fazendo o melhor. O que nesse ponto vejo nos homens, a união em determinadas ações, projetos etc. Então, hoje em dia procuro fazer o meu melhor evoluindo sempre.

7-Como você consegue lidar com questões de assédio ou com situações que tentam te minimizar por ser mulher?
Verônica: Sim, com a minha postura a determinadas situações que possam ocorrer, seja no dia a dia, seja em shows, nas redes sociais, que hoje em dia posso dizer que é bem forte. Então respiro fundo, e peço discernimento a Deus para cada ação ou respostas, que sejam necessárias para cada situação.
Sendo eu mesma, sem mimimi.
8-Como é o clima na Biographia54, em relação a funções, ensaios, preparação para shows ou gravações?
Verônica: Adoro demais a Biographia54…#coraçõeseemojisdealegria Uma banda maravilhosa, onde todo o trabalho é levado à sério, onde os ensaios são organizados para que todos possam participar, temos momentos de risos, descontração, momentos de tensão como toda a banda tem e principalmente o dever de entregar o de melhor ao público. Quando estamos em processo de ensaios e shows, ensaiamos até bem tarde para deixar tudo “ok”. E no processo de criação em estúdio, cada um produz e tudo é organizado pelo Alex Maldni (guitarra e voz), que fica responsável por cada detalhe, em todo o processo de produção musical. De uma maneira geral, todos contribuem seja com a divulgação nas plataformas digitais, nas ideias para as músicas, detalhes de bateria, baixo, guitarra e voz, em todo o processo de produção para CD, na ordem das músicas a serem tocadas; em novidades para o show, ensaios etc. Durante esse período de pandemia, estamos compondo músicas novas, para se Deus quiser em breve voltarmos a ativa.
9-Como você tem feito pra driblar os efeitos da pandemia na sua carreira artística?
Verônica: Durante esse período difícil, muito difícil, meu Deus… onde toda uma classe artística foi obrigada a parar. Eu comecei a trabalhar com voz e violão, fazendo festas particulares quando dava, gravações de voz para chamadas de comércios locais; e aos poucos tudo está caminhando, com a volta do funcionamento de algumas casas com música ao vivo.
10-Quais os futuros planos da banda para quando a pandemia passar?
Verônica: Se Deus quiser, quando tudo isso passar, pretendemos retornar aos ensaios, em particular pra mim ficou mais complicado devido estar morando na Região dos Lagos, hoje em dia. Mas, se Deus permitir pretendo ir aos ensaios, shows e continuar produzindo na Biographia54. Creio que todos nós estamos passando por uma fase em nossas vidas, e que no final tudo vai dar certo. Acho que a maioria das bandas, nesse momento complicado de pandemia, estão produzindo material de qualidade, com muitas novidades e boas músicas a caminho.

11-Que conselhos você daria para as meninas mais novas, que estão pensando em abraçar a carreira artística dentro do rock e metal?
Verônica: Que elas estudem, trabalhem, sejam mulheres independentes e dispostas a darem o seu melhor musicalmente. Mostrem com excelência o tocar almas com sua música, que os gêneros Rock e Metal não tem cor ou sexo. E principalmente, que sejam inspirações para outras gerações.
12-Nós, da Roadie-Metal agradecemos a você por sua contribuição ao nosso quadro “Girls on The Front”, um quadro feito por mulheres sobre mulheres. Fique à vontade para dizer umas palavras finais.
Verônica: Agradeço ao meu Deus por permitir tudo na minha vida. Gostaria de deixar os meus sinceros e carinhosos agradecimentos à maravilhosa Jenny. Muito obrigada por essa entrevista show, a qual recordei momentos únicos pelos caminhos musicais que passei e passo hoje. Agradeço a todos os amigos, irmãos que tenho hoje através da música, pelo apoio de todos no meu aprendizado, essa galera boa demais e talentosa na parte musical, o meu profundo respeito e admiração. Meus amigos de banda Biographia54 obrigada por tudo, vocês são especiais com todo o carinho e paciência com uma pessoa que esquece letras, confunde músicas rsrs tenho orgulho de vocês, sou grata à vocês. Aos meus queridos amigos e amigas (Cissa Catedral é minha irmã do coração) da Rádio Catedral do Rock que sempre nos incentivam e dão voz ao nosso trabalho, eu tenho um carinho imenso por todos vocês. Agradeço a todos vocês que nos ajudam e apoiam nessa caminhada, muito obrigada por tudo.

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