GIRLS ON THE FRONT é um quadro criado por 4 redatoras para falar sobre mulheres e para encorajar outras a continuarem o seu objetivo na música e, para isso, contaremos avida e carreira de mulheres no metal brasileiro e internacional. Nessa edição, conversamos com a vocalista Aline Happ, da banda de Metal Sinfônico Lyria.
A banda, que foi formada por ela e é liderada por ela, mistura diversos estilos dentro do Metal, mas traz um diferencial, que está em sua temática lírica, que gira em torno de superação de obstáculos, cura, aconselhamento para enfrentar os problemas da vida e abordam temas como autismo, depressão e ansiedade. Aline começou a estudar música ainda muito nova, desde criança. O nome da banda foi criado por ela e tem base na mitologia grega, uma junção dos termos lira (um instrumento musical), a palavra “lyric” (referindo-se às letras das músicas, em inglês) e na flor do lírio, que surgiu pra ela quando estava na faculdade e ter uma banda era ainda um sonho. Ao formar a banda, o nome foi incorporado de imediato.
Aline Happ concedeu uma entrevista exclusiva para a Roadie Metal para nos contar um pouquinho sobre a sua história. Confira:
Como você começou na música?
Aline Happ: Desde pequena sempre gostei de cantar. Eu assistia à Baleia Cantora, uma baleia que cantava Ópera, e também as princesas da Disney. Tive algumas bandas covers na adolescência, quando comecei a fazer aulas de canto, mas foi com a criação do Lyria que entrei na música de forma profissional.
Quais as suas influências como musicista e como cantora?
Aline Happ: Eu diria que Evanescence foi minha primeira influência com uma mulher no vocal, pois era uma banda bastante diferente do que eu estava acostumada a ouvir. A primeira vez que vi um clipe deles eu pensei “Caramba, um dia eu vou ter uma banda assim”. Logo depois fui descobrindo outras bandas com estilos “parecidos” como Nightwish, Lacuna Coil, Within Temptation, After Forever, etc. Posso dizer que todas são minhas influências, assim como Linkin Park, Disturbed, Metallica, etc.
Como surgiu a sua paixão pelo Metal?
Aline Happ: Meus pais sempre gostaram de rock então eu sempre fui acostumada a esse tipo de música. Meu contato com algo mais pesado e diferente foi com o Linkin Park, aos 11/12 anos, daí comecei a descobrir várias bandas de metal junto com meus pais.
O que você destacaria sobre o seu trabalho?
Aline Happ: Faço as coisas com o coração, quero ajudar as pessoas através da música. Escrevo normalmente sobre situações que me marcaram de alguma forma e procuro transmitir mensagens positivas. Acredito que nossa música vai além do entretenimento e pode mostrar que é possível superar momentos ruins e crescer.
Que tipo de barreiras e desafios você costuma encontrar e enfrentar?
Aline Happ: Acho que a maior dificuldade é fazer sua música chegar até as pessoas. A maioria gosta de consumir o que está sempre na mídia ou ouvir aquilo que já conhece. Então, fazer com que queiram conhecer seu novo trabalho pode ser bem difícil, principalmente no Brasil. Conforme você começa a aumentar sua base de fãs, as coisas tendem a melhorar, mas expandir seus ouvintes é um desafio constante. Além disso, sendo uma banda independente, eu sou responsável por diversas funções, e conseguir gerir isso tudo é um grande desafio.
Fale-nos um pouquinho sobre a sua prática no canto.
Aline Happ: Comecei a fazer aulas de canto aos 13 anos, fiz canto popular e lírico e hoje em dia misturo as duas técnicas.
Como você vê o mercado em relação ao Heavy Metal e os desafios do underground?
Aline Happ: O Heavy Metal não é um estilo tão midiático e com tanto investimento quanto outros estilos mais populares, mas mesmo assim possui um enorme mercado e um público fiel. Infelizmente, ainda é comum encontrar pessoas que associam metal a barulho, tanto que muitas vezes nos perguntam “Nossa, isso é metal? Então eu gosto de metal?!”. Outros desafios estão ligados a certos preconceitos entre os diversos estilos existentes dentro do Heavy Metal, a escassez de casas/locais mais voltados para este tipo de som, e a disposição do público em ouvir novas bandas.
Há espaço para melhoras?
Aline Happ: Com certeza! Temos que continuar trabalhando, fazer um trabalho bem feito e tentar fazer com que cada vez mais pessoas conheçam o estilo.
Que conselhos você daria para as meninas que estão desejando ingressar nessa carreira, seja como vocalista, compositora ou instrumentista?
Aline Happ: Faça as coisas com amor, trabalhe duro e pense bem em como investir seu tempo e dinheiro. Busque inspirações, mas defina sua personalidade. E se você quiser algo realmente profissional, é muito importante tentar entender como as coisas funcionam, para que você possa gerir sua carreira da melhor forma.
Como você vê a invasão da mulher no mundo do Metal?
Aline Happ: Algo natural, porém ainda um pouco tímido. Mas temos um crescimento não só de público, como também de mulheres trabalhando nesse meio, tanto como musicistas, quanto produtoras, fotógrafas, etc.
Se você pudesse, o que diria hoje para você mesma quando começou a sua carreira?
Aline Happ: Diria para seguir trabalhando, não se estressar tanto e comemorar cada conquista, pois todo o esforço vai se transformar em resultado.
Você tem uma relação muito estreita com seus fãs, tanto daqui do Brasil, quanto no exterior. Como tem construído isso?
Aline Happ: Eu sempre gostei desse contato. Acho importante para fortalecermos nossos laços, e com a internet isto se torna muito mais acessível. Recebemos muitas mensagens de carinho, e também falando sobre como nossa música tem ajudado muita gente. Acredito que os fãs são o que fazem o Lyria existir. E no nosso caso, isso ainda é mais evidente, pois somos independentes e contamos com a colaboração deles desde o início da banda.
Os vídeos da sua banda, Lyria, tem tido bastante engajamento. Qual o segredo desse sucesso?
Aline Happ: Difícil dizer, não sei se tem algum segredo (risos). Fazemos música com o coração e nossos vídeos tentam complementar nossa mensagem. É importante fazer um bom trabalho e saber divulgá-lo para o seu público.
A pandemia mundial acabou por obrigar a todos a refazerem seus planos. Como o Lyria tem lidado com isso?
Aline Happ: Nós não paramos de trabalhar, mas infelizmente não pudemos seguir os planos e principalmente fazer shows. Apesar de realizarmos shows online desde 2015, decidimos que nos reunir durante a pandemia não era a melhor opção. Temos feito as Lockdown Sessions, que são vídeos tocando de casa, lançamos dois clipes que já haviam sido gravados (“Last Forever” e “Run to You”), postamos notícias sobre a banda, fazemos lives, etc.
Você atualmente tem um canal de sucesso no YouTube. Pode nos contar sobre isso, sobre como surgiu a ideia e sobre a grande receptividade do seu canal?
Aline Happ: Obrigada. Eu já tinha essa vontade de criar um canal para gravar sobre coisas que gosto, como comida, bem-estar, e também fazer versões de músicas em diferentes estilos. Durante a pandemia, decidi que era hora de dar vida a esta ideia e conto com o apoio de fãs no Patreon e no Padrim. A receptividade tem sido muito boa, espero continuar crescendo com este canal também.
Quais os futuros planos para o Lyria? Já existe a possibilidade do sucessor do “Immersion”?
Aline Happ: Eu sempre digo que nosso plano é dominar o mundo, como diria o “Pinky e o Cérebro” (risos). Esperamos continuar levando nossa música a um número ainda maior de pessoas e que ela possa trazer algo de positivo na vida delas. Assim que possível, pretendemos voltar com nossos shows e turnê. Com certeza teremos um novo álbum, mas ainda não temos uma previsão de data.
Para finalizarmos, o que você gostaria de dizer aos leitores da Roadie Metal?
Aline Happ: Primeiramente, obrigada pela entrevista! Espero que vocês tenham curtido! Gostaria de mandar um abraço especial a toda nossa Lyria Army. E para quem ainda não conhece nosso trabalho, estamos no Facebook, Instagram, YouTube, plataformas de streaming, etc. 😊