GIRLS ON THE FRONT é um quadro criado por 4 redatoras para falar sobre mulheres e para encorajar outras a continuar o seu objetivo na música e, para isso, contaremos a vida e carreira de mulheres no metal brasileiro e internacional. Hoje vamos falar com a Nayara, criadora do Instagram Headbangueira (@headbangueira), que divulga as garotas do underground brasileiro.
Com quase 2 mil seguidores na rede social, o Headbangueira é um importante veículo de divulgação e apoio da presença feminina no underground. Ela também apoia a causa LGBT denro do rock/metal.
Confira a nossa entrevista com ela!
1 – Inicialmente me confirme o seu nome, sobrenome, idade e sua profissão?
Me chamo Nayara Naiy, tenho 31 (faço 32 no fim de outubro, já aceito presentes kkk) atualmente estou desempregada por conta da pandemia.
2 – Gostaria de saber mais de sua trajetória. Conte como como despertou a paixão pelo rock e heavy metal?
Aquela velha historia do irmão mais velho, que chega em casa com um violão tocando Nothing Else Matters do Metallica. Na época eles tinham lançado o álbum com orquestra em 99, e ouvir aquilo fez um plot twister na minha cabeça e eu tinha 11 anos. Depois disso passei a consumir mais ainda a MTV, e buscar bandas do mesmo gênero. Sempre fui apaixonda por musica, até por quê na minha casa se respirava música, (meu pai tocava em roda de samba) daí fui me deixando levar por varias vertentes dentro do metal, principalmente pelo New metal. Anos depois la pra 2012, comecei a colar na cena underground de BH (minha cidade) ai minha paixão da vez foi o Death e Thrash Metal. Comecei a consumir mais sons independentes, bandas como Granfallon (que não existe mais) Cold 45, Vellorium, Hellcome, Aka funeral, Ogum, Factor Kill entre varias outras. Nesse meio tempo comecei a criar evento, também fazia cobertura de eventos underground sempre envolvida e apoiando a cena de BH.

3 – Quais suas influências? Alguma figura, masculina ou feminina, em especial que inspira você no metal?
Angela Glossow. Ver aquela mulher cantando da forma que ela cantava. Com aquela postura a frente do Arch Enemy, pra mim foi inspirador!
4 – Como surgiu a ideia de fazer o Instagram Headbangueira?
Ja estive envolvida em outro projetos de midia, onde eu trazia banda com mulheres na formação. Mas eram apenas bandas gringas. No começo do ano conheci a banda de punk rock feminista Charlotte matou um cara, e percebi que eu consumia poucas bandas Brasileiras com mulheres. Dei aquele google e descobri o União das Mulheres do Underground. Ai minha ficha caiu, pra tudo o que eu estava perdendo.
Como o outro projeto não foi pra frente. Resolvi criar a Headbangueira, inspirada no trabalho incrível da Nata de Lima da Manger cadavre? Mas além das banda também trago manas que são envolvidas com a cena em outros nichos. Manas que tabalham com coletivos, zines , criadoras de conteúdo, manas que trabalham no backstage, enfim quero mostrar o trabalho de todas as apaixonda por esse estilo vida assim como eu. Hoje alem de mim tem também a Franciele, que me ajuda na criação de conteúdo.
5 – Fale mais sobre este grande trabalho de representatividade na cena metal? Como é poder ser uma voz representando uma ainda minoria no estilo?
É maravilhoso pra mim estar envolvida com tantas mulheres incríveis e de resistência, como a Helena no metal, que traz um conteúdo INCRIVEL, sobre rock, metal, negritude e cultura pop em geral. O perfil e o trabalho dela é inspirador pra mim. Principalmente no quesito negritude. Então é super importantes trabalhos como o da Headbangueira e a Helena no metal pra dar voz essas minorias. Ser inspiração e apoio para as manas e principalmente as mana negras só me traz alegria.
6 – Qual sua visão sobre a atual cena de heavy metal em no Brasil?
Mesmo com a pandemia, vejo um crescente na cena. A paixão por esse rolê é tanto que a galera não para. É claro que existem ponto a serem trabalhados, como o racismo, o sexismo, o machismo, a Homofobia. Mas pra quem fala que o Heavy metal morreu. Tá colado no rolê errado.
7 – Como você vê em especial a participação feminina no metal brasileiro?
Como estou muito inserida nesse movimento, além de um crescente, vejo também um união talvez nunca vista em anos entre as mulheres do meio metal. E também tenho visto o quanto nos tornamos independentes pra criar e produzir. Acredito também que a internet tem sido uma das ferramentas primordiais pra essa liberdade. Estamos tendo mais coragem, e isso faz toda diferença em um gênero predominante masculino e machista.
8 – Você já enfrentou algum preconceito por ser mulher e estar no metal? Como é enfrentar isso? O que motiva você a continuar?
Já sofri preconceito de outras mulheres acredita? Na época eu até me afastei de cena. Mas depois entendi que tudo o que era reflexo do que o metal sempre foi. Aquele velho rolê, você não é digna da cena, você é poser ou você é groupie. Tudo isso por quê como disse, gosto de musica, então sempre colei em outro rolês, tipo rap, samba e ate rolê de New Metal, que até hoje é muito criticado, mas é a vertente mais inclusiva no meio metal. Mas hoje a manas tem tido a mente mais aberta, tem rolado mais sororidade.
9 – O que poderia ajudar o underground a ter mais destaque?
Acho que o underground já se destaca por quantidade, variedade e qualidade. Talvez o que falta seja um coisa tida como antiga mas, que aqueles do mainstream sempre estão presentes, que é no radio e tv aberta. Hoje com a internet, por melhor que seja, acontecem muita coisa ao mesmo tempo, e geralmente a galera só consome aquilo que filtra. Então acaba se perdendo no meio de tanta informação. Sou consumidora de radio FM ate hoje, e sinto muito falta (pelo menos aqui em BH) de banda independentes nesse meio de comunicação.
10-. O que você acha desse movimento de destaque das mulheres no metal? Não apenas em bandas mas outros setores, como imprensa, produção de eventos, assessoria de bandas, etc?
Nossa! Tudo isso é importantíssimo pra nossa representatividade. Exemplo, esse quadro GTTF, e a própria Roadie Metal cheio de redatoras e repórteres mulheres (Dani Bjs 💜) envolvidas e falando de metal. É muito importante que as meninas que estão entrando na cena agora, se vejam, se inspirem e se insiram cada vez mais em nichos para além de se ter uma banda.
11- Qual conselho você dá para as meninas que estão na batalha ou sonham em seguir carreira no metal, seja cantando ou tocando, ou em outras áreas como a mídia?
Vocês são capazes de tudo! Não precisamos dos melhores equipamentos (depois se você quizer juntar uma grana pra comprar algo melhor) pra começar. Não precisam ter roupas de marca para nos destacarmos e principalmente se você for mina preta, você é linda, pode falar sobre metal, pode cantar gultural ou lírico, pode bater cabeça com esse black maravilhoso! Não existe ninguém nesta galáxia que possa tirar isso de vocês. Sejam vocês mesmas, se vistam como quiser, exijam respeito, não aceitem o machismo ou racismo no rolê que você forem cola. Se unam e sempre, lutem contra o patriarcado!
12- Pode deixar um recado para os nossos leitores e também para todos os que te apoiaram e seguem o seu trabalho.
Primeiramente quero agradece a Jessica por ter me convidado pra essa entrevista. A manas da Roadie Metal arrasam! Dani, Aline beijos suas linda!
E agradecer todxs as bandas, os perfies, as manas que me ajudam a fazer a Headbangueira que só existe por esse coletivo chamado metal feminino. E para os leitores da Roadie Metal, principalmente os homem que acham que a mulherada não é presente, não faz o underground cola na Headbangueira que você muda de opinião.