GIRLS ON THE FRONT é um quadro criado por 4 redatoras para falar sobre mulheres e para encorajar outras a continuarem o seu objetivo na música e, para isso, contaremos a vida e carreira de mulheres no metal brasileiro e internacional.
Em uma entrevista para a Roadie Metal, a baixista do Nervosa, e ex-Abbath Mia Wallace, falou sobre detalhes da sua carreira, da saída das antigas bandas, e expectativas com o Nervosa.
Quando você começou a tocar?
Mia: Comecei a tocar baixo em 1994, meu namorado naquela época me ensinou como tocar este instrumento incrível.
O que te motivou a entrar para a música?
Mia: Eu cresci com música, na minha casa quando eu era pequena, sempre havia música em todos os lugares. Então, eu conhecia o M. em 1994 e ele estava tocando baixo com sua banda “Emortualis” e eu estava olhando para esses caras e pensando que eu gostaria de aprender a tocar um instrumento e ter uma banda também!
Quais são suas influências?
Mia: Depende muito. Com o black metal tiveram muitas, Immortal, Mayhem, Emperor … todas as principais bandas que fizeram sucesso nos anos 90 influenciaram a maioria dos headbangers que gostavam de altas frequências e bateria com uma super velocidade como é o black metal. Vozes escabrosas e pinturas faciais eram os melhores vícios na época.
Mas honestamente, não posso dizer que o black metal influenciou meu estilo de tocar, com a Kirlian Camera, por exemplo, tive influência de Wave, música pop do final dos anos 80-90, e com Niryth, meu próprio projeto, minhas influências variam de Tipe O Negative a Pink Floyd.
Entre tantos instrumentos, por que o baixo te atraiu mais?
Mia: Quando comecei, naquele momento aquele instrumento estava me atraindo mais do que guitarra, aquelas cordas enormes me fascinavam mesmo. E também o som em si é maravilhoso.
Quais dificuldades você teve no mundo da música?
Mia: Tive muitas dificuldades. A maioria deles está relacionada ao fato de que eu toquei principalmente no ambiente de black metal, onde os músicos são predominantemente do sexo masculino. Claro que nem sempre é fácil aceitar uma mulher que está dando o que falar no palco e está tendo sucesso com as pessoas. Às vezes o ciúme prevalece e então você tem que aceitar as consequências. Foi o que aconteceu comigo recentemente.
Outro problema está estritamente relacionado ao funcionamento da humanidade em geral, quando uma mulher está cercada por homens, às vezes acontece que alguém quer de você mais do que música ou relacionamento profissional, e então você tem duas opções: dizer sim ou não. Bem…eu disse que não. E então eu paguei pelas consequências novamente. Mas é claro, eu não sou esse tipo de mulher que tem medo de falar, então eu realmente já tive o suficiente desse tipo de pessoas que gostam de abusar de seu “poder” para controlar a vida ou carreira de outras pessoas para satisfazer seu grande ego, eu já tive muitas dessas chantagens e ódio. Claro que esse tipo de coisa acontece em todos os lugares, mas ser mulher dificulta tudo em muitos níveis.
Eu li alguns comentários dizendo “ela deve ser uma puta porque ela foi expulsa de duas bandas em poucos meses ”, bem…deixe-me dizer para essas pessoas que elas não têm ideia do que realmente aconteceu, o inferno que eu passei durante estes últimos três anos e como o dinâmica de vingança de pessoas poderosas que têm o controle nas mãos.
Ser forte significa ser capaz de dizer NÃO, mesmo ás pessoas mais poderosas, ser capaz de suportar as consequências.
Mas agora estou livre. E estou trabalhando com as melhores pessoas de todos os tempos.
Quais são as suas expectativas como nova integrante da Nervosa?
Mia: Relacionadas ao que acabei de escrever, minhas expectativas estão estritamente relacionadas a amizade e lealdade. Tenho 100% de certeza de que terei os melhores momentos com Prika, Diva e Eleni.
Que conselho ou mensagem você daria para mulheres que sonham em seguir o caminho da música?
Mia: Meu conselho, com base na minha experiência, é evitar todo tipo de abuso e controle das pessoas com quem trabalha. Seja sempre você mesmo, sem medo de expressar suas opiniões!
