Girls On The Front – Marillia Costello (Dark Grimorium). “Tem muita mina que é desconhecida na cena e muita gente não está ciente do rolê. Que cresça muito mais”

GIRLS ON THE FRONT é um quadro criado por redatoras para falar sobre mulheres e encorajar outras a continuarem o seu objetivo na música e, para isso, contaremos a vida e carreira de mulheres no metal brasileiro e internacional. Nesta edição, batemos um papo Marília Constello, vocalista da banda Dark Grimorium, de Recife (PE).

Roadie Metal- Gostaria de saber mais de sua trajetória. Conte como você começou na música? E como despertou a paixão pelo rock e heavy metal?

Marillia Costello – O interesse musical existiu e esteve sempre presente desde os meus primeiros dias de nascimento. Como comecei na música, não tem data específica.. Vim ao mundo altamente despertada pelo interesse pela música. Agora , de meter a cara e começar a subir nos palcos em meados de 2009.

Acredito que no mesmo momento que ocorreu interesse musical . Aconteceu na mesma proporção o interesse pelo rock . Agradecendo imensamente pelos LP de minha vó (Queen pra ser mais exata) claro que a grande maioria do acervo de minha vó era sinfonias, árias, música Clássica/ópera pra ser mais exata. Com o tempo, foi tornando mais evidente a curiosidade, e claro interesse.. Ai, só foi ladeira abaixo kkkkkk.

RM – Como você descobriu a sua vocação para o canto? Como foi esse processo de conhecimento?

MC – É engraçado fazer essa colocação de ” descobrir a sua vocação”.. Nem sempre é aplicada em certas pessoas.. Eu, como por exemplo, não tive vocação e nem descobrimento necessariamente( no sentido no pé da letra). Simplesmente nasci com isso.. Vamos supor que seja como o aprendizado/crescimento/hábito de andar, falar ou até mesmo comer. É coisa q definitivamente, Vem Da Alma!

Sempre tive isso em mente desde muito pequena. Portanto nunca foi surpresa perante a família. Agora claro que já um processo de querer, de seguiR definitivamente. Ter conhecimento e consequentemente, QUERER!” Principalmente, falo e cito das primeiras cantorias que foi o Limpo, o Lirico.

E com tempo cheguei no Gutural, hoje no qual muitos tem a ciência. Em relação mais específica, o gutural sim, Foi despertado e “descoberto” essa vocação para o vocal extremo. Processo de conhecimento foi além do querer.. E sim de saber que sou boa e Portanto, aprimorando, estudando, treinando. E claro, e o mais importante; Respeitando perante todos os estudos e práticas.

RM – Quais suas influências? Alguma figura, masculina ou feminina, em especial que fez você pensar “É isso que eu quero, ser cantora”?

MC – Falar em uma ou alguma figura específica é bem complicado, Quando se há várias/ inúmeras figuras.
A lista é bem grande e bem diversificada.. o estilo varia bastante. Mas claro que, sendo a grande maioria da admiração obviamente por mulheres, sejam elas divas, sopranos , os lady berrantes. E a colocação do tipo ” é isso que eu quero, ser cantora” é até um pouco engraçada.. claro que há musas na qual incentivaram, deram coragem e certo tesão. Mais eu , nasci com essa vontade. Meio que de certa forma, de berço😂.. sempre houve/existiu esse desejo, esse sonho, essa motivação e querer. Eu mesma, com meus primeiros anos de vida ficava grudadinha dos discos e vitrola de minha vó, eu ficava ouvindo e querendo fazer o mesmo.. foi bem pessoal.. foi de mim.. e isso só foi crescendo.

RM – Seu estilo varia entre o erudito e o gutural de forma intensa. Como você faz essa mistura em seus trabalhos?

MC -Eu poderia dizer que Cada coisa no seu quadrado. Eu tento não misturar E tento sempre respeitar. Não sou a melhor do mundo.. mais eu posso muito bem aprimorar ser a melhor possível. O estilo vocal, irei denominar como “Capacidade vocal”. Vou a campos diferentes de estilo. Não, não faço essa mistura. ( Não por enquanto, 😂). Quem quem sabe no futuro eu possa brincar. Mas, no momento cada coisa na sua casinha..

RM- Com a pandemia, você sentiu dificuldades em divulgar o seu trabalho? Se sim, como conseguiu driblar esse problema ?

MC – Totalmente , Grandiosamente e Completamente! Não só a mim, mas como também meus irmãos, irmãs e companheiros de trabalho e estrada. Sem palavreados, mas a pandemia complicou tudo e muito, a minha área. Não só como artista, mas como cantora, produtora e outros trabalhos do meio. Querendo ou não, a minha área sempre foi o público.. os shows.. os eventos.

Sim, era o meu ganha pão. E sei que é de muitos Também! E te confesso que é bem árduo driblar isso perante um “Desgoverno”. Eu juro que não vou tentar ser específica, mais todos sabem, estão cientes sobre a culpa e a decadência e a falta de respeito. Sinceramente é muito ridículo ter que dizer e ensinar para aqueles seres quadrados e cavernosos de conhecimento e informação.

E ainda tem gente que se denomina “ARTISTA” mais se esconde e evita falar de política.. se você faz isso.. VOCÊ NAO É ARTISTA, sinto muito. Muitos estão ciente de minha posição política, e muitos outros agora estarão cientes daqui pra frente. Enfim, te confesso de forma dolorida que driblar isso parece até impossível mas carece tanto de paciência, revolta e socorro que nos estressa e esgota de forma ridícula sabendo-se que muito bem poderia ser diferente.

Com esse desgoverno e líder genocida, fascista, a esperança que de “dias melhores virão” nos alimenta Portanto é paciência. E o que estiver acontecendo, os corres é surpresa. Portanto ficarão por trás das cortinas. Assim como todo espetáculo!

RM – Qual sua visão sobre a atual cena de heavy metal em no Brasil? Como você vê em especial a participação feminina no metal brasileiro?

MC – A cena em si, Não só a do extremo, mas sim, do metal de forma geral, ela é grandiosa, é imensa e infelizmente muitos não tem conhecimento. Bandas novas surgem e portanto a cena só cresce dia após dia.
E claro, como não reparar esse crescimento de Frontwoman por aí.. sinceramente só nega quem realmente não se interessa.

Eu mesma venho descobrindo e tomando conhecimento de tantas bandas. E isso deve-se graças a essa era digital. Antigamente só tínhamos conhecimento pelas zines. Pelas revistas e fitas( era de ouro viu molecada) e nesse momento de Pandemia busquei assistir “Lives” com cast de bandas desconhecidas.
Tá bom, confesso, sinceramente é massa aqueles com cast de bandas já conhecidas pela massa. Mas o desconhecido me agrada, me deixa curiosa, me incentiva a conhecer.

Essas “Lives”, de certa forma, foram bem benéficas e interessantes e claro.. o que mais despertou minha atenção foram aquelas bandas com Frontwoman ou/e musicistas. Confesso que isso me traz uma sensação de satisfação muito legal. Tenho orgulho e alegria de poder presenciar isso e ainda reclamo, que é pouco! Porque eu sei que tem muito mais por ai. E claro, por ser uma Cantora/ Frontwoman, isso de fato é especial para mim. Não apenas pelo sentido compreensivo mais sim de sentir na pele o que é ser mulher. O que é lutar por espaço e o que é representar de forma musical e estar a frente de um corpo harmônico que é a banda.

RM – Conte um pouco mais sobre o seu trabalho, como você trabalha a temática das letras e sonoridades em suas canções

MC – Nem sempre tem temas específicos,. Muitas faixas vem por acaso E eu não busco encaixe, tema ou significância. A grande maioria, vamos supor 80% é de momento. Simplesmente vem. E claro, depende de qual trabalho.. há um foco em relação a sonoridade e encaixe de letras. Isso é o que posso dizer no sentindo criativo atual. E em relação a os 20% restante. Vem através de foco. De uma inspiração. De uma ideia, de um conceito.

RM – O que poderia ajudar o underground a ter mais destaque no Brasil?

MC – Primeiramente reconhecimento e menos egoísmo. Sei que ocorre muito uma batalha de quem é melhor. De quem é o mais “Foda”. Sinceramente não vou mentir da existência dessa briga e batalha de egos, a galera que nunca saiu do colegial. É ridículo.. enoja. Cada periferia, cada quebrada , cada bairro/estado tem um movimento, uma cena underground sem ajuda de ninguém, é tudo um corre árduo. E notoriamente. O egoísmo, a ignorância. A imaturidade e a falta de sensatez é o que mata a cena, o underground em si..

As coisas já não são fáceis e a turma fica brincando de quem tem a melhor figurinha. De quem é o mais foda. De quem tem mais recursos e nariz empinado. É muito chato ter que citar o que de fato acontece. Não posso de jeito nenhum negar a realidade E o que ela causa/trata de forma negativa. Gente , melhorem. Cultura de cancelamento não te leva a nada. Nem boicotagem, nem queimação e nem pilantragem. Só faz alimentar ego e falta de caráter e sinceramente repito, não te leva a nada. Não adianta você queima , boicotar por ciúme, por inveja ou por ego.

Atitudes que indicam ausência de caráter e puta falta de maturidade e profissionalismo. Como podes querer ser levado a sério tendo esse tipo de comportamento? Sucesso, reconhecimento e notoriedade requer algo muito mais além de personalidade.. olhe no espelho se possível. Sei que há muita hipocrisia e passada de pano. Melhorem, o underground só não cresce por tais atitudes.. precisam melhorar muito não apenas como seres humanos. Mais como músico. Lute pela indiferença. Lute pelo preconceito. Lute por melhorias.
Não lute por ódio, inveja ou difamação/injúria. Isso não acresentam em nada! Ajude, compartilhe , dê feedback , apoie. Divulgue, ajude. ouça, dê valor. A união e compreensão faz a diferença. Faz e ocorre melhorias. Custa nada…

RM- O que você acha desse movimento de destaque das mulheres no metal?

MC – Eu acho foda,. E acho pouco! Querendo ou não é infeliz dizer que é bem escasso. Tem muita mina por aí que é desconhecida e muita gente não está ciente do rolê e o corre de cada uma. Altamente apoiado e fortalecido. Que cresça muito mais. Que haja muito mais união e incentivo💜 Tenho tanta coisa pra colocar em pauta, pra debater e fortalecer.. o mundo é grande e céu o limite.

RM – E quais os seus planos a partir de agora? Já tem novidades ou projetos com a banda ou solo, após a pandemia acabar? Fique a vontade para contar as novidades hehe

MC – Como todo espetáculo.. é necessário que os atos fiquem por trás das cortinas.. estraga a surpresa 😂
Planos são feitos, claro, mas só saberão após as realizações, (podem me chamar de má😂)💜. Novidades estão sendo ” arquitetadas”. Tem segredinhos….Se contar perde até a graça. ( 😅)

RM – Qual conselho você dá para as meninas que estão na batalha ou sonham em seguir carreira no metal, seja cantando ou tocando?

MC – BOTA A CARA NO SOL GATA 😂. Você nunca saberá se tentar. E se achar que não é boa o suficiente. Acredite que tudo é questão de querer e evolução,sempre que possível lembre-se dessa frase que de certa forma é cômica. Porém é fato. “Todo pokémon evoluí”. Tudo é questão de treino. De prática e claro, conhecimento. E se conhecer! Sejam aquelas musicistas. ( Estude! Treine! Pratique! ) Sejam aquelas cantoras
Estudem, se conheçam. Conheçam a voz que vocês tem. Treinem, se respeitem principalmente se desejas canto extremo, tenha cuidado que a sua voz também é instrumento , instrumento de cordas quando se estraga, trocamos. A nossa corda vocal não.. é só ela..e apenas ela. Portanto mais cuidado ainda!

12 – Pode deixar um recado para os nossos leitores e também para todos os que te apoiaram e seguem os seus trabalhos.

MC – Não deixe ser abatido pela ignorância e negacionismo. Não deixe o medo de fracasso lhe derrubar. acredito sim, que dias melhores irão de chegar, até lá.. haja paciência e claro. Se cuidem. Qualquer atitude hoje em dia ,ocorrem consequências sejam benéficas ou não. E claro, defendam a arte.. defendam a categoria .
Música é arte. Defenda isso, a liberdade . Não defenda o conservadorismo pois ele é a cavernosidade em si.

Conservadorismo é a HIPOCRISIA, é a intolerância. É o PRECONCEITO.. é a homofobia, é o racismo . Misoginia. Eu juro que tentei não citar política. Mas tudo é política. O seus atos. O seu voto, o que você come. O que recebe. O que paga o que convive. O que se alimenta. Principalmente o que deixarás pro seus filhos, netos e por aí vai. Se você se cala perante calamidade e desgraça e concorda com um bossal, você é um FDP
(Poderia pedir desculpas pelo palavreado? Poderia, mais não, já saturou. Necessita de mudança urgente)

Metal em si é a complexidade e movimento libertário. Recinto onde não se deve existir hipocrisia e muito menos conservadorismo. Sou politizada.. não sou apenas cantora, produtora e frontwoman. Antes de qualquer coisa. Sou artista, sou Arte. Arte é liberdade. Aqui deixo não só a minha opinião,mais sim a minha personalidade e caráter perante a leitura-estrevista.

Sou artista.. sou libertária.
Minhas músicas ,meus atos
Meu silêncio e gritaria.
Meu berro e minha sinfonia
Sou a arte..Sou liberdade
( Mary Lzzy , 2021)

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