GIRLS ON THE FRONT é um quadro criado por 4 redatoras para falar sobre mulheres e para encorajar outras a continuarem o seu objetivo na música e, para isso, contaremos a vida e carreira de mulheres no metal brasileiro e internacional.
Nessa edição, conheceremos mais sobre a Kelly Hipólito, vocalista da banda Blixten!
As crianças sempre se expressam em forma de arte, dançando, cantando, pintando, e com a Kelly não foi diferente. Ela amava cantar e dançar, e seus familiares sempre á incentivaram a continuar. Nascida e criada em Araraquara, interior de São Paulo, passou a infância imitando a Cyndi Lauper e suas danças.
“Me lembro que quando minha mãe brigava comigo, eu ligava a vitrola e colocava “Boy Blue” para tocar, essa era minha forma de “dizer” que eu estava triste”.
Antes de chegar a Blixten, ela já passou por algumas bandas, e conta como foi o começo: “Desde sempre eu quis ser cantora, comecei aos 12 anos a escrever coisas que eu sentia, e aos 13 tive minha primeira banda, não me lembro o nome, mas nunca fizemos shows, apenas nos reuníamos na casa do baixista e tocávamos músicas dos Sex Pistols e Úteros Em Fúria”
Já aos 14 anos, entrou numa banda chamada Experior, que foi onde ela se encontrou e se entregou musicalmente ao Heavy Metal! O set list eram os clássicos do estilo: Iron Maiden, Metallica, Black Sabbath, Nirvana, Ramones. Mas a vontade de criar um som próprio sempre falou mais alto.
Depois de dois anos na Experior, resolveu sair, e pouco tempo depois, conheceu um guitarrista da cidade e formaram uma banda toda conceitual, chamada Acht, ali ela aprendeu a criar, e teve contato com a fotografia e toda a parte técnica. Chegou a ser gravado um single, do qual nunca foi divulgado (e nem ouvido pela própria Kelly).
Mesmo com toda a bagagem que havia ganhado, ela ainda não sentia que havia se encontrado. Kelly se dedicou há escrever, e a cantar em algumas bandas covers, até sentir que o momento havia chegado.
Em 2013, com 19 anos, depois de muita luta, ela se sentia pronta. Sabia o que queria, como queria, e soube que era a Blixten querendo nascer. Ainda sem nome e outros integrantes, só com uma lista de referências, e a vontade de transformar sonhos em música! As referências da Blixten são: Warlock; Twisted Sister; Iron Maiden; Anthrax; Chastain; Dokken; Dio; Motörhead; Lee Aaron.
A banda já passou por várias formações, e hoje se encontra com, além da Kelly nos vocais, a Larissa Futenma na bateria, Aron Marmorato no baixo, e nas guitarras, Miguel Arruda! E nesse ano, fizeram shows em Minas Gerais e no interior de São Paulo. Abaixo o vídeo da apresentação da banda no festival Alternatal 2019, em Araraquara-SP:
“Dificuldades eu sempre soube que teria, fazia questão de pesquisar artistas e suas biografias e ter consciência do que poderia me esperar, eu sempre estive totalmente de peito aberto, e assim foi. Sofri machismo dos dois lados, olhos tortos para mim, piadinhas, e isso jamais me abateu, era eu comigo, e ninguém podia me derrubar, me agarrei nas mulheres da minha família, nas mulheres artistas que eu admirava e admiro, e elas foram meu pedestal pra não deixar nada me atingir e seguir fazendo o que eu queria. Esse tipo de corrente é necessário. Eu não tinha vergonha, sempre mostrei para o que eu vim. O apoio da minha família foi totalmente essencial na minha carreira, sempre estiveram ao meu lado, me ajudando e eu devo demais à eles! Então vai, façam o que vocês quiserem, procurem apoio em quem te apoia, enfrentem de peito aberto, mas façam o que vocês quiserem fazer, sem medo!
A vida é uma só, e vocês precisam aproveitar a viagem”.