Girls On The Front: Kell Hell (Sacrificed) “Espero que o destaque da mulher no metal se traduza em oportunidades iguais e menos discriminação”

GIRLS ON THE FRONT é um quadro criado por 4 redatoras para falar sobre mulheres e para encorajar outras a continuar o seu objetivo na música e, para isso, contaremos a vida e carreira de mulheres no metal brasileiro e internacional. Hoje vamos contar um pouco da trajetória da vocalista da banda Sacrificed, Kell Hell.

Peso, riffs, melodias marcantes e o potente vocal feminino de Raquel Reis, a Kell Hell, são os ingredientes da banda Sacrificed, de Belo Horizonte (MG). Nascida na capital mineira, desde criança se interessou por música e começou a cantar já com 2 anos. Aos 11, iniciou seus estudos musicais no curso de extensão da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG).

Aos 19 anos estreou no cenário do metal mineiro, à frente da banda Helltown. E em 2009 ingressa para o Sacrificed, ajudando a definir de vez a identidade do grupo, com um heavy metal de qualidade.

Além disso, se tornou uma figura ativa na representação feminina no metal brasileiro. Inclusive promove lives em sua página no Facebook falando sobre o tema e com convidadas.

Em entrevista à Roadie Metal, Kell falou mais de seu trabalho na Sacrificed, suas referências, trajetória e mulheres na cena metal. Confira!

Gostaria de saber mais de sua trajetória. Conte como você começou na música? E como despertou a paixão pelo rock e heavy metal?

Comecei bem criança, por influência dos meus pais. Tenho uma família muito musical. Minha mãe canta, meu pai canta, toca piano e violão. Então eu já cantava desde que comecei a falar!

Mas comecei a estudar música com 10 anos. Com 11 já estava fazendo curso de canto erudito no departamento de extensão da Universidade Estadual de MG. O rock tá na minha vida desde a infância também, por influência do meu irmão (já falecido) que escutava muito Pink Floyd e Led Zeppelin. Tenho boas memórias disso. Mas foi aos 13 que eu dei o salto do Sandy & Júnior pra Nirvana, e ingressei sem volta no rock e, depois o heavy metal, começando por Black Sabbath, Metallica, Angra e SOAD.

Quais suas influências? Alguma figura, masculina ou feminina, em especial que fez você pensar “É isso que eu quero, ser cantora”?

Influências?! Tantas! Hahahahaha! Posso falar de Whitney Houston a Doro Pesch! Hahahahaha… Talvez eu possa dizer que, surpreendentemente, NÃO fui muito influenciada pelo sinfônico, a lá Épica, e Nightwish. Eu sempre curti uns vocais um pouco mais agressivos, com um drive e tal. O Dio e o Bruce Dickinson certamente deixaram uma forte inspiração. Mas Atualmente, uma das minha maiores influências é, sem dúvida, a Lzzy Hale, do Halestorm! Que cantora, que voz, que pessoa FODA!

Quais barreiras e desafios você destaca que enfrentou em sua carreira? Teve o apoio de familiares, amigos?

Dificuldade? Bom… fazer metal autoral no Brasil. Hahahahaha! Mas brincadeiras a parte, minha família sempre me apoiou. Minha mãe em especial. Já até viajou com a banda, acredita? Rs! Quanto a amigo, metade deles tem bandas, então o apoio é mútuo.

 Qual sua visão sobre a atual cena de heavy metal em no Brasil? Em especial em Belo Horizonte, que já gerou tantos grandes nomes?

Complexa essa pergunta. Rs! Acho que a cena já viu dias melhores. Mas também não estamos no pior dos mundos. Quer dizer, talvez agora, com o Covid 19 a situação seja complexa. Mas é para a indústria musical no geral. Não é exclusividade da cena metal. BH em si tem uma cena bacana. Mas o espaço é um pouco maior para bandas mais extremas, de death metal, por exemplo. Mas ainda assim. BH é celeiro de ótimas bandas das mais variadas vertentes do metal, não dá pra negar!

Como você vê em especial a participação feminina no metal brasileiro?

Eu já estou na cena há quase uns 13 anos, então posso dizer que quando pisei num palco pela 1a vez a cena pras mulheres era outra. Muito menos mina. No palco e no público! Então em termos de representatividade, a coisa está bem melhor. Sem dúvidas! O problema é que ainda rola preconceito. E o número de mulheres na equipe, como roadies, técnicas de som e tal ainda é bem menos que nas demais posições.

Você já enfrentou algum preconceito por ser mulher estar no metal? Como é enfrentar isso? O que motiva você a continuar?

Sim! Já fui barrada de entrar no camarim diversas vezes porque “namorada não entra!” Hahahaha… e Eu tive que provar que fazia parte da banda, e não era simplesmente namorada ou groupie. Terrível isso. Era mais comum antigamente. Acho que hj as pessoas estão tendo mais noção. Mas ainda rola coisas como a dedução lógica de que sou a vocalista, pq mina não toca instrumento. Blza, na banda eu só canto realmente. Mas o raciocínio automático de que uma mulher não seria, por exemplo, a baterista, denota uma generalização das pessoas que já saem deduzindo isso, entende? O que me motiva? O desafio. A vontade estar lá em cima do palco e mostrar que todos podem e conseguem fazer igualmente bem feito! Homens e mulheres.

Como você realiza os seus treinos e aprendizados no canto? 

Bom… já fiz uns bons anos de aula de canto, erudito e popular. Mas estudar nunca é demais, né? Rs! Atualmente, tenho tido muito interesse em explorar técnicas mais diversas, distorções vocais variadas e tal. Então voltei a fazer aula para explorar essa área especificamente. Tem sido uma experiência curiosa e árdua. Rs!

O que poderia ajudar o underground a ter mais destaque?

Acho que Se as bandas do underground se unirem um pouco mais já pode fazer uma boa diferença. Atualmente já vejo isso acontecendo, mas sinto que poderia ser uma união ainda maior. Além disso, o apoio do público, comparecendo aos shows, comprando merchandising é tb esssencial.

O que você acha desse movimento de destaque das mulheres no metal?

Acho mais que merecido! Somos tão capazes quanto os homens e, portanto, também merecemos o nosso lugar ao Sol. Só espero que esse desTaque se traduza em oportunidades iguais e a menos discriminação em relação a figura da mulher no metal. Espero que, por exemplo, não tenhamos que constantemente provar que conhecemos e gostamos de heavy metal e soletrar todos os nomes de todos os álbuns de todas as bandas, só pra provar que curtimos.

E quais os seus planos a partir de agora? Já tem novidades ou projetos com a banda ou solo, após a pandemia acabar?Fique a vontade para contar as novidades hehe.

Muitas novidades! No final do mês participaremos de um festival online muuuuito legal, só com bandas que tem mulheres na formação. Também estamos gravando novas músicas nossas, que já estavam produzidas antes da pandemia. Ah… tem um viver por vir, com a participacao especial do Bruno Paraguay, vocalista da banda Eminence. Vem muita coisa por aí com o Sacrificed. Aliás… Posso dar spoiler?! Rs! Já que falamos tanto a respeito disso nessa entrevista, então segura essa: La vem música falando sobre os direitos e o papel das mulheres! #girlpower! Rs! Quanto a minha carreira solo, vou gravar alguns covers, mas nada de música própria dolo por enquanto. Fui convidada também pra fazer algumas participações em músicas de outras bandas. Fiquem ligados! Rs!

Qual conselho você dá para as meninas que estão na batalha ou sonham em seguir carreira no metal, seja cantando ou tocando?

NÃo desistam. Chorem, gritem, berrem. Mas não desistam! Não se calem. Não se contentem com menos por ser mulher! Você não está sozinha! E vc não tem que competir com outras mulheres. Estamos aqui pra nós apoiar! Antes de você vieram muitas, depois virão outras tantas. Todas pra provar que chegamos pra ficar, de igual pra igual. Juntas. No heavy metal, na música e em qualquer outro campo da vida!

Pode deixar um recado para os nossos leitores e também para todos os que te apoiaram e seguem os seus trabalhos, Kell.

Eu só tenho a agradecer por todos que nos acompanham, curtem o nosso sim ou nos apoiam de alguma forma. Sem vocês, não haveria Sacrificed. Então muito obrigada! Obrigada também pelo espaço pra falar, Jessica! Adorei a entrevista, de verdade!

Conheça mais o trabalho da Kell Hell!

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