Girls On The Front: Katherine: “Minha entrada na banda foi no mínimo interessante”

GIRLS ON THE FRONT é um quadro criado por redatoras para falar sobre mulheres e para encorajar outras a continuarem o seu objetivo na música e, para isso, contaremos a vida e carreira de mulheres no metal brasileiro e internacional. Nessa edição, conheceremos mais sobre Katherine Figlie, vocalista da banda Navighator.

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1. Roadie Metal: Como foi a sua entrada para a banda, se surpreendeu?

Katherine Figlie: Minha entrada na banda foi no mínimo, interessante. Era um momento da minha vida em que eu estava procurando projetos que eu pudesse participar cantando, porque cantar é o que mais gosto de fazer e estava me profissionalizando. Uma grande amiga minha, também cantora e fonoaudióloga, havia sido contatada pelo Marcos, pois ele estava procurando um vocal feminino para a Navighator, mas ela não se interessou pela proposta pois não era muito fã de heavy metal assim e logo ela pensou em mim e passou meu contato pro Marcos. Fui conhecer o projeto, me apaixonei pelas músicas, fiz um teste (cantando uma música da Disney (risos) e entrei para a banda! O resto agora é história que estamos construindo!

2. Roadie Metal:Qual foi a sua experiência em gravar o clipe com o Soulspell?

Katherine Figlie: Foi incrível! Sou fã de Souslpell desde a adolescência, e crescer e estar em trabalhos tão lindos junto de pessoas que eu admiro demais é realmente muito gostoso e gratificante! O primeiro clipe com a Soulspell que participei foi o de Sign of the Cross e a parte da Navighator foi gravada na Capela da Penha, na cidade de Votorantim. Eu não tinha ido lá ainda e quando eu ouvi o nome do lugar achei que seria uma capelinha super de boa. Termina que de repente estava eu de salto agulha em cima de uma pedra na beira de um penhasco para gravar as nossas cenas! (risos) diria que foi… emocionante! No fim deu tudo certo e foi bem divertido. O resultado ficou lindo! Depois vieram outros dois tributos junto com a Soulspell que foram de Aces High e The Wake of Magellan mais recentemente, esses dois tendo um pouco menos de emoção na hora da gravação, mas ainda muito gostoso de serem gravados também!

3.Roadie Metal: Hoje temos muitas mulheres envolvidas no metal, um exemplo disso é você, Daísa entre outras, porém sabemos que ainda existe um certo preconceito quanto a isso, o que você acha que é preciso fazer para que haja uma união mais igualitária entre os gêneros?

Katherine Figlie: Infelizmente ainda vivemos numa sociedade muito machista. Mesmo com nossas conquistas ao longo dos anos, sabemos que ainda estamos muito longe de ter uma posição igualitária entre gêneros, mas isso é uma luta diária para nós, que vamos mudando o meio a passos de formiga, mas vamos!
Acho que devemos sempre apoiar as mulheres, deixar o julgamento de lado e sempre estarmos consumindo bandas femininas e apoiando umas às outras. Mulheres não são rivais dentro do metal e em nenhum outro meio e muito menos, menos merecedoras do que homens, do sucesso que fazemos. Nossas habilidades e talentos são únicos e devem ser reconhecidos como tal!

4. Roadie Metal: Sabemos que além de atriz, cantora, você também é sapateadora, então eu queria saber de você, você pensa em um projeto paralelo de juntar o sapateado com o metal, ou durante a execução de alguma música do Navighator fazer uma apresentação ao vivo?

Katherine Figlie: Sapateado é dança mas também é um tipo de percussão corporal feita a partir dos pés! Desde criança eu tenho essa afinidade rítmica, e é natural eu começar a mover os pés e soltar sons ao ouvir músicas de qualquer estilo, incluindo o metal! Dentro da Navighator ainda não pensamos em juntar o sapateado especificamente, mas com certeza seria uma junção muito interessante!

5.Roadie Metal: Gostaria que você fizesse um pequeno relato do que bandas como Nervosa, e bandas mais antigas como a Valhalla, quais as importâncias de cada época na sua opinião, e qual foi o marco que cada banda deu para o Rock e Metal Nacional?

Katherine Figlie: Particularmente Death e Thrash Metal não são estilos que eu costumo ouvir muito, pois não é do meu gosto pessoal, mas conheço as Bandas e admiro muito a trajetória delas!
Valhalla foi uma das percursoras desse estilo trazendo mulheres na sua formação, o que é extremamente significante! E confesso que adoro que a Ariadne Souza é vocal e também batera! Eu acho isso muito legal e curto essas formações não usuais em bandas!
Nervosa tem uma enorme importância por trazer o Metal para uma nova legião de fãs, tendo relevância nacional e internacional também, mostrando todo o valor e poder que o metal nacional tem, na mão das mulheres!
Eu acho engraçado como as duas bandas tiveram problemas em relação à formação, mas que banda nunca teve esses conflitos não é mesmo?
Ainda mais quando se quer dar destaque às mulheres. Mas sei o quanto elas têm que lutar pra ter o seu lugarzinho no meio do Metal, porque não é nada fácil pra nós mulheres já que somos constantemente subestimadas! É uma luta diária e sem fim! E eu admiro isso demais! Com certeza são duas bandas inspiração para nós mulheres, por sua força, garra, talento e sucesso que fazem!

6.Roadie Metal: Quais as influências masculina ou feminina dentro da música, que fez você pensar, é isso vou ser cantora?

Katherine Figlie: Eu sempre fui do tipo de pessoa que escutava de tudo um pouco! Quando se fala de referências musicais automaticamente surgem nomes com estilos completamente opostos na minha cabeça! É engraçado que até o começo da minha vida adulta eu levava a música apenas como hobby, foi difícil aceitar que eu não conseguiria escapar da arte para viver (risos), mas quando finalmente aceitei isso eu via a Simone Simons do Epica e tinha certeza que cantar era o que eu queria fazer!

7.Roadie Metal: Em função da pandemia, os shows estão paralisados, como vocês tem feito para lidar com esse momento? Qual era o pensamento antes da pandemia e agora durante esse momento?

Katherine Figlie: Antes de começar a pandemia estávamos prontos para lançar nosso álbum e já se entregar de corpo e alma para os shows e divulgação do nosso trabalho. Com a pandemia, tivemos que mudar nossos planos e fazer adaptações para o lançamento. Para o álbum ter mais destaque decidimos lançar uma música por semana acompanhada de uma live onde contamos um pouco do processo de gravação e história de cada uma das músicas. A gente achava que em 2 meses já estaríamos com a nossa vida voltando ao normal, mas está demorando um pouquinho mais do que o esperado né (risos), então também adaptamos a continuação da divulgação da Navighator conseguindo parcerias como com a própria Soulspell, e nossa participação em diversos festivais online, que se tornaram a nova forma de fazer shows e performances enquanto precisamos manter o distanciamento.


8. Roadie Metal: Os festivais on-line tem sido uma saída para vocês nesse momento?

Katherine Figlie: Com certeza! Os festivais têm sido muito importantes não só para a divulgação do trabalho das bandas, como também uma vávula de escape, que ajuda a manter a chama da música viva tanto para as bandas, quanto para o público! Se tornou a nova maneira de ver shows e performances nesse momento tão delicado, de forma segura, todos em suas casas.

9. Roadie Metal: Você tem algum plano ou projeto dentro ou fora do Navighator?

Katherine Figlie: Fora da música tenho minha lojinha de Amigurumis e também meu trabalho de atriz!
Já na música tenho alguns planos, mas eles vão ficar em segredo por enquanto até conseguir tirá-los do papel! Um pouquinho de mistério também é bom.

10. Roadie Metal:Quais as características mais marcantes sobre o seu trabalho e como você definiria elas para nós?

Katherine Figlie:Eu acredito que por ter muitas referências Pop e de Teatro Musical isso acaba transparecendo no meu trabalho dentro da Navighator, juntando uma certa delicadeza e suavidade ao som mais agressivo do instrumental e do vocal do Matheus, trazendo um contraste bem interessante.

11.Roadie Metal:Nos últimos anos, muito tem se falado sobre uma suposta “morte” do rock, o que tem se tornado cada vez mais repetitivo ,Você acha que o heavy metal, como um todo, está passando por uma espécie de renovação?

Katherine Figlie:Sim, também acredito que é muito cíclico. O Heavy Metal já esteve mais em evidência, mas acredito que todos os estilos vão se transformando e se renovando e que isso pode voltar a ser uma realidade. O rock nunca morrerá enquanto tiver pessoas que ainda o escutam, mesmo em menor quantidade!

12. Roadie Metal: Pode nos falar um pouco sobre seus hobbies além da música?

Katherine Figlie: Eu AMO artesanato! Hoje eu também faço Amigurumis, que são bonecos de crochê, e esse amor aumentou bastante na pandemia, já que a classe artística ficou praticamente parada e sem trabalho, e eu me descobri uma crocheteira de mão cheia! Mas amo arte em geral! Adoro pintar também (não que eu saiba fazer isso muito bem, mas parece uma terapia). E amo maquiagem, que eu considero quase como uma pintura facial e com certeza um tipo de arte também! Imaginem que eu era uma criança que acordava as 5 da manhã só pra ver Art Attack antes de ir pra escola! hahaha

13. Roadie Metal: Antes do Navighator, já participava de outras bandas? Se sim, o que você leva de experiência para a sua vida pessoal e profissional?

Katherine Figlie: Antes da Navighator eu já tive duas bandas ainda na época da adolescência e mais como uma brincadeira. Foram experiências completamente diferentes, pois não eram bandas profissionais e também porque em nenhuma delas eu era apenas vocalista!
Comecei minha história na música tocando bateria, acredite se quiser. Essas duas bandas que tive, eu era a baterista! A primeira era de Heavy Metal e a segunda de Punk e Hardcore, onde eu fazia backs e alguns vocais também. Mas é aquela chamada “banda de garagem” né, ensaiávamos pra tocar em festivais escolares e era tudo uma grande diversão! Mas isso tudo já faz mais de 10 anos.

14. Roadie Metal: Nos fale um pouco sobre suas peças teatrais? E por falar nisso, quando entrou no Navighator foi mais fácil para você lidar com o público por essas experiências que você tinha anteriormente, ou ainda era meio tímida?

Katherine Figlie:Eu brinco que eu sempre fui (e acho que sempre serei) uma garota meio tímida, mas que eu não deixo de fazer as coisas que eu gosto por causa dessa timidez e vivo lutando com isso constantemente. Inclusive quando comecei a fazer teatro foi bem difícil, pois exige uma desconstrução da gente, a gente precisa se jogar, precisa se mostrar e tornar pública todas as nossas vulnerabilidades. Com certeza essas experiências me ajudaram e ajudam muito a lidar com o público!
Comecei a fazer teatro em 2012 apenas como hobby e resolvi me profissionalizar em 2017. Hoje sou formada em Teatro Musical pelo curso profissionalizante do SESI-SP e levo comigo experiências incríveis que passei no Teatro. É uma pena que com a Pandemia a gente não consiga exercer essa profissão tão gostosa pois não podemos nos aglomerar nos teatros, camarins e palcos como estávamos acostumados. Eu estava em cartaz com 3 peças ao mesmo tempo (uma grande correria!) quando tivemos a notícia da paralização de tudo. Mas vamos torcer pra quando tudo se normalizar a gente consiga retomar esses projetos!

15. Roadie Metal: Obrigada por ter aceitado fazer parte do nosso quadro, e Para finalizarmos, qual conselho você daria para as mulheres e meninas que querem seguir essa carreira, e tem você como inspiração?

Katherine Figlie:Estudem! Estudem o que vocês querem fazer, seja canto, seja algum instrumento, seja produção, o que for! E não desistam! Porque se tem uma certeza é que o caminho não é fácil! Principalmente no Brasil, onde temos tão pouco apoio à cultura! E mais ainda para nós mulheres!!!
Mas seja o que for que vocês queiram fazer, façam com amor também! Quando a gente ama o que faz, isso é passado no nosso trabalho e deixamos a nossa marca, com um brilho que é só nosso. E é isso que é lembrado!

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