GIRLS ON THE FRONT é um quadro criado por 4 redatoras para falar sobre mulheres e para encorajar outras a continuar o seu objetivo na música e, para isso, contaremos a vida e carreira de mulheres no metal brasileiro e internacional.
E em mais uma edição especial, hoje falamos sobre Hanna Paulino, cantora do Amapá que foi terceira colocada no Concurso Soulspell – Quarentena King.
Nascida em 25 de fevereiro de 1987, no Rio de Janeiro, Hanna Paulino é amapaense de coração e considerada a grande voz feminina dos headbangers no Estado.
O estilo ainda é dominado por talentos masculinos, e poucas são as bandas onde mulheres compõem a formação, mas Hanna se destaca não apenas pelo grande talento vocal, mas também pelo carisma e amor ao estilo.
Sua paixão pela música começou ainda na infância, quando escutava Whitney Houston e tentava cantar como ela. Também cantava nas rodas de samba com os amigos, devido à criação familiar ligada ao black music. Atualmente Hanna é vocalista da banda de hard rock Vennecy, de Macapá.
Trajetória no metal
Mas foi apenas na adolescência que teve sua paixão despertada pelo metal. Sua primeira experiência com banda foi em 2002, na banda Senzafine, primeira banda de gothic metal do Amapá, fazendo cover da italiana Lacuna Coil.
Após alguns anos longe dos palcos, em 2008, recebeu o convite para entrar na banda de heavy metal HidraH, um desafio na carreira. Ela ingressou de cabeça em cantar heavy metal. Em 2011, a banda abriu o show do Angra em Macapá, no qual Hanna tocou grávida da sua filha, Lohanna.
Em 2012, Hanna realizou um dueto com Edu Falaschi, já ex-vocalista do Angra e então vocalista da banda Almah, em um workshow na capital do Amapá.
Um ano depois, ocorreu outro momento memorável para a carreira de Hanna, com a passagem do saudoso vocalista Andre Matos, em Macapá. Ela dividiu o palco com os vocalistas Vanessa Rafaely e Matheus Farro, para cantar os corais de Fairy Tale, do Shaman.
Quarentena King
E sua voz atravessou fronteiras do Brasil, com o concurso Quarentena King, do Soulspell. Hanna conquistou o terceiro lugar geral, superando mais de 200 vocalistas de todo o Brasil. Mas ela garante que a colocação teve gostinho de primeiro lugar.
Na primeira fase, a vocalista amapaense ficou em primeiro lugar na votação de público. Sem dúvidas, Hanna Paulino se tornou uma figura importante para heavy metal no Amapá, contribuindo positivamente para o cenário, com seu carisma, garra e muito talento.
Em entrevista à Roadie Metal, Hanna garantiu que este é um momento de grande evolução e aprendizado em sua carreira. Além disso, Hanna falou sobre sobre sua participação no Quarentena King, representatividade feminina e negra no metal, cena no Amapá, relembrou a carreira e planos para o futuro. Confira na íntegra:
Entrevista com Hanna Paulino
1 – Em primeiro lugar te parabenizo pela ótima colocação no concurso Quarentena King, do Soulspell. E aproveitando o assunto, nos conte mais sobre essa conquista, o que representa para você e sua carreira?
HANNA: Primeiramente preciso agradecer a grande torcida e participação de tantas pessoas nas votações do público durante o concurso. Bem, o Concurso Quarentena King Soulpell representa uma retomada no meu sonho de produzir algo dentro do Heavy Metal, me deu a oportunidade de mostrar meu trabalho para todo o Brasil e trocar ideias com tantos vocalistas incríveis. Com certeza me trouxe (e ainda trará) inúmeras “portas abertas” dentro do segmento.
2 – Conte mais sobre sua participação. Como soube do concurso? E como foi sua preparação e estratégias para chamar a atenção dos jurados e do público?
HANNA: Soube do concurso por meio do perfil da Daísa Munhoz no Instagram. Confesso que não houve uma preparação, só vi a oportunidade e me lancei! Mas busquei mostrar versatilidade dentro do que minhas habilidades me permitem, trazendo um repertório interpretado de uma forma bem diferenciada, visto que a minha voz não é um “padrão” dentro do Heavy Metal!
3 – Hanna, você imaginava chegar tão longe, em um concurso com mais de 200 vocalistas de todo o Brasil?
HANNA: Esse 3º lugar JAMAIS foi imaginado por mim… de verdade! Foi uma surpresa a cada fase! E chegar ao pódio foi algo inacreditável! Foi um terceiro lugar com gostinho de primeiro
4 – Agora gostaria de saber mais de sua trajetória. Conte como você começou na música? E como despertou a paixão pelo rock e heavy metal?
HANNA: Minha ligação com a música começou na infância, tive uma criação muito musical e pautada no samba e black music! Fui crescendo e nutrindo o desejo de estar nos palcos! Mas tudo começou a acontecer de fato em 2002 quando descobri o rock/metal e, como todos sabem, quando o rock entra na sua vida é praticamente impossível não se apaixonar perdidamente!
Em 2003, por influência de um grande amigo músico, iniciei minha primeira banda… e depois disso começou toda uma história que já totalizam 17 anos dedicados a esse sonho de fazer rock/metal no Amapá!
5 – Quais suas influências? Alguma figura, masculina ou feminina, em especial que fez você pensar “É isso que eu quero, ser cantora”?
HANNA: Minha primeira e grandiosa influência foi Whitney Houston. Dentro do segmento rock/metal tenho verdadeiros professores, dentre eles: a nível nacional, Daísa Munhoz é minha maior referência, seguida obviamente pelo nosso saudoso André Matos; internacionalmente tenho como inspiração Cristina Scabbia, vocalista da banda italiana Lacuna Coil.
6 – Você teve uma baita evolução vocal. Eu lembro dos tempos da Senzafine e os seus vocais líricos, que já te admirava muito, mas peguei a boa surpresa na fase da Hidrah, quando você entrou de cabeça no heavy metal. Então me conta como foi essa evolução? Esse aprendizado foi um grande desafio para você?
HANNA: Nossa, pegou direito do túnel do tempo! (risos)
Na época da Senzafine tudo ainda era tão absurdamente novo pra mim, uma jovem de apenas 16 anos querendo cantar Gothic Metal no Amapá (doideira, né?). Realmente não tinha preparo algum, mas aos 18 anos busquei crescimento nos estudos do Canto Lírico e minha evolução foi realmente incrível. Quando iniciei os trabalhos com a Hidrah ainda me era extremamente inexperiente, mas busquei estudar exaustivamente as nuances do Heavy Metal e crescer dentro do segmento, e deu muito certo!
7 – Além do metal, você manda muito bem em outros estilos, como o flash back, música regional do norte e outros. Como estudar outros estilos ajuda você na evolução musical? E você incorpora esses aprendizados no rock?
HANNA: O estudo de outros estilos te torna um profissional versátil. Acho mega importante essa interação para podermos absorver sem preconceitos tudo que for de positivo de segmentos diversos. Incorporo tudo dentro do rock, acredito que tudo é admissível se a intencionalidade musical permitir!
8 – Mulher, negra, no extremo Norte do país, cantando heavy metal… você realmente é a cara da representatividade Hanna. Como é poder ser uma voz representando estas bandeiras que ainda enfrentam muitas lutas?
HANNA: Eu acredito que sempre tem gente se inspirando nas nossas atitudes. E eu busco realmente ser alguém inspiradora para outras mulheres que buscam seu lugar de destaque. Minha força é voz! E enquanto eu puder cantar e me comunicar por meio da arte irei levantar a bandeira da liberdade feminina! Mulher preta tem que ocupar espaços sim!
9 – É inevitável falar de mulheres no heavy metal sem citar o preconceito, pois infelizmente ainda vivemos em uma cena bastante machista, não importa os feitos das mulheres. E você Hanna, imagino que também tenha sido alvo de preconceito no metal. Como é enfrentar isso? O que você você a continuar?
HANNA: Sempre fui muito incisiva nas minhas posições sociais! Lutei e luto diariamente por espaço. Além de mulher, ainda sou negra… imagine o quanto tenho que trabalhar em dobro para mostrar meu valor e ser respeitada nesse meio majoritariamente masculino! Mas nunca desisti, eu acredito tanto na minha força, meto a cara sem medo de incomodar quem ainda vive numa realidade paralela de preconceitos tão retrógrados.
10 – Agora falando do Amapá, você levou o nome do nosso estado a um patamar mais alto. Como você vê a cena do Amapá hoje? O que poderia ajudar ela a ter mais destaque?
HANNA: A cena amapaense está num processo triste de falta de movimetação. Há tempos as bandas e produtores locais estão lutando para manter a chama do rock/metal acesa, mas a falta de estímulos à cultura local sem alusão ao fator regional é pífia. O “faça você mesmo” está exausto, mas acredito que iremos nos reerguer diante desse panorama com movimentos criados por nós.
11 – Voltando a falar de mulheres, elas tem ganhado mais destaque a cada dia. Além da banda Nervosa, outros grandes nomes, como você e a Cacau Pinheiro, que tiveram boas colocações no concurso. O que você acha desse movimento de destaque das mulheres no metal?
HANNA: Pense em um orgulho que foi estar em um concurso habitado por tantas mulheres incríveis. Nossa, a representatividade foi real e mostramos que estamos ativas e prontas para a cena. A movimentação feminina dentro do metal (e em outros segmentos sociais) é pauta urgente, as mulheres precisam e devem habitar onde queiram. Estamos mostrando nossa força, e é só o começo da revolução em busca de igualdade!
12 – E quais os seus planos a partir de agora? Já tem novidades ou projetos, após a pandemia acabar?
HANNA: O momento é de incertezas, mas cabe a nós estabelecermos metas para colocarmos em prática pós pandemia. Bem, os trabalhos com a banda Vennecy continuarão a todo vapor. Mas já adianto à vocês que está saindo um novo projeto, a minha retomada ao Heavy Metal com banda autoral formada por músicos incríveis que acreditam muito no meu potencial. Estamos em processo de composição, e só garanto que vai ser lindo. (Já conto com a divulgação aqui para o lançamento hahah)
13 – Qual conselho você dá para as meninas que estão na batalha ou sonham em seguir carreira no metal, seja cantando ou tocando?
HANNA: Manas, não desistam! Só nós sabemos a importância de nossos sonhos. Estudem sempre e não se deixem abater por preconceitos… Subam no palco e deem o seu melhor! KICK ASS!
14 – Pode deixar um recado para os nossos leitores e também para todos os que te apoiaram e seguem os seus trabalhos, Hanna.
HANNA: Obrigada por toda torcida no decorrer do Concurso Quarentena King Soulspell. Continuem seguindo meus trabalhos e minha luta nesse segmento que tanto amamos! A caminhada fica muito mais interessante e bonita com a torcida e apoio de todos vocês!
Conheça mais o trabalho da Hanna Paulino!
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