GIRLS ON THE FRONT é um quadro criado por redatoras para falar sobre mulheres e para encorajar outras a continuarem o seu objetivo na música e, para isso, contaremos a vida e carreira de mulheres no metal brasileiro e internacional. Nessa edição, conheceremos mais sobre Desireé Rezende, vocalista da banda Fenrir’s Scar.
Roadie Metal: Primeiramente me fale sobre suas influências e o motivo pelo qual levou você a se tornar vocalista de uma banda de Metal.
Desireé: Olá Jess e leitores da Roadie Metal! Gostaria primeiramente de agradecer o convite e o espaço!
Gosto de cantar desde criança, era muito fã da Sandy nos anos 90 (risos) e cheguei a cantar e no coral da igreja quando criança também.
Na adolescência conheci bandas como o Evanescence e Lacuna Coil e me apaixonei pela combinação da voz feminina com o peso do metal. E a partir daí comecei a fazer aulas e ter minhas primeiras bandas.
Minhas maiores influências são com certeza Amy Lee do Evanescence, Cristina Scabbia do Lacuna Coil e Anneke van Giersbergen.
Roadie Metal: A sua banda Fenrir’s Scar foi formada em 2015 por você e seu marido André Baida, conte como surgiu essa ideia.
Desireé: Conheci o André em 2007, e desde então nós sempre tivemos banda juntos, mas nunca havíamos tido um projeto autoral juntos. Tivemos por um tempo um Lacuna Coil cover, também tivemos outras bandas onde trocávamos cover de bandas como Tristania e Moonspell.
Em 2013 nós montamos uma banda pra tocar na audição da nossa escola de música, resolvemos tocar alguns clássicos do heavy e power metal, sob o nome de Fenrir’s Scar. E a partir desse show começou a nascer a vontade de compor.
Eu escrevi algumas letras e mostrei para o André, e ele acabou compondo as músicas e começou a nascer nossa primeira demo com as músicas Downfall e Dark Eyes.
Roadie Metal: Qual sua inspiração como vocalista e qual a ideia que você quer passar a seu público quando está no palco?
Desireé: Como vocalista minhas maiores inspirações são a Cristina Scabbia do Lacuna Coil, Amy Lee do Evanescence, Anneke van Giersbergen e Kari Rueslåtten. Como letrista me inspiro em diversas coisas, como literatura, cinema, séries, mitologia, mas principalmente em sentimentos e experiências pessoais.
Com todas as mudanças que a gente tem sofrido nesse ano, e mesmo antes disso, eu acho que a presença como vocalista vai além do palco. O que eu gostaria de passar, seja no palco ou nas redes sociais. É poder falar e cantar sobre o que me inspira: amor, raiva, dor, revolta… E me conectar com o público através desses sentimentos.
Roadie Metal: Quais foram suas maiores dificuldades ao longo da sua carreira como vocalista?
Desireé: Vencer a timidez e a ansiedade é uma luta diária para mim, mesmo agora depois de anos, é algo que preciso estar constamente alerta. Eu me considero a minha maior inimiga e crítica, então lidar com a minha autossabotagem é o meu maior desafio como vocalista. Como artista independente acredito que os desafios se expandem para outras áreas como financeira e o acúmulo de atividades que acabo tendo. Pois além de cantar e escrever as letras também gerencio nossas redes sociais, faço algumas artes, faço também nossa própria assessoria de imprensa, edito vídeos, etc. Gerenciar tudo isso, mais o meu trabalho fora da música requer muito trabalho e dedicação e isso acaba sendo um desafio.
Roadie Metal: Como você avalia a presença feminina nas bandas de Metal, principalmente no Brasil?
Desireé: Acredito que hoje nós temos uma presença feminina muito forte no metal, tanto mundialmente como nacionalmente. Falando do Brasil, nós temos uma riqueza imensa aqui. Sou muito fã de bandas como Dark Valley, Anfear, Final Disaster, Flowerleaf, Inraza, Lasting Maze, Lia Kapp, Dakhmas, Brightstorm, Lyria, Vandroya entre muitas outras. Tenho inclusive uma playlist no spotify chamada Mulheres do Rock e Metal Brasileiro, que atualizo sempre como novas bandas e músicas, além de uma vocalista diferente na capa.
Mas apesar de termos uma grande presença de mulheres na cena nacional, eu acredito que ainda falte um pouco de valor e reconhecimento para essas bandas e mulheres.
Quando há festivais de médio e grande porte por exemplo, o line-up sempre tem poucas ou as vezes nenhuma mulher. Isso serve também em premiações, como melhor vocalista ou instrumentista é raro ver mulheres concorrendo na mesma quantidade que os homens.
Roadie Metal: Fale um pouco sobre seus projetos futuros.
Desireé: Nós estamos terminando de gravar nosso segundo álbum chamado “LOVE | HATE | HOPE | DESPAIR”, devido a pandemia nosso cronograma sofreu alguns atrasos, mas o álbum sera lançado em 2021.
E agora em dezembro faremos parte do line-up de 3 festivais online: Caio Indica Fest no dia 18, Lunar Sessions Xmas Edition no dia 20 e Underground Extremo no dia 26.
Também estaremos no dia 02 de janeiro no festival online do site O Subsolo. Estaremos apresentando uma música inédita nesses festivais, além de um vídeo inédito para nossa música Break the Wheel com a participação de fãs e amigos. E mesmo um pouco distante, estamos na expectativa para dezembro de 2021, quando iremos tocar junto do Tristania em Limeira.
Roadie Metal: Quais os conselhos você poderia dar uma garota que se inspira em você?
Desireé: Estude muito! Não só música e técnica vocal, mas entenda como funciona tudo ao redor disso. É importante saber como funciona o mercado musical, como funciona as plataformas de streaming, ter controle sobre seus direitos, etc. É muito importante saber o básico desse universo num geral, principalmente para não ser enganada. E faça com carinho tudo o que for fazer. E por mais clichê que isso soe, seja sempre você mesma.
Roadie Metal: Você acha que a presença das mulheres no Underground, seja como vocalista ou qualquer outro tipo de função nas bandas ou até mesmo nas divulgações contribui para igualdade de gêneros?
Desireé: Com certeza! Quanto mais mulheres ocuparem seu espaço, mais teremos representatividade no meio. Seja a mulher instrumentista, vocalista, roadie, técnica de som, jornalista fotógrafa ou mesmo como parte do público… Tudo faz parte da cena, e cada presença feminina é muito importante para nos fortalecemos. Hoje temos páginas e mídias que divulgam exclusivamente mulheres que são muito importantes como o União das Mulheres do Underground, Headbangueira, LVNA, o coletivo Rock Brasil Feminino e sua também sua coluna Girls On the Front aqui na Roadie Metal. Divulgar essas iniciativas e bandas são importantes para que o público tenha mais acesso e conheça bandas novas com mulheres em sua formação. O metal ainda é predominantemente masculino, e iniciativas assim são muito bem vindas.
Roadie Metal: Por último, você acha que as mulheres apoiam a presença feminina no Rock/Metal?
Desireé: Acredito que sim, talvez seja algo dentro da minha bolha. Mas eu vejo muito apoio feminino mútuo no Underground. Porém a maioria do nosso público é masculina, cerca de 70% das pessoas que nos seguem e nos ouvem são homens. Mas acredito que isso é porque o metal ainda é um meio predominantemente masculino e mais homens ouvem esse estilo de música. Mas vejo cada vez mais mulheres no meio e se apoiando