GIRLS ON THE FRONT é um quadro criado por 4 redatoras para falar sobre mulheres e para encorajar outras a continuar o seu objetivo na música e, para isso, contaremos a vida e carreira de mulheres no metal brasileiro e internacional.
Hoje falaremos sobre a vocalista e guitarrista da banda de Trash/Crossover Eskröta, a Yasmin Amaral.
No começo de março, a banda lançou o seu novo disco “Cenas Brutais“, com letras sobre feminismo, homofobia, violência doméstica e desigualdade na sociedade, e contou com participações da Fernanda Lira (Crypta), e da May Undead (Torture Squad) nos vocais.
O power trio é composto por Yasmin na voz e guitarras, Tamy Leopoldo no baixo, e John França na bateria, que antes era comandada por Miriam Momesso antes de sua saída da banda no final de 2019.
E em uma entrevista para a Roadie Metal, Yasmin fala sobre sua carreira, como começou, e suas experiências.
-Como surgiu o interesse pela música, e como foi a escolha pelos vocais e pela guitarra?
Desde pequena eu sempre gostei muito de ouvir música, mas não tinha nenhum gênero favorito. Acredito que foi somente depois de ouvir o Brave New World (Iron Maiden) que eu me identifiquei com o metal, senti que aquilo ali me completava. Como a primeira música desse álbum (The Wicker Man) começa só com a guitarra, eu queria tocar aquele riff, então precisava de uma guitarra. Claro que minha mãe não me deu uma guitarra logo de cara, porque achou que eu desistiria fácil, eu devia ter uns 10 anos. Comecei com o violão e fui evoluindo. O vocal na verdade, sempre quis cantar, mas não tinha coragem, eu achava que não conseguiria, só em 2018 eu tomei coragem de assumir esse compromisso e acho que só agora em 2020 me sinto feliz com o vocal que desenvolvi. É um processo, não foi algo como a guitarra, que desde sempre eu pratico.
-Quando começou a tocar? Teve outras bandas?
Comecei a tocar guitarra razoavelmente bem com 11 anos. Desde essa idade conheço meninas que também gostavam de tocar, não necessariamente metal, mas vertentes relacionadas. Então, sempre tive bandas com mulheres e principalmente no interior de São Paulo. Tenho muito orgulho de todas essas minas que eu conheço desde pirralha, tocando na maioria covers de The Runaways, L7 e etc.
-Quais são suas influências musicais?
Eu sempre gostei muito de Hard Rock, desde pequena, Vixen foi uma das minhas principais referências pra guitarra, mas conforme fui crescendo, me identifiquei mais com o Thrash Metal. Então Nuclear Assault e Exodus são minhas bandas de cabeceira. A Nervosa também teve um papel essencial, em 2012 eu estava com 15 anos, quando elas lançaram a primeira demo, então eu cresci ouvindo essas mulheres e sabendo que era possível alcançar o sonho sendo mulher.
-E quais dificuldades você encontrou na sua carreira?
Acho que a maior dificuldade de quem toca metal é a falta de incentivo, nós gastamos muito dinheiro com equipamentos, ensaios e etc, e temos pouco retorno. Agora, essa falta de incentivo pra mulher é muito maior, a gente esbarra em questões de machismo, uma discriminação absurda, e isso dá desânimo… Mas, temos que continuar firmes e fortes para tentar fazer a diferença na cena.
-Qual foi sua maior experiência como artista até agora?
Acho que tenho algumas experiências inesquecíveis, como a turnê no Nordeste, o show no Abril Pro Rock 2019, mas acredito que a gravação do último álbum me surpreendeu, foi bem profissional, demos o nosso máximo e foi incrível acompanhar o trabalho do Martin Fúria elevando o nosso som.
-Dicas e conselhos pras minas que também querem seguir na música..
Se você tem o sonho de subir em um palco, comece a tocar agora, a oportunidade vai surgir pra você. Não liguem para os comentários machistas e de desmotivação… Se não for pra agregar, deixa pra lá!