Girls on the Front: a liberdade e a tristeza na voz de Janis Joplin

GIRLS ON THE FRONT é um quadro criado por 4 redatoras para falar sobre mulheres e para encorajar outras a continuar o seu objetivo na música e, para isso, contaremos a vida e carreira de mulheres no rock e metal brasileiro e internacional.

E hoje vamos falar de uma das mais aclamadas vozes femininas na história do rock: Janis Joplin.

Janis Joplin era um pássaro que era livre. Não houve luta, não houve imposição, ela foi atrás da felicidade, ainda que reza a lenda, nunca a tenha encontrado, e por este motivo sempre destilou sofrimento em suas canções. Mas seria mesmo essa verdade ou uma mulher nos anos 60 não poderia ser livre? 

Ela aprendeu música dentro de casa, sua mãe, quando nova, cantava na igreja, casamentos e festas, tinha recebido um convite para cantar em Nova York, mas decidiu que não queria esse tipo de vida. Janis nasceu no dia 19 de janeiro de 1943, no Texas. Ela passou sua infância e adolescência em uma cidadezinha petroleira chamada Port Arthur. 

Estudiosos de sua biografia afirmam veementemente que a primeira “transgressão” de Janis foi o interesse pelo blues e pelo jazz, e a busca por músicos negros em meio a uma sociedade sulista extremamente racista. Por ter pensamentos diferentes e ser considerada rebelde, priorizar sua liberdade e criatividade artística, Joplin foi muito criticada durante sua adolescência e sofreu bullying. Ela se encantou pelo estilo de vida dos poetas da geração beat e como toda pessoa que tentou implementar ideias inovadoras em cidades pequenas, foi hostilizada. Vale lembrar que os pensamentos beatniks eram completamente transgressores e vinham revolucionar a sociedade vigente. E, de certa forma, eles abriram caminhos para os hippies. Uma das histórias que revela as inseguranças que a seguiram por este tempo foi que ela foi considerada “o homem mais feio do campus” e esse tipo de brincadeira cruel acaba com a auto estima de qualquer um. 

Ela se juntou à Big Brother and the Holding Company e tocou com eles na Califórnia, em Chicago durante os anos de 1966 e 1967. Eles se apresentaram no Monterey Pop Festival, um dos primeiros festivais internacionais de rock, que também teve a participação de Jimi Hendrix, Otis Redding e outros. No ano seguinte, a banda assinou contrato com a Columbia Records e eles lançaram “Cheap Thrills”, primeiro e último disco com Janis nos vocais. Ela saiu da banda e levou consigo o guitarrista Sam Andrew, para investir em sua carreira solo e montou a Kosmic Blues Band. Eles lançaram em setembro de 1969, I Got Dem ‘ol Kosmic Blues, Again Mama!. 

O novo lançamento e o sucesso que Janis vinha fazendo, levou-a participar do lendário festival de Woodstock. Porém, o show do dia 17 de agosto é considerado um dos piores de sua carreira, por conta da quantidade de álcool e drogas consumidos pela cantora. A história veio se repetir em um show para Ação de Graças com a cantora Tina Turner. Isso e outros problemas internos fizeram com que a Kosmic Blues Band chegasse ao final naquele mesmo ano. 

Janis Joplin veio ao Brasil em fevereiro de 1970, porque queria finalmente se livrar das drogas. O país não tinha uma relação muito forte com a heroína e ela manteve o consumo do álcool e da maconha. A passagem pelo país agradou muito à cantora, que participou do desfile de carnaval, fez topless em Copacabana e ficou amiga do cantor Serguei. Ele contou diversas peripécias da cantora por aqui, como quando quase foi barrada em um bar de Copacabana e acabou a noite fazendo uma apresentação memorável. “Vosso carnaval só dura 4 dias e vocês deveriam ser alegres o ano todo.”, disse a cantora em uma publicação de O Globo, publicada em 14 de fevereiro de 1970.

Ela voltou aos Estados Unidos e montou a Full Tilt Boogie Band. Eles fizeram uma turnê pelo país e também no Canadá, e em agosto de 1970 começaram a produção do álbum “Pearl”. No dia 04 de outubro, Janis foi encontrada morta em sua casa, vítima de uma overdose de heroína. O disco que não foi finalizado, contou com canções clássicas como Mercedes Benz, Move over e Me and Bobbie McGhee. 

Encontre sua banda favorita