Frank Bello sobre Slayer: ” Quero que as pessoas saibam que eles são boas pessoas.”

FRANK BELLO, DO ANTHRAX, fala sobre o Slayer.

Talvez um dia haja outro Big 4 * e poderemos tirar o Slayer da aposentadoria”

Depois de quase quatro décadas como reverenciados pioneiros do Metal Extremo e um dos melhores shows ao vivo do planeta, o Slayer está chegando ao fim de sua turnê mundial de despedida. O que eles nos deixarão além dos frutos de sua visão intransigente: músicas, vídeos, camisas, pôsteres e outras recordações? Por um lado, histórias. Muitas histórias. O baixista do Anthrax, Frank Bello fala um pouco sobre esta banda amiga/irmã. no Site da Revolver Mag.

Anthrax fazia parte da turnê de despedida de Slayer. Como foi isso?

FRANK BELLO É uma loucura porque é uma família. As pessoas falam do Big 4 e a coisa toda com a concorrência. Mas não é competição. Talvez tenha sido nos anos oitenta e coisas assim, mas já fizemos tantas turnês juntos que não acredito que não vou mais fazer turnê com o Slayer. Isso me veio depois da turnê, porque fizemos muitas. Recentemente, nesta turnê de despedida, é meio estranho que eu esteja vendo todos os meus amigos, mas será estranho não estar naquele ambiente- saindo todos os dias, depois tomando bebidas e jantando todo os dias fora e coisas assim. Não vamos entrar no camarim do Slayer e ser martelados com Jägermeister. É estranho que isso não exista mais para mim, para nós, para todos nós, realmente.

Você mencionou JÄGERMEISTER (bebida alemã)- O que você lembra do Slayer ao ver uma garrafa de Jagermeister?


Bem, há muitas histórias de Jägermeister. Se você está com os caras do Slayer, haverá Jägermeister naquele camarim. Lembro-me de uma vez que não quis tomá-lo. Quero dizer, eu escapei disso porque Kerry [King] gosta de enfiar nos a bebida, guela abaixo. Eu fui para o ônibus, ele disse: “Venha aqui no ônibus”. Isso foi na Europa há alguns anos atrás. E eu não podia acreditar que eles tinham um Jägermeister – Jägermeister fresco em uma mini geladeira no ônibus! Foi levada do camarim. Fui para o ônibus, e acabei embebedando. Eu fiquei caindo pros lados no meu ônibus naquela noite …

Lembro-me de não fugir. [Risos] Como eu disse, “Tudo bem, eu acabei de fazer minha apresentação, vou pro camarim. Vou relaxar com eles no ônibus por um tempo e vai ser massa. Mas eu não sabia, eles tinham um frigorífico no ônibus. E deixe-me dizer uma coisa, o Jäger estava delicioso, mas paguei caro no dia seguinte. Caro. Eu estava abraçando a tigela. Eu estava abraçando o vaso sanitário do meu ônibus. Acho que dormi lá por um tempo, abraçando-o porque estava vomitando demais. Num ônibus então, é ainda pior. Desagradável. Imagine todo o xixi e eu. Eu chamo de “hora do xixi e eu”. Foi ótimo. Também cheirei muito bem no dia seguinte. Foi um momento maravilhoso.

Então, a festa é uma parte disso, mas acho que é importante que os fãs saibam quem são os caras do Slayer, fora dos palcos. O que você diz sobre isso?


Vou colocá-lo de uma maneira real, pois vem direto das profundezas de mim : São apenas boas pessoas. Eles são apenas pessoas realmente boas. Eles são amigos com quem você pode relaxar, tomar uma cerveja e rir. Você sabe qual é a melhor coisa disso tudo? Estou falando dos caras individualmente. Cada um deles é uma boa pessoa por si só. Até mesmo (Deus descanse sua alma) o Jeff… sinto falta do Jeff [Hanneman]. Jeff era uma boa pessoa, cara. Ele também era muito divertido. Jeff era … eu amava a risada dele. Tinha uma risada contagiante. Não apenas um grande músico , era um grande escritor, além de tudo que todos sabem, ele também era um cara legal. Sua risada, é como seu ainda pudesse ouvi-la.

Indo mais longe, Dave Lombardo é um ótimo cara – estou falando do passado e do aqui agora. Porque eu cresci com esses caras através dele. Ele ainda é um bom amigo meu. Quando o vejo, abraçamos, conversamos… Paul Bostaph, é um ótimo cara, ótimo baterista. Muito sincero. E Gary, o, Gary Holt, posso dizer que ele é como um irmão. Estamos sempre próximos. Nós vivemos isso ativamente durante os anos 80. Não é em toda companhia que você pode ver isso acontecendo, por mais de 30 anos, e ainda ser realmente um bom amigo e talvez reconhecer que você já passou por isso juntos. É como se você tivesse cursado o ensino médio e, em seguida, conseguiram um emprego juntos e ainda estão na mesma carreira e de uma maneira ótima, claro…de uma maneira significativa. Estou muito agradecido por ter passado este tempo com o Slayer. Quero que as pessoas saibam que eles são boas pessoas.

Qual é a coisa mais singular sobre o SLAYER como banda?


A intensidade deles. Eles são intensos. Está incorporado na música deles. São as pessoas que são e você espera por isso. Quando eu vejo um show do Slayer, quando penso no Slayer, penso em intensidade e isso me excita e me deixa com aquela vibração – nessa energia, tipo quase caótico quando ouço a música deles. Eu acho que os shows deles valem a pena. É disso que eu vou sentir falta desse dia em um show do Slayer. Não só porque são meus amigos. Vou sentir falta de andar com eles em um ambiente de banda.

Qual é a coisa mais louca que você já viu em um show de Slayer?


Lembro-me de quando fizemos o Clash of the Titans no início dos anos 90, estávamos nos divertindo muito – havia muita bebida, muitos bons momentos apenas saindo nos hotéis e todas essas coisas divertidas. [Risos] Lembro-me de uma vez que pegamos nos pé do Tom, porque esses caras nunca costumavam sorrir no palco. Queríamos que Tom sorrisse. Lembro-me que um de nós estava com a equipe – grande produção – e arranjamos um “peixe” enorme que chegaria no palco. Estava em um fio, escondido nas luzes. Foi muito bem feito pela equipe. Eles abaixaram-no muito lentamente, tiveram um holofote. Tenho certeza de que foi durante “Raining Blood” e desceram o tal peixe enorme na frente de Tom. Ele não sabia o que estava por chegar o peixe apareceu logo no começo da música enquanto ele cantava, e ele acabou não aguentando. Foi hilário, cara. Nós o fizemos sorrir. E agora, quando você vê Tom, o sorriso dele é … quero dizer, “não tem preço”. Estou sempre sorrindo com o Tom Araya. Ele é o melhor.

Ele é mesmo hilário! Parece que você tem muitas lembranças, e o impacto que eles tiveram sobre você é profundo.


Toda a turnê de despedida, ainda é difícil acreditar. Depois de novembro, se você pensar numa última noite de show do Slayer, é loucura. Fico feliz que você esteja fazendo algo assim porque, sabe o que? Eu acho que eles merecem. Eu não acho que nunca haverá outro Slayer. E espero que um dia – esta seja minha esperança silenciosa – que talvez um dia haja outro show do Big 4 em algum lugar e esperamos conseguir tirá-los da aposentadoria por isso. Talvez James [Hetfield] e os caras do Metallica montem um show do Big 4 e poderíamos sugerir aos caras do Slayer que se divertissem conosco novamente.

BIG4 – The Big Four é nome dado a grandes bandas de thrash metal que criaram e popularizaram o gênero no começo dos anos 80. As quatro grandes bandas do thrash metal são AnthraxMegadethMetallica e Slayer[1].