A Fireline é uma das mais tradicionais e efetivas bandas da cena de Fortaleza. Seu idealizador, o guitarrista André Rodger, está na ativa desde os anos 80, tendo participado de outros grupos, antes de iniciar este, onde pôde conduzir o direcionamento do projeto da forma quer melhor lhe pareceu.
E o direcionamento em questão segue a linha do hard rock mais elaborado. Iremos encontrar fartas doses de Europe, Dokken e até mesmo de Impellitteri, delineando as características próprias da banda, mas o que certamente não iremos encontrar serão ranços de época. As músicas da banda não transmitem, em momento algum, qualquer traço de revivalismo superficial. São composições modernas, que refletem o alto padrão que se espera da Fireline e isso não é mera conjectura, pois, se recuperarmos todo o material gravado que já foi disponibilizado pela banda, percebemos que existe uma direção precisa em sua obra. Não existem flutuações estilísticas, fazendo o vento soprar para a tendência do momento. Dê a isso o nome que quiser, mas eu chamo isso de foco. Eu chamo de convicção.
Sendo assim, sempre podemos esperar muito do trabalho da banda e sempre temos nossas expectativas correspondidas. Com esse EP recém-lançado não é diferente, afinal o time que foi montado para a sua realização é de um nível invejável. Além do talento indiscutível de Rodger e do baterista Mário Miranda, temos a presença do virtuoso baixista Giovanni Sena, que também integra a banda Age of Artemis e comandou os teclados na gravação, e do cantor Rilvas, que possui uma longa folha de serviços prestados à música pesada de Fortaleza, já tendo inclusive feito parte da Fireline no passado. E sobre Rilvas, diga-se, que voz privilegiada! O vocalista interpreta as músicas e dá brilho a elas sem esforço, com naturalidade, sem impostações forçadas ou dramáticas em demasia.
Under Fire possui duas canções e uma vinheta de introdução e a primeira coisa que desperta a atenção é a produção do mesmo, realizada por André Rodger e por André Noronha. Está tudo bem equalizado, bem alto. Após a intro S.O.S., a primeira faixa é a pesada e grandiosa Give Life a Chance e ela irá lhe confirmar todos os adjetivos que eu usei até agora, mas, quando inicia a segunda música, Under Fire, tudo consegue ainda ser superado, com uma performance ainda melhor, um solo de guitarra mais bonito e desenvolvido e uma melhor levada de bateria.
Entre a primeira e a segunda faixa existe um crescendo do entusiasmo que o disco nos proporciona e você espera pelo que vem a seguir, mas…. Mas o EP possui apenas essas duas faixas e essa é minha única crítica ao mesmo. Como, Fireline? Como é que você nos deixa com tanta expectativa assim? Eu garanto que quando a segunda música terminou, ainda fiquei aguardando para verificar se eu não estava enganado, se não haveria mais. Faça o teste, você que está lendo, e veja se após degustar esse EP você não vai ficar na ânsia por mais material! Eu ficarei na espera e vou aguardar que André e Giovanni, os compositores do material aqui disponibilizado, arregacem as mangas e nos tragam logo mais músicas.
E quando o disco terminar, quero continuar sentindo essa expectativa de que haverá mais.
Formação:
Rilvas Silva (vocal);
André Rodger (guitarra);
Giovanni Sena (baixo);
Mario Miranda (bateria).
Faixas:
01 – Give Life a Chance
02 – Under Fire