Verão europeu se aproximando do fim, temporada dos grandes festivais encerrada e nos já falamos de Inferno Metal Festival da Noruega e será da Noruega que falaremos novamente agora, aliás com um festival que realmente representa a mudança das estações, o Tons Of Rock, que aconteceu do dia 27 ao dia 29 de junho.

Em área aberta o festival marca o fim dos dias de neve dos fiordes e mais facilidade de locomoção.
Este ano o festival não foi realizado na Fortaleza Fredriksten em Halden como aconteceu nos anos anteriores, mas ocorreu em um grande espaço gramado na área de Ekeberg, em Oslo, isso gerou muitas reclamações a princípio sendo que a maior parte do público tinha a fortaleza como a casa oficial do festival.

As linhas de ônibus transportaram o público do centro da cidade até o novo local e embora os ônibus estivessem lotados havia uma ótima atmosfera pois todos estavam empolgados em ir ao festival, finalmente um pouco mais de conforto ao ar livre e vocês não imaginam o quanto isso faz diferença aqui após o inverno.
Também havia uma boa área de camping no local e tornou a mudança de localidade um pouco menos agressiva.
Os primeiros a subir ao palco principal e abrir o festival foram a banda norueguesa Black Debbath, “Heavy metal humorizado e politicamente incorreto”, que tocam no festival todos os anos. Muito do seu conteúdo lírico humorístico e brincadeiras entre músicas foram perdidos para mim, algumas coisas não soam tão engraçadas na comparação do idioma ao português mas pelo menos a apresentação ao vivo ainda é incrivelmente divertida. Vestidos com shorts jeans, botas de cowboy e tatuagens, eles fazem um ótimo show. A certa altura, o vocalista e guitarrista Lars Lønning pegou um pula-pula e pulou pelo palco tentando beber uma lata de cerveja ao mesmo tempo. Eu nem preciso dizer que isso se tornou imediatamente hilário.
A próxima banda que eu fui ver foi a banda de metalcore de Sheffield, While She Sleeps, que tocou no palco Scream. Eu conheci os caras a algum tempo atrás quando fotografei um evento mas nunca tinha visto eles ao vivo antes. E eles foram brilhantes, Lawrence é um grande vocalista e os cinco estavam cheios de energia. A multidão estava adorando e não havia escassez de “surfistas” durante o show, era evidente que o público se divertia.
Em seguida, no palco principal, estavam os homens do Blackened death metal polonês Behemoth.
Além de todos os efeitos pirotécnicos e palco pré preparado para a entrada do KISS no final da noite o Behemoth havia incorporado suas próprias “chamas” e havia um pouco de vento chicoteando tudo então foi um tanto estranho observar fotógrafos e público correndo pra mudar de lugar durante a apresentação. O Behemoth sempre faz um ótimo show mas devo dizer que sua teatralização é mais adequada para um quarto escuro do que sob o sol escaldante do meio do dia.

A próxima banda que eu fui ver foi a banda punk celta de Massachusetts Dropkick Murphys no palco principal. Eu os vi tocar ao vivo uma vez antes na Brixton Academy e eles fizeram um ótimo show em um outro festival também. A multidão estava realmente apegada na música deles e havia uma atmosfera brilhante.

No primeiro dia do festival, como parte de sua turnê mundial End of the Road, estavam as lendas do Hard Rock KISS. Eles tinham uma ótima montagem de palco que apresentava plataformas móveis, grandes luzes móveis, adereços adornando as bordas do palco, uma bola de espelhos e uma conexão que ligava o palco à mesa de som. A banda é famosa por ter um dos melhores shows ao vivo, e certamente não decepcionou!
Gene Simmons que completou 70 anos no mês seguinte ao festival fez todos os movimentos que eu esperava, o que o envolveu colocar sua língua extraordinariamente longa para a multidão. Havia chamas, havia confete e havia uma queima de fogos triunfante no final. Nada menos que espetacular!

No segundo dia do festival Tons of Rock eu estava me sentindo melhor do que no dia anterior pra conferir mais bandas do que eu havia conseguido na quinta-feira. O sol estava brilhando e havia uma excelente atmosfera no local.
A primeira foi a banda de Heavy metal mongol The Hu que tocou no palco Scream e eu apenas posso mencionar um grande “Uau” sobre tudo que eu vi. Eu fiquei impressionada desde o começo! Eles abriram seu set com “Shoog Shoog” perfurando o ar com todos os cantos de “shoog”, e todos na multidão lotada se juntaram ao coro. Banda brilhante, e eu definitivamente vou conferir de novo em uma nova oportunidade.
Em seguida, seguindo uma recomendação de um colega fotógrafo, fui ao palco Vampire (como o palco Scream, também em um tipo tenda e também com o nome de uma pintura de Munch) para conferir o Hällas, uma banda de Rock progressivo da Suécia. A banda usava capas e maquiagem metálica nos olhos e eu realmente gostei do som deles.
Depois disso eu voltei ao palco Scream para uma performance da banda britânica TesseracT, uma banda que eu queria ver ao vivo por um longo tempo. O vocalista Daniel estava muito animado e regularmente subia a barreira para interagir com a multidão. Eu não tinha certeza sobre quantas músicas seriam executadas mas a banda tocou um ótimo set, incluindo faixas do último álbum Sonder, lançado no ano passado.
Depois, voltei ao palco principal para a banda australiana de Hard Rock Wolfmother. Lembro-me desses caras sendo muito populares em 2005 e 2006 mas nunca os tinha visto ao vivo antes. Com apenas um pano de fundo exibindo o nome da banda por trás deles eles inicialmente pareciam bastante esparsos no grande palco, com certeza mais do que possuíam antes. Eles tinham ótimos riffs e melodias cativantes e a platéia realmente gostou do set, assim como eu.

Quando vi que a lendária banda norueguesa de Black metal Mayhem estava na programação eu sabia que tinha que ir vê-los. Eu me preparei mentalmente para as partes de sangue e “nojeiras” habituais mas (pelo menos nas três primeiras músicas) não havia nada a ser visto. Soltei um suspiro de alívio por não precisar limpar o sangue da minha cara. Além do vocalista Atttila, a banda estava toda vestida de uma maneira relativamente normal, mas é claro que ele tinha sua marca registrada pintada no rosto e parecia exatamente como eu imaginaria. Eu não fui capaz de ficar por muito tempo no set deles enquanto corria para o palco Vampire para assistir a banda britânica de metalcore Bury Tomorrow.

O último álbum da banda, Black Flame, foi trago à minha atenção por um amigo e eu adorei desde o início. Isso foi no começo do ano, quando eu estava muito deprimida e estressada com o meu trabalho diário e a mistura de vocais gritados, melodias cativantes e riffs groovy pareciam agradar e acalmar o meu humor. Eu estava ansiosa para vê-los ao vivo desde então e eles não decepcionaram. Apesar de o cenário estar em conflito com o Mayhem, a platéia estava lotada. O vocalista Daniel pareceu igualmente surpreso e agradeceu à multidão pelo apoio. Eles são uma ótima banda ao vivo e eu estava ansiosa para vê-los tocar Black Flame na íntegra em alguns próximos festivais.
Eu tive que pular as duas últimas músicas do set do Bury Tomorrow, quando os titãs do Thrash metal Slayer estavam prestes a tocar no palco principal, seu último show na Noruega. Eu assisti ao seu último show de Londres no final do ano passado. Havia uma atmosfera de alegria e tristeza da multidão e isso também era visível nos rostos da banda e público aqui.
Tom Araya frequentemente tinha um sorriso agradecido em seu rosto enquanto eles tocavam em um cenário matador. Foi agridoce para todos os envolvidos. Farewell Slayer, obrigado pelos bons tempos!

Pessoalmente fiquei surpresa que o Slayer não fosse a atração principal do festival naquele dia, mas esse espaço foi concedido à banda dinamarquesa de Heavy metal Volbeat que foi a última banda a tocar no palco principal na sexta à noite.

Eu tinha visto tantas camisas do Volbeat no festival naquele dia quanto as camisas do Slayer então a banda era obviamente popular o suficiente para enfrentar o desafio e tentar caminhar por onde o lendário Slayer estivera poucas horas antes.
Nada jamais superaria a performance principal do KISS no dia anterior, mas Volbeat fez um ótimo set e o público adorou. Peguei uma cerveja gelada que me custou cerca de 8 Kronos, um valor um pouco alto que rendeu muitas reclamações, e absorvi o sol da tarde com os amigos.

Eu prometi a mim mesma no ano passado que eu tentaria o possível para participar do festival todos os anos, é até uma tradição por aqui, participei do festival Tons of Rock de 2018 e eu adorei, mas houve pelo menos um dia em que choveu, e isso aparentemente é uma constante, todos os anos, o público é contemplado por um dia de chuva, influência da mudança de estação. Não neste ano, céu limpo e sol o tempo todo, e este último dia foi o mais quente. Eu estava começando a me arrepender de usar jeans preto.

Os primeiros a subir ao palco principal foram a banda norueguesa de Rock The Dogs de quem eu nunca tinha ouvido falar mas meus amigos sugeriram que eu aproveitasse o show porque eles eram divertidos. Meu Deus, eles estavam certos. Todos os seis membros da banda estavam cheios de energia, mas o vocalista Kristopher Schau era outra coisa, ele mal ficou parado durante todo o show. Kristopher apontou para nós e estava dizendo algumas coisas em norueguês e a multidão estava rindo. Foi ótimo. Para a música final, “Oslo”, Kristopher pulou a barreira, tirou a camisa e começou um moshpit na multidão, ainda cantando.
Foi uma loucura e incrível, e eu fiquei tão feliz que consegui não apenas testemunhar algo assim mas também ter um dia incrível com sabor de verão, sabe aqueles dias para ficar na memória? Este com certeza foi um.
Eu devo admitir que eu não gosto de exposição prolongada à luz direta do sol e depois de tanto tempo no set do The Dogs eu fui obrigada a trocar o meu jeans (agora encharcado) antes de ir para a sombra do palco para checar a banda alemã de Heavy metal Powerwolf.

Grande presença de palco de toda a banda e o tecladista fez questão de não perder a ação ao chegar à frente do palco, muito enérgico incendiaram a multidão.
Mais tarde, eu estava de volta aos palcos para a banda californiana de Thrash metal Testament. Esperávamos na área de imprensa e quando as luzes se apagaram a fumaça encheu o palco e a multidão rugiu. Nós apontamos nossos olhos para o palco mas a banda não era para ser vista, apenas enormes nuvens de fumaça branca. Eventualmente, a fumaça se dissipou e a figura familiar de Chuck Billy se tornou visível. Estes caras são sempre ótimos ao vivo e eu gostei muito do set deles.

Eu tenho um pouco de fraqueza pela banda sueca In Flames, que foi a próxima no palco principal. O novo álbum pode não ser muito popular entre os fãs mais antigos mas ainda gosto de vê-los ao vivo. Havia um fluxo quase constante de homens jovens e sem camisa surfando na multidão e se divertindo.

A formação atual da banda inclui Chris Broderick (ex-Megadeth) que foi excelente e também um cara cercado por nada menos que cinco teclados. Além de alguns de seus materiais mais recentes fiquei satisfeita por tocarem “Colony” e “Cloud Connected“, que despertaram alguns dos discípulos que estavam assistindo o set da banda no bar e deitados na grama curtindo a vibração geral da música.

Em seguida, fui para o palco Vampire para ver Carcass que eu nunca havia percebido ser de Liverpool. Outra banda com muita fumaça e principalmente contraluz, mas produziram um ambiente muito atmosférico ao festival.

Fechando o festival deste ano as lendas do Pop rock Def Leppard e eu nem preciso dizer que neste momento eu estava animada, mesmo sabendo que a banda passava longe dos gloriosos anos 80.

Eles podem até ter se dando bem mas ainda fazem um show brilhante. Nenhum espetáculo como o KISS na noite de quinta-feira mas poucas bandas podem tocar como o KISS quando se trata de um show ao vivo, exceto Rammstein (na minha opinião). Eles tocaram todos os seus hits, incluindo a minha favorita “Pour Some Sugar On Me“, que foi ótimo de ver ao vivo.
E assim terminou mais um ano do Tons of Rock.
Eu amo esse festival e é sempre um destaque do meu ano. Tanto a equipe quanto os participantes do festival são sempre muito simpáticos e acolhedores e embora exista um pouco de exagero nos valores de bebidas o Tons Of Rock ainda é um festival chave abrindo a temporada europeia.

Bandas em 2019
Kiss, Volbeat, Def Leppard, Dropkick Murphys, Slayer, In Flames, Behemoth, Satyricon, Wolfmother, Raga Rockers, Dream Theater, Gluecifer, Ulver, Amaranthe, Black Debbath, Djerv, While She Sleeps, Perpurator, Heave Blood and Die, Mayhem, Tesseract, Conception, Posessed, Bury Tomorrow, Vreid, Vltimas, The Hu, Hällas, Testament, Powerwolf, Oslo Ess, The Dogs, Carcass, Circus Maximus, Kalmah, Inglorious, Oblitaration, Black Viper

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