Entrevista – Fleesh: sonoridade pesada, densa, sombria, revelando uma atmosfera mais Dark

O casal Celo Oliveira, produtor musical e multi-instrumentista e a cantora Gabby Vessoni me receberam no Kolera Studios, no Rio de Janeiro, para um animado bate-papo, para falar sobre sua carreira e o futuro do Projeto Fleesh, de Atmospheric Progressive Rock. O projeto da dupla, que em 6 anos já lançou três trabalhos autorais e alguns tributos, além de diversos vídeos, virou banda e subiu aos palcos.

-Obrigada por me receberem. O que nasceu primeiro? O casal ou o Projeto?

O casal (risos). Nos conhecemos quando a Gabby ainda era bem nova e era fã de meus antigos trabalhos. Fomos nos aproximando e depois começamos a namorar, ela em São Paulo e eu no Rio. Só depois que ela veio morar no Rio de Janeiro, que nos envolvemos musicalmente. Ficamos pensando em que tipo de trabalho poderíamos fazer juntos, até que surgiu o Fleesh.

-Excelente. Um grande desafio, por sinal, não? Em 2015, o Projeto lançou o primeiro trabalho autoral, “My Real Life”. Como vocês classificariam o som do debut?

Sem dúvida um grande desafio. Na verdade, esse trabalho é bem experimental. Não nos preocupamos muito com rótulo, apenas em fazer música. Mas, nos deu um caminho, pois, logo em seguida lançamos um vídeo para uma versão que fizemos da música “Open in out”, do Renaissance, que foi muito bem recebido pelo público, acabando por nortear, por assim dizer, o som da Fleesh, nos direcionando ao Progressivo.

-Vocês não param, estando sempre em atividade, seja compondo ou produzindo vídeos-tributo. Isso é ótimo. O segundo álbum “What I Found”, foi lançado em 2017, já sob a sombra do Progressivo. Esse caminho foi natural?

Exato. Gravamos no final de 2016, lançando no ano seguinte. Foi a partir daí, que fincamos a bandeira no Rock Progressivo. O próprio público nos abraçou dessa maneira.

-Como são divididas as tarefas dentro do projeto?

Eu, Marcelo, componho toda a parte instrumental e gravo todos os instrumentos, a Gabby escreve as letras e canta.

-Por falar nisso, uma curiosidade, por que Fleesh? O que significa?

Interessante isso, porque a palavra, na verdade, não existe (risos). O nome seria outro, mas quando fomos registrar, descobrimos que já existia, então, teríamos que escolher outro nome. O que faríamos? Usamos um programa de computador, que cria palavras, de forma aleatória, com as letras que são inseridas. Dentre as sugestões, apareceu “fleesh”. Gostamos e adotamos o nome.

-Uau, que curioso! Olhando a grafia da logo criada, isso me remete a algo que flui, como as águas de um rio, num fluxo constante e interminável. Parece que casou bem com a proposta musical, calcada no Progressivo.

Sim, verdade. Mas, apesar de nosso caminho seguir no Progressivo, uma enquete feita com nosso público mostrou que os fãs, no geral, nos desvincularam do estilo, porque recebemos diversos pedidos de sugestões bem diferenciadas em relação ao Progressivo.

-Isso seria ruim, de alguma forma?

Em absoluto. Ter a liberdade em compor, sem nos prender a um estilo é gratificante, nos faz bem.

-A relação de vocês com público é intensa!!!

Sim, temos mais de 5 mil pessoas inscritas em nossa página no Facebook. Esses números estão crescendo a cada dia, o que nos gratifica muito. Também em nosso canal no YouTube, com mais de 10 mil inscritos.

-Sem dúvida, impressiona por vocês terem apenas 6 anos de atividade. Parabéns!!!

Obrigado. Somos muito gratos aos nossos fãs.

-Bem, a Fleesh entrou em 2019 com álbum novo, “Across the sea”. Esse novo trabalho autoral tem um significado mais profundo?

Tem sim, a começar pela sonoridade, mais pesada, densa, sombria, revelando uma atmosfera mais Dark. Isso foi intencional, porque é meio conceitual, por assim dizer, baseado em entrevistas e experiências com pessoas reais sobre a depressão. As músicas revelam dramas mentais, em graus variados de dor mental, onde pode até levar ao quase suicídio, ou ao suicídio de fato, como mostra a última música. As faixas vão descortinando as progressões da doença.

-Já que estamos falando em 2019, o projeto cresceu e deu um salto importante com a entrada de outros músicos. Tive a felicidade de vê-los no palco, no final do ano passado e fiquei impressionada.

Exato, a entrada de outros músicos, como apoio, nos elevou de um projeto para o formato de banda. Assim, podemos chegar aos palcos, tocando ao vivo.

-Vocês foram à América do Norte e tiveram um icônico encontro com a banda Brave, que é uma das influências de vocês.

Oh, isso foi magnífico, surreal. Tocar com eles, gravando um de seus clássicos, com todos juntos, foi emocionante.

-Por falar em surreal, vocês me proporcionaram uma experiência magnífica, que foi saborear uma pizza vegana. Surpreendente!

Ah, isso, somos veganos. Temos um respeito enorme pela vida, de qualquer espécie. Isso é um contraponto, porque muitos nos julgam como radicais, por sermos veganos. Mas, veganismo não é radicalismo. Ser radical é acabar com uma vida para aproveitar pouco de um animal, sujeitá-lo a uma tortura, jogando fora todo o resto.

-As pessoas tem medo do que não conhecem, não sabem. Preferem julgar e condenar. Como mulher trans, sei muito bem o que é isso. Precisamos aprender a nos despir de um conceito pré-moldado e nos permitir conhecer o que não sabemos.

Sim, exatamente.

-Bem, como ter em mãos os trabalhos da Fleesh, sejam autorais ou tributos?

Nossa loja virtual funciona tanto no site, quanto no Facebook. Lá temos disponível nosso segundo CD autoral “What I Found” e o terceiro álbum autoral “Across the sea”, bem com o “Rush Tribute”, e o “Marillion Tribute Duplo”.

-Celo e Gabby, muito obrigada por me receberem. Nosso bate-papo foi sensacional. Desejo a vocês todo o sucesso do mundo e que vocês continuem a nos presentear com essa simpatia e lindas músicas.

Nós que agradecemos. Estamos sempre às ordens. Inscrevam-se nos nossos canais, pois teremos muitas novidades em breve. Desejamos a você, Jenny, muito sucesso também. Um grande abraço a todos.

https://www.facebook.com/fleeshofficial/

Nota da entrevistadora: Essa entrevista ocorreu antes da pandemia do Coronavírus, portanto não foi quebrada nenhuma regra em relação às restrições de isolamento social.

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