O Fates Prophecy lançou em 1998 seu primeiro álbum “Into The Mind” imediatamente chamando a atenção da mídia especializada e dos headbangers. A partir daí, a banda se tornou referência no Metal nacional e solidificou seu caminho dentro do Heavy Metal lançando “Eyes of Truth” em 2002 e “24th Century” em 2005. Após alguns anos, o quarto álbum de estúdio, “The Cradle of Life”, foi apresentado, passando por uma fase de incertezas. Com a bem-sucedida tour de seu mais recente álbum e uma nova mudança na formação, fomos ao “QG” da banda conversar com o guitarrista e fundador Paulo Almeida e o vocalista Leonardo Beteto para saber sobre os novos rumos do Fates Prophecy.
Roadie Metal: Para começarmos, qual foi a repercussão e saldo do lançamento e turnê de seu mais recente trabalho “The Cradle of Life”?
Paulo: A repercussão foi muito boa. As pessoas que gostam da nossa música e acompanham nossa carreira gostaram bastante do resultado do álbum. Foi um processo muito difícil, da composição do álbum até o lançamento, então, poder cair na estrada tocando as músicas dele foi e está sendo ainda bem gratificante.
Roadie Metal: Leonardo Beteto está efetivado na banda desde 2014. Sendo o quarto vocalista na formação, juntando-se também ao time o guitarrista Carlos Kippes. Fale sobre eles e houve uma preocupação especial desta vez em buscar alguém que se encaixasse aos anseios e tempo de estrada do Fates Prophecy?
Paulo: Eu nunca imaginei que houvesse tantas mudanças de formação quando começamos a banda, mas muitas coisas aconteceram no nosso caminho até hoje. Algumas mudanças foram necessárias para o bem da banda e outras aconteceram naturalmente, e mais do que nunca desta vez nós precisávamos de pessoas que se envolvessem de verdade com o projeto, e claro, que se encaixassem musicalmente. Dito isso, só resta dizer que o Leonardo e o Carlos foram perfeitos, se encaixaram em tudo 100%, e pode parecer clichê dizer isso, mas parece que tocamos juntos a vida toda, realmente a química entre nós dentro e fora do palco está perfeita.
Leonardo: Com certeza posso dizer que fomos bem recebidos. Sem dúvidas, uma das coisas mais importantes para um vocalista é se sentir à vontade, e desde o teste que fiz com os caras, me senti bem confortável e livre para poder interpretar as canções a minha maneira. Em contrapartida, sabia que estaria ingressando em uma banda com muitos anos de estrada, bastante reconhecida no cenário nacional e de músicos gabaritados. Como o Paulo bem disse, parece que sempre tocamos juntos, e a química é inegável.
Roadie Metal: Desde o lançamento da primeira demo-tape, “Pay For Your Sins”, já se percebia o enorme potencial que o conjunto possuía. A banda caiu no gosto do público brasileiro e sempre foi citada entre os de primeiro escalão. Há uma cobrança por se superar a cada trabalho?
Paulo: Sim, mas nada muito estressante. Sempre tentamos evoluir e fazer com que cada álbum apresente alguma diferença ao anterior, então existe uma preocupação em continuar fazendo boa música e com uma boa apresentação. Um exemplo disso foi o lançamento de “The Cradle of Life”. Antes de lançá-lo com a Arthorium Records, tivemos outras propostas para lançarmos o álbum, mas todas pediam para baixarmos a qualidade do álbum, encarte simples, vários detalhes que consideramos um retrocesso…
Roadie Metal: Como estão os trabalhos de composição e gravação do novo álbum com a nova formação? Podem nos adiantar algo sobre isso?
Paulo: Para falar a verdade, ainda não temos nada pronto. Queremos começar a compor e gravar ainda em 2016, mas por enquanto temos apenas algumas ideias. Mas sem dúvida será algo muito bem pensado, com uma boa história, boa capa e com esta nova formação haverá mais colaboração nas composições, novas idéias, etc.
Leonardo: Inspirações e ideias novas são o que não faltam. Digo por mim que estou bastante ansioso, no sentido positivo, para começarmos a compor o material novo. O Paulo é a energia motriz e criativa da banda, mas cada membro tem sua parcela e responsabilidade para criar. É como havia dito anteriormente, temos total liberdade para fazer a roda girar.
Roadie Metal: O Fates Prophecy é essencialmente uma banda de sonoridade ligada à NWOBHM, e apesar das tendências atuais, modernizou-se mantendo suas raízes.
Paulo: Eu acho que nossa música é o Heavy Metal. Nós pendemos mais para o tradicional dos anos 80, mas nem no começo da banda a nossa ideia foi soar como uma banda dos anos 80. Nós não temos medo de escrever a respeito de qualquer assunto, mas não gostamos de falar de dragões, fadas e guerreiros. Respeito a opção de bandas que escolhem estes temas e sonoridade, mas preferimos mesmo ser atuais sem querer correr atrás da moda.
Leonardo: O diferencial da banda em si sempre foi manter-se fiel a proposta do Heavy Metal tradicional, mas deixando uma marca diferenciada em cada lançamento. Cada álbum tem sua particularidade, mas sem perder a sonoridade da banda.
Roadie Metal: Vocês foram uma das primeiras bandas a disponibilizar um lançamento (The Cradle of Life) na íntegra para os fãs. Hoje, por causa do domínio dos MP3 e a troca de arquivos, os CDs atualmente são vistos como um cartão de visitas das bandas que voltaram a ter os shows como sua fonte de renda. Qual sua visão disso?
Paulo: O nosso caso foi bem simples: estávamos com o álbum pronto e só recebendo propostas “indecentes” dos selos especializados, então foi a maneira que encontramos de fazer o trabalho chegar aos nossos fãs. O nosso pensamento foi que se teríamos que dar o álbum de mão beijada para um selo que não investiu nada na banda, e ainda lucrar sem trabalhar pela banda, o correto seria dar para quem merecia: – Nossos fãs! O nosso meio passa por um período muito difícil. A banda precisa ter um CD lançado para conseguir agendar shows, então muitas vezes a banda investe o dinheiro do próprio bolso para gravar e lançar, mas infelizmente este dinheiro não retorna. Não é fácil ter uma agenda de shows, e mais difícil ter boas condições, bons contratantes. A banda não consegue sobreviver apenas com o cachê de shows, isso quando tem. Esta é a situação atual, mas como todo músico de Heavy Metal gosta do que faz, estaremos sempre correndo atrás dos nossos sonhos e torcendo para que nosso cenário melhore, assim como a economia do país.
Roadie Metal: Como está a repercussão da banda fora do Brasil? Há planos para uma turnê fora do país nos próximos lançamentos?
Paulo: Sempre há planos, mas é extremamente difícil. A banda precisa estar acontecendo no exterior antes de excursionar, os álbuns precisam estar lançados, distribuídos e muito bem trabalhados na mídia para podermos fazer uma tour fora do Brasil. Todos nossos álbuns foram distribuídos na Europa, EUA e Japão, mas nunca com esta boa estrutura que abre o caminho da banda. Já tivemos convites para tocar na Europa como muitas bandas brasileiras menores já fizeram, mas não achamos boas as condições, inclusive por ter visto o resultado que outras bandas deste porte tiveram.
Roadie Metal: Pessoalmente, qual o álbum preferido do Fates Prophecy para vocês?
Paulo: Eu vivo em um dilema em relação a esta pergunta (risos)! Eu fico dividido entre “Eyes of Truth” e “24th Century”. Os dois foram muito especiais para mim, por todo o conceito, a composição, o clima que envolvia a banda na época. É difícil escolher um, com certeza.
Leonardo: Meu preferido é o “Eyes of Truth”. Mostra uma banda coesa e amadurecida, tanto que ele não sai do som do meu carro.
Roadie Metal: A banda já gravou fantásticos covers de músicas do Iron Maiden, Crimson Glory e Scorpions. Há alguma versão em especial que você ou a banda ainda gostaria muito de fazer?
Paulo: Sim, várias! Não vou falar das músicas porque com certeza algumas serão gravadas ainda, mas bandas como Queensrÿche, Pink Floyd, Marillion, The Mission, Paradise Lost, Judas Priest. Tem muita coisa que gostaria de gravar.
Roadie Metal: Olhando para trás, como vocês vêem hoje o álbum de estréia “Into The Mind”, que contém dois hinos do metal brasileiro: “Walking Alone” e “Time To Live”?
Paulo: Eu acho que foi um trabalho muito inspirado e que nos “apresentou” ao mundo do Heavy Metal, com ele definimos o que seríamos como banda e onde queríamos chegar. Hoje é bem fácil gravar e lançar um álbum, mas em 1998 não era nem um pouco, e nós tentamos apresentar um material muito bem produzido, muito bem feito graficamente. Praticamente nenhuma banda brasileira tinha um disco de estréia com esta qualidade, então foi um grande diferencial. Particularmente eu não gosto muito dele, hoje quando ouço, acho ele bem imaturo, mas é natural, éramos imaturos como pessoas e como músicos, mas é um bom álbum.
Roadie Metal: Pesquisando para fazer esta entrevista, percebe-se que na internet os fãs de vocês se dividem muito sobre quais de seus álbuns são os melhores, não havendo uma unanimidade. Imagino que seja em termos gerais, um grande retorno para o Fates Prophecy, concorda?
Paulo: Sim. É muito interessante estas opiniões serem tão diferentes. É sinal que fizemos alguma coisa direito na nossa carreira… (risos). Na banda mesmo não temos uma unanimidade neste assunto, então é gratificante, mas creio que seja até porque fizemos álbuns bem diferentes entre si.
Leonardo: Pois é, gosto é gosto, e cada álbum tem sua marca e seu diferencial. Significa que o Fates vem fazendo um bom trabalho.
Roadie Metal: Paulo, sendo o guitarrista e principal compositor da banda, quais são suas influências pessoais? E com quais artistas gostaria de ver o Fates Prophecy dividindo o palco?
Paulo: Eu tenho um gosto bem variado dentro do Rock. Minhas bandas preferidas, que eu realmente ouço desde criança são Iron Maiden, Marillion, Pink Floyd, Scorpions, Rush e The Mission. Todas estas bandas me influenciam de alguma maneira, não só como guitarrista, mas como compositor e como inspirações para escrever letras, etc. As minhas influências como guitarrista são Dave Murray, Adrian Smith, David Gilmour, Gary Moore, Richie Sambora, Eric Clapton. Em relação a dividir o palco, não gostaria de dividir com o Iron Maiden. Eu já participei do “Stage Crew” em um show deles e cantei “Heaven Can Wait”, e isso já foi emoção demais para mim, eu não conseguiria tocar antes deles. Gostaria de dividir o palco com Scorpions, Paradise Lost, Saxon, Europe, Rammstein, bandas que gosto muito e que são diferentes do nosso estilo.
Roadie Metal: Quais os próximos passos na carreira do Fates Prophecy?
Paulo: Primeiramente compor um novo álbum, que é algo que queremos começar logo, e curtir todo o processo desde a gravação até o lançamento. Depois disso, cair na estrada novamente, e ver o que o futuro nos aguarda.
Leonardo: Ainda estamos nos divertindo, fazendo shows e promovendo “The Cradle of Life”, conhecendo lugares novos; mas em breve estaremos nos focando no novo trabalho, ensaios, gravações, e é aí que vem mais diversão.
Formação:
Leonardo Beteto (vocais);
Paulo Almeida (guitarra);
Carlos Kippes (guitarra);
Rodrigo Brizzi (baixo);
Sandro Muniz (bateria).
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