ENTREVISTA: “EXECUTER” – SINCERIDADE À FLOR DA PELE

Passado mais de um ano de sua primeira tour pela a Europa eu conversei com Juca Garcia, vocalista do Executer, pra falar um pouco sobre essa experiência e sobre a carreira desta que é uma das lendas do Thrash Metal brasileiro. O que mais me chamou a atenção nesta entrevista foi a sinceridade das respostas. Sem firulas ou estrelismo o vocalista respondeu tudo com a honestidade de quem não precisa provar mais nada a ninguém.

 

“Helliday”, 4º álbum de estúdio, é o mais econômico de toda a discografia da banda, com apenas 8 faixas, além de ter um tempo total de pouco mais de 30 minutos. Esse padrão adotado historicamente pela banda tende a se manter nas próximas gravações ou é apenas mera coincidência? Como se chega a esse número?

Juca- Foi mera coincidência. Apesar de não termos um disco longo, não gostamos muito de muitas musicas, acho cansativo, preferíamos dar uma tapa na cara, logo de uma vez. Assim aquele que gosta de thrash verdadeiro já se identifica com o álbum logo de cara.

 

Algo que chama muito atenção em “Helliday” é a arte da capa, já que o conceito é cada vez mais atual. A banda cogitou contratar o mesmo artista que produz as capas dos álbuns do Megadeth, mas acabou optando por uma alternativa nacional. Contem-nos um pouco dessa história.

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Juca- A razão pela qual fizemos com a Giovana é que uma banda underground que vive com o dinheiro do bolso e mal consegue pagar suas contas. Infelizmente não temos cash pra pagar o Ed Repka. Entramos em contato com ele, mas vejo que esse é um sonho distante de realizar. Mas ficamos contentes com o desenho dela.
Cerca de 28 anos separam o primeiro registro fonográfico do ultimo, Óbvio que nesse meio tempo a banda adquiriu experiência e maturidade musical, mas em termos emocionais, existe alguma semelhança entre os momentos vividos dentro do estúdio para as gravações de “Prisioner of Darkness” e “Helliday”? A expectativa era a mesma ou são dois sentimentos diferentes?
Juca- A emoção é a mesma, nós dos Executer somos sonhadores até hoje, somos uma banda desconhecida do público em geral, e o que difere daquela época é que éramos todos muitos malucos, hoje melhoramos um pouco, mas nada passa de um sonho, de um hobbie. Estamos aqui para tocarmos de vez em quando e encontrar amigos, não temos maiores expectativas.
Como funciona o processo de composição da banda? O que vem primeiro: a letra ou o riff?
Juca- A letra vem primeiro, ai começamos todos juntos, já com alguns riffs na manga, ai vamos tentando e tentando até que surgem ideias novas. Nunca alguém do Executer chegou com algo pronto. O que acho uma merda, pois ia economizar tempo pra caralho!!!!!!

 

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“A experiência mesmo foi da viagem e de tocar pra públicos diferentes, a vida do Executer não mudou em nada.” – sobre a tour europeia

 

Vocês completaram um ano da primeira excursão internacional da banda. Existe alguma perspectiva de repetir essa ventura?
Juca- Esse é o outro sonho distante, todos sabem que banda como a nossa tem que pagar pra ir, então é muito difícil do jeito que as coisas andam hoje de juntarmos dinheiro de novo, quem sabe num futuro distante.

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“…eu não me cuidei, dormi mal pra caralho, bebi muito e descansei nada, mas consegui chegar no último show em Londres com a voz potente… O que ajudou a gente foi muita cerveja gringa pra aguentar o tranco.” sobre a tour europeia

Durante essa turnê vocês vivenciaram uma situação diferente da qual estamos acostumados aqui no Brasil que é a de tocar quase todos os dias. Levando se em conta que os quatro integrantes já não têm mais 18 anos, como vocês sentiram essa viagem fisicamente? Ouve algum preparo especial, principalmente do vocalista, ou transcorreu normalmente?

Juca- Preparo nenhum, fomos e encaramos pra ver o que ia dar, nunca fizemos tantos shows assim. O Executer é uma banda que toca uma ou duas vezes por mês, quer dizer, fizemos num mês, o que a gente toca num ano. O quer ajudou a gente foi muita cerveja gringa pra aguentar o tranco. Sinceramente eu não me cuidei, dormi mal pra caralho, bebi muito e descansei nada, mas consegui chegar no último show em Londres com a voz potente, foi da hora!!!!
Um ano depois qual a avaliação que vocês fazem da experiência de passar quase um mês tocando na Europa? Quais os erros, os acertos, o que vocês mudariam no caso de uma nova experiência do tipo?
Juca- A experiência mesmo foi da viagem e de tocar pra públicos diferentes, a vida do Executer não mudou em nada. Continuamos vendendo poucos cds, como sempre, fazendo poucos shows e a vida continua a mesma. Só na época que deram um pouco mais de espaço na mídia interna, mas depois todo mundo esquece. Faríamos tudo de novo, como foi feito. Pra uma banda como nós, não poderia ser diferente.

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A banda vem organizando nos últimos três anos o “Executer Fest”, porém na ultima edição o público deixou muito a desejar visto que talvez tenha sido esta a edição com o line up mais expressivo. Essa ausência de público deve afetar a realização de uma nova edição em 2015?
Juca- Com certeza, por enquanto não vamos mais fazer. O público fiel paga pelos bundas moles, a região não merece um evento como o Executer Fest. Se depender de mim e do Elias, nunca mais!!!!
Se fossemos enumerar os motivos deste momento da cena metálica no Brasil precisaríamos de muitas linhas. Na visão de vocês qual é o fator preponderante para essa evasão de públicos dos eventos voltados para o rock nacional?
Juca- Crise econômica, muitos shows gringos atrapalhando os undergrounds, metaleiros de internet que só colocam pilha e não aparecem. Acho que falta é neguinho de atitude como tinham nos anos 80.

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“…O público fiel paga pelos bundas moles” – sobre o possível fim do Executer Fest

Vocês são de um tempo em que não havia tantas ferramentas de divulgação como hoje e ainda assim era possível colocar quase 2000 pessoas no Aeroviários de São Paulo com pouco menos de um mês de divulgação boca a boca. O que diferenciava a cena dos anos 80 da dos dias de hoje?
Juca- O que eu disse na anterior. Atitude e vontade. Antes todo mundo se deslocava, apesar de que agora que é muito mais fácil tem trilhões de eventos toda semana, então os caras acabam escolhendo os mais práticos. Enfim, quem viveu aquela época viveu, agora as coisas são muito diferentes.
Ficaram satisfeitos com o resultado final do clipe recém-lançado com uma compilação de imagens obtidas durante a turnê europeia?
Juca- Porra se ficamos, são imagens que a gente vai guardar pra sempre, a edição ficou muito boa, pois tinha muitas horas de gravação e ainda tem muita coisa que ficou guardada. Mas é um registro foda pra nós!!!!

https://youtu.be/A4FNAWYBDVs
O que os fãs do Executer podem esperar para 2015? Existe alguma novidade em vista ou a vocês irão apenas trabalhar a divulgação de Helliday?
Juca- Nenhuma novidade, o que tinha de novo era o clipe, agora é seguir tocando e tentar fazer um novo álbum não sei pra quando. Vamos levando ai até onde der!!!!

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