Entrevista – Doomsday Hymn: banda fala da nova fase, criação das músicas e o polêmico rótulo de metal cristão

No dia 06 de abril, a banda Doomsday Hymn estava ensaiando no estúdio para o primeiro show com a nova formação no Doomsday Fest. Eu e a Angela Missawa acompanhamos um pouco desse ensaio, e conversamos com a banda sobre a história da Doomsday Hymn, a nova formação e, claro, as músicas novas. A Doomsday Hymn é formada atualmente por Gil Lopes no vocal, Renato Ribeiro e Jader Felippe nas guitarras, João Rafael no baixo e Jairo Messias na bateria.

Confira como foi a entrevista:

Fotografia: Angela Missawa

Fala um pouquinho da Doomsday, vocês ficaram dois anos em hiato? O que aconteceu?

Gil: A banda começou em 2013 e a gente fez bastante coisa, lançamos 2 eps e um disco full. Logo depois desse disco a gente fez uma turnê pela sulamerica. Lançamos o disco por um selo americano. Enfim, a aceitação foi bem bacana da primeira formação. Só que logo depois da turnê, a banda foi parando os trabalhos, foi diminuindo o ritmo e aí todo mundo saiu fora. Eu já vinha tentando fazer um projeto (Mancha) que até o Gleison (Júnior) deu uma força na época, que tinha o Renato e o Jairo. Só que não foi muito pra frente e a gente decidiu voltar com a Doomsday e foi bem legal. A aceitação dessa nova formação e das músicas novas está sendo bem bacana.

Você falou das músicas novas, o que vocês trouxeram de inovação no material?

Gil: Nós lançamos duas músicas agora, uma foi no final de 2018, que foi a música “O Fim” e ela é uma música que ela tem as raízes da banda, quem ouve fala, muita gente ouviu e falou: poxa dá pra ver que é realmente Doomsday, mas também dá para ver que tem uma cara nova, o som ficou mais moderno, acredito também que ficou mais acessível. No primeiro disco eu não fiz nenhum vocal melódico e essa música ela tem bastante vocal melódico, então já foi uma coisa que trouxe um diferencial. Comecinho de fevereiro a gente lançou a música “Sujo/Imundo” que é uma música bem crítica na parte da letra, ela fala bastante de uma forma crítica aos pastores televisivos, que assim, a gente sabe, fala muita merda. E isso é um pouco da raiz que o Doomsday sempre teve, de trazer a cobrança, das letras mais fortes, e essa música eu acredito que é muito mais Doomsday do que a outra música que a gente lançou, “O Fim”. Ela tem bem a cara do Doomsday. E agora estamos preparando o material novo.

Vocês vão fazer o lançamento por singles, ou vão lançar um ep, um disco?

Gil: Sim. Isso é uma mudança de estratégia que a gente teve, até na época do Mancha a gente conversou com o Gleison sobre isso. A gente vê muitas bandas trabalhando hoje com singles, porque é muito mais fácil. Te dar o exemplo do próprio Spotify. Se você lança um álbum, ele entende e trabalha aquilo como um lançamento. Se você lançar uma música hoje e outra amanhã, ele vai tratar cada música como um lançamento. Então, a divulgação desse material é mais fácil. E se você joga um disco hoje na internet, a galera vai ouvir e daqui uma semana já está querendo coisa nova. E é muito caro gravar aqui no Brasil, muito trabalhoso. Com singles é mais fácil. A gente lançou a primeira música com videoclipe, a segunda com lyric video e essa nova agora, a balada que estamos fazendo, ela vai ter um clipe novo também que vai ser bem especial.

Vocês estavam comentando que essa foi a primeira vez que vocês ensaiaram juntos. Conta um pouco sobre isso.

Renato: Um pouco antes de dezembro, o Gil se mudou para Santa Catarina. Ficamos eu, o Jairo, o João, depois entrou o Jader e pra gente é estranho né, porque a gente ensaia sem vocal. No começo a gente meio que se perdia, quem vai cantar, a gente não conseguia cantar e tocar ao mesmo tempo.

Jairo: Nas nossas músicas, as que a gente fez junto, até que ia. Mas as músicas antigas, não sei o que os caras tinham na cabeça. (risos) Aí foi mais complicado ensaiar sem o vocal como base.

Renato: As músicas antigas é muito riff, muito quebrado, muita velocidade. Então fica difícil para você tocar isso e cantar. Então a gente decidiu estudas as músicas, deixamos elas redondinhas e vamos só reproduzir o áudio. Todo ensaio a gente passa para ele, meio que troca os áudios por whatsapp.

Gil: Digamos que eu estou monitorando pelo Whatsapp. (risos)

Renato: A gente troca os áudios, passa o ensaio para ele, depois ele dá um toque para gente, alguma ideia que ele queira acrescentar a gente acrescenta e por aí vai.

Gil: Esse é o primeiro ensaio com essa formação na verdade. Comigo no caso. Porque eles já estão ensaiando entre eles faz um tempo. A banda já está redondinha, aí chega o vocal. Mas esse é o nosso primeiro ensaio junto e o primeiro show. Todo mundo junto.

 

Fotografia: Angela Missawa.

Você comentou que trouxe um vocal melódico para esse material novo e alguns elementos. Qual foi o motivo disso? Tem alguma participação interna? Um amadurecimento?

Gil: O que acontece foi assim. Ao longo dos três ou quatro anos que a gente trabalhou com a formação antiga, a gente era muito preocupado em fazer músicas realmente técnicas e era aquele negócio: vamos fazer uma música que o cara que vai ter que tirar vai se lascar. (risos)Então a gente se preocupava muito com isso e a gente trabalhou, querendo ou não de forma mais pesada, mais brutal. Era aquele negócio do feeling, da hora que a gente estava compondo e fizemos essas músicas. E assim, tivemos uma recepção ótima, ótima mesmo. Mas a gente percebia que ao vivo faltava alguma coisa. Por exemplo, breakdowns, a gente tinha mas eram poucos. A galera começava a moshar e logo mudava de andamento, porque como era progressivo, também tinha essa parte do progressivo na música, então quebrava um pouco os primeiros shows. Então fomos mudando. Aqui tem um breakdown, vamos fazer ele duas vezes, porque dá tempo da galera curtir mais e na hora que mudar de riff, a galera vai entender que trocou de riff. Então aí a música começou a funcionar mais. E na questão do melódico, o Doomsday é a minha primeira banda cantando rasgado, mais gutural e eu vim do power metal, do metal melódico. Quando eu montei o Doomsday em 2013 era um desafio para mim, ter uma banda de metal mais extremo, moderno e cantar rasgado, ninguém conhecia esse meu lado. Tanto que o primeiro show todo mundo falou: ué? Porque eles acharam que era uma banda de power metal e chegou lá era thrash metal core. Muitas pessoas que me seguiam naquela época cobravam: poxa, você podia cantar uns melódicos, podia ter um melódico aqui, podia ter um melódico ali, e aí como tinha alguns covers que a gente fazia, a gente cantava “Painkiller” (Judas Priest). A galera que só conhecia o Doosmday, quando via o “Painkiller”, ficava poxa, olha aí. Então aconteceu essa troca. A galera ficava melódico, melódico, melódico, a galera buzinando no nosso ouvido.

Jairo: Melódico.

Gil: Agora com uma formação nova, uma galera mais nova, tem uma visão diferente, o mundo também já mudou desde aquela época. Vamos fazer um negócio mais moderno. Tanto que a primeira música tem bastante melódico, a segunda que a gente lançou não, ela já respira mais o Doomsday antigo. Essa próxima que a gente vai lançar, tem melódico pra caramba. E é uma balada, né. Uma coisa inédita para o estilo da banda, porque é uma banda de thrash metal core e a gente vai ter uma baladinha.

Como é feita a criação das músicas. Alguém faz? Todo mundo dá palpite? Como é o processo?

Jairo: Na música “O Fim” foi uma parada diferente. Eu e o Renato viemos aqui no estúdio, pegamos uma hora do zero e construímos a música. Lógico, ao longo do tempo ela vai ter modificações. Sempre alguém tem um riff, alguma coisa assim antes que aí a gente.

Gil: Não senhor. Podemos corrigi-lo?

João: Eu não vou falar nada que eu entrei depois.

Gil: É que assim, “O Fim”, eu já tinha escrito ela há muito tempo, a letra, e quando a gente estava com o projeto Mancha, eu gravei várias letras, porque eu componho com métrica vocal. E essa é uma das músicas que eu gravei o vocal e passei para o Renato, então o Renato começou a trabalhar alguma coisa em cima. Daí que vocês vieram e construíram a música em cima.

Renato: Gil, só um intervalo aí. Eu acho que você está confundindo a “Sujo/Imundo” com “O Fim”.

Gil: Não. “O Fim”, pô!

Jairo: Não, “O Fim” veio do zero.

Renato: A “Sujo/Imundo” não, a gente tinha ela antes, quando tinha a outra banda. Ele gravou os vocais e passou pra mim e a gente fez essa troca. E a gente começou a trabalhar com a formação antiga (Mancha), mas acabou que não deu certo e decidimos tocar para frente. Mas “O Fim” foi isso, a gente pegou aquela última sala (do estúdio) que é a menorzinha, o João nem estava na banda, e ficou eu e o Jairo internado lá. Vai ter que sair alguma coisa daqui. Basicamente é isso. Vai tendo ideias na hora, um faz uma virada, o que você acha de fazer uma pegada mais assim.

Gil: Para resumir. Até esse momento, o Jader acabou de entrar. Então ele não fez parte dessas duas músicas que a gente lançou. Ele vai ter a participação dele gravada em estúdio nessa próxima música lançada. Então até o presente momento, normalmente, o Renato tem algum riff e ele manda lá e parece que eu tenho a liga. Eu pego o riff e já começo a escrever alguma coisa, e ele (Jairo) já começa a escrever a batera e quando a gente vê a música já está nascendo. A gente tem mais música que a gente já compôs e que estamos trabalhando. Então funciona mais ou menos assim. Tem vezes que eu gravo um vocal e mando para eles. Assim como já teve vezes que o Jairo escreveu de batera, ele (Renato) fez alguma coisa e eu fiz outra e virou música.

Renato: Normalmente o Gil escreve e manda as métricas para a gente e a gente cria o instrumental e vê o que dá.

Jairo: Tem várias formas de compor, porque tem música também que o Renato já me traz pronta, com batera e tudo e eu só mudo uma coisinha ou outra. Tem música que os dois já tem juntos.

Gil: A balada que a gente vai lançar é dele (Renato). E é engraçado porque ele não gostava da balada. Ele tinha colocado o nome da balada de “The Rain”. Por causa disso eu tive a sacada da letra. Eu falo um pouco do tema que ele deu no instrumental, que ele criou, eu tenho uma parte da letra que eu cito isso. E agora o Jader também já está compondo coisa, já mandando ideia. Até o final do ano a gente vai ter bastante música para escolher. Mas é aquilo que eu te falei, a gente vai tentar lançar em singles.

As letras de vocês são todas em português?

Gil: Sim, com exceção da “Inner Fight”, música do primeiro EP, que quando a gente lançou ainda não era um negócio tão forte assim o metal em português. Ainda tinha aquela galera que falava: que metal em português, tá loco? Metal tem que ser em inglês. A gente começou a compor em inglês, duas músicas em inglês. E quando o Karim (Serri, do Legacy of Kain) entrou ele falou: temos que fazer em português. Já estava começando e temos que pegar essa onda aí. Eu não queria nem a pau fazer em português, sempre compus em inglês. Mas no final das contas entrou duas em português e uma em inglês. Essa em inglês, uma curiosidade dela é que é a que mais toca, que a galera mais mocha, sempre pede, é uma das músicas chaves, que a gente não pode deixar de tocar. Porém, estamos pretendendo lançar essas três músicas que lançamos agora, lá fora, em inglês, para testar a recepção delas. Porque nós temos um bom público lá. Devido a turnê, e a gravadora que lançou nosso disco lá.

Fotografia: Angela Missawa.

A minha pergunta é justamente essa. Porque tem todo esse preconceito, muita gente diz que limita, que você não pode lançar fora. Então, por que a aposta em português?

Gil: A grande sacada do português é que a resposta ao vivo é incrível. Você lança a música hoje, e se você fizer um show daqui uma semana, já tem gente cantando junto. Com o inglês é mais difícil. Inclusive durante a turnê, a galera cantava. Eram países latinos, de língua espanhola e a galera estava cantando. Então isso foi muito alucinante. Tem esse contraponto, é mais fácil a recepção e a galera decorar as músicas e cantar junto. Porém é difícil trabalhar o mercado aqui dentro e no inglês conseguimos trabalhar melhor. Tanto que essa semana a gente foi contemplado com essa notícia que existe um site nos Estados Unidos que ele avalia as músicas e trabalha com trending topics. A gente estava entre os top 10 das músicas mais ouvidas nas rádios de metal lá nos Estados Unidos. E a gente ficou de cara porque não esperava por isso. É das músicas novas, não é da formação antiga. Um fã mandou para mim. Ai perguntei: cara onde você achou isso? Ele achou num post de uma outra banda, que pegou da outra banda que estava em primeiro lugar, que é uma banda superconceituada, Demon Hunter. E na hora que ele mandou eu falei: não acredito. Aí quando eu entrei no site, fiquei mais surpreso ainda porque já estávamos lá na semana passada em 14º. E essa semana a gente foi para o 8°. Claro, que tem todo o segmento especificado: rock metal e a temática cristã. Então a cabeça explodiu na hora que a gente viu isso aí.

Quanto tempo vocês estão juntos nessa formação?

Gil: Poutz.

Renato: Desde quando?

João: Contando com o Jader, é dezembro?

Jader: É, entrei em dezembro.

João: Há quatro meses.

Renato: É que teve uns picos aí. Quando a gente decidiu voltar com a banda estava só nós três (Gil, Renato e Jairo). Aí poutz temos que achar mais caras né. Não tinha ninguém para tocar baixo.

João: Aí eles vinham ensaiar aqui, que eu trabalho no estúdio. Eles me chamaram para entrar na banda para tocar um baixo. Pensei: será meu? (risos) Não, eu concordei já de cara e já somei com os caras. Depois veio o Jader.

Jader: Meu lance foi assim. Eu tinha outra banda com o Jairo que se chamava Grito de Soltura e os principais membros eles foram para Portugal. Então eu fiquei sem banda. O Jairo já estava na Doomsday. Aí eu estava desolado no meu canto. (risos)

Jairo: Sofrendo, chorando.(risos)

Gil: Abandonado por você.(risos)

Renato: Cortando os pulsos.(risos)

Jader: Aí o lance foi meio que por acaso. Eles lançaram “O Fim”, e mandaram para mim. O som está legal, né? Cheguei no Jairo e pô, a Doomsday não é duas guita? Ele respondeu: ah, tem que ver com o Gil lá, não estamos querendo por muito membro para não dar muito problema. (risos) Mas deixa comigo que eu vou falar com o Renato, e ele sabe como falar com o Gil.

Gil: Olha só! (risos) Não to sabendo disso aí não. Olha só os caras. É engraçado que eu ouvi totalmente diferente. O Renato chegou assim: ah, não vou dar conta de tocar sozinho cara, acho que eu queria ter um outro guita para somar, acho que tá faltando ter um guita, o que você acha, posso procurar? Aí respondi: pode. Dois dias depois ele veio: achei o cara. Malditos, cara. Os caras estavam armando. (risos)

João: Viu a desvantagem de não morar aqui? A contratação já estava feita. (risos)

Jader: Eu fiquei uns dois na expectativa. Aí o Jairo me respondeu que deu boa. Só que eu fiquei apreensivo porque a Doosmday e os caras que tinham, são uns caras de respeito, né? Para cobrir os caras, tinha que estar num nível legal e eu fiquei feliz de chegar nesse nível e tocar pelo menos as músicas antigas que são bem trabalhadas. Até para mim é um sonho. Tem esse guitarrista antigo que é o Karim (Serri, do Legacy of Kain), gosto muito dele, todo mundo sabe, desde a época da Seven Angels e hoje ocupar um lugar que foi dele na banda é gratificante pra caramba.

Gil: Já que ele entrou nesse assunto que lembra muito aquela história do fã que chegou lá. Eu acho que a parte que eu me sinto mais lisonjeado é falar desse cara (Renato). Por que ele é um cara que acompanhou a banda desde o princípio, como fã mesmo. Tanto que a gente tem fotos juntos no primeiro e no último show da outra formação. Ele fez aula com o ex-guitarrista, o Angelo. Eu chamei ele, e ele me disse que não estava preparado. Mas continuou as aulas. Um dia ele me mandou um som e eu devolvi no outro dia com letra, foi assim que surgiu o Mancha. Ele foi na minha casa para a gente conversar de verdade, e as ideias bateram e naquele dia ele me disse: cara, tô aqui para ser seu braço direito. Então quando eles falam: fala com o Renato que ele sabe tratar com o Gil é justamente por isso, porque a gente está junto desde o começo. E ele é realmente o meu braço direito. O que eu preciso que seja feito aqui e eu tô longe é: Renato, vai lá, movimenta os caras e faz. E eu sei que vai acontecer. Eu tô lá longe e eu tô tranquilo porque eu sei que as coisas vão acontecer.

João: O Renato que entrou em contato comigo. Na verdade eu trato bem o Renato para continuar né, porque ele é o RH. (risos)

Fotografia: Angela Missawa.

E Renato, sua versão dessa história que ele contou?

Gil: Ele está quase chorando aqui. (risos)

Renato: Meu olho suou um pouco. (risos) Na verdade é isso mesmo. Desde quando a gente começou a conversar mesmo, ele me disse: eu não sou um cara fácil. E realmente ele não é. Porque o Gil é um cara perfeccionista, cobra, ele quer as coisas para realmente ver acontecer. Eu não vejo isso como um lado negativo. Se não tiver um cara assim na banda, a banda não anda. Se ficar todo mundo acomodado esperando acontecer, não vai. Claro, a gente tem umas tretas internas, mas no final todo mundo se resolve, normal de banda.

Você estava comentando sobre o show de hoje, que vão ter outros integrantes?

Gil: Pois é, isso é uma parada muito legal que todas as bandas foram escolhidas a dedo. Porque normalmente você vê as bandas terminando, ou membros saindo debaixo de alguma treta ou alguma situação desconfortável. E por mais que a gente tenha as nossas diferenças, eu acho importante a gente manter a nossa união. Nosso estilo no Brasil não é um estilo fácil de se trabalhar. E se a gente começa a se dividir, a gente só perde com isso. Tipo: não vou no show daquela banda porque tem aquele cara. É complicado. Quando a gente lançou a primeira música “O Fim”, eu convidei todos os membros da banda para fazerem parte, para cantar no refrão. Pode ver no vídeo que a galera está lá cantando. Quando eu estava pensando nas bandas, o legal dessas bandas aqui é que tem ao menos um cara que já fez parte da banda. E nós temos amizade com todas. O Honra tem o Jaja, que é da formação clássica e tem o André, que é o vocalista do Honra e ele fez parte como guitarrista da banda lá no comecinho, e compôs uma das músicas que a gente toca até hoje. Só que ele nunca fez parte da formação oficial, ele saiu um dia antes da primeira sessão de foto que a gente fez. Seguindo vem o Azorrague, tem o vocalista e baixista que foi o nosso contrabaixista, o Fernando, tem o Roney Lopes que hoje e guitarrista no Azorrague e que foi baixista da formação clássica da Doomsday. E o Legacy of Kain, tem o Karim Serri que foi o guitarrista que trabalhou também na formação clássica da banda e um pouquinho, uns quatro meses atrás, tinha o Angelo Torqueto que também fazia parte do Legacy. Quando eles sairam do Doomsday eles montaram o Legacy. Então por um pouquinho ele não está lá tocando também. Ele só não vai porque ele vai estar em outro lugar fazendo um workshop. Por isso que o nome veio bem a calhar, Doomsday Fest, porque é um festival onde vai estar todo mundo que já fez parte do Doomsday. É uma parada muito especial para a gente.

Jader: Entrando nessa questão de união de bandas, Curitiba está tendo um movimento muito bom para o rock. Além de sempre apoiar músicas internacionais que vem, e lota show. Esse negócio das bandas autorais também se juntarem está fortalecendo ainda mais, está ajudando muito para o crescimento da cena.

Fotografia: Angela Missawa.

Vocês tocam metal cristão, white metal? Ou como vocês se classificariam?

Gil: Somos uma banda de metal. Simples. A galera tem muito essa questão do rótulo. É uma banda de rock gospel, de metal cristão, white metal? A gente odeia, é o pior rótulo que se pode colocar numa banda porque não existe isso, nunca existiu. O cara que falou isso a primeira vez, sei lá. O lance da religião em si, todos nós somos cristãos e se você ler as nossas letras nem sempre vai encontrar coisas assim cristã. Na verdade você não vai encontrar nada de extremo quanto a nossa religião. Eu costumo escrever coisas sobre o nosso dia a dia, tem muito das minhas experiências nas minhas letras, e, claro, tem toda a minha ideologia, tudo aquilo que eu acredito. Eu posso dizer que somos uma banda de metal, com influência thrash dos anos 80 e metal moderno, metal core. Há quem diga que Doomsday é uma banda de groove metal. Eu acho que desde o começo o Doomsday é uma banda experimental, porque se você pegar o nosso primeiro disco você vai encontrar vestígios de power metal, muito prog metal, muito thrash oitentista e ao mesmo tempo breakdowns clássicos de metal core. Essa geração está mais moderna. Mas é tudo isso, experimentar, trazer a identidade da banda e algo novo. E eu vejo que muita banda está mesclando o som. Me diz uma banda famosa de um estilo só toca aquilo, não tem. Esses dias mandei uma música para eles do Amon Amarth, me desculpa quem é fã, e eu gosto deles pra caramba, minha noiva é muito fã. Mas o instrumental está total metal core e groovado também né. Acho que o fato da religião não voga o rótulo. Eu acredito que a nossa vida em si e as nossas atitudes vão falar muito mais do que ficar falando da boca pra fora. Religiões estão aí, muita gente conhece muita religião, sabe tudo e as vezes não segue, não se importa. Negar, jamais. Mas música é música e a gente vai usar ela para falar do que a gente acredita.

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