Era uma noite de espetáculo naquela quinta-feira, dia 23 de janeiro de 2020, no Teatro de Santa Isabel, um dos palcos mais importantes e históricos do Recife, localizado no bairro de Santo Antônio, área central da cidade, mas, de um espetáculo diferente em todos os sentidos possíveis. 

Naquela noite seria a estreia oficial na nova turnê do Edu Falaschi, ex-vocalista do Angra, intitulada “Moonlight Celebration”, onde o cantor faria um show acústico, em formato mais intimista, mostrando versões diferenciadas das músicas que fizeram parte da sua carreira no Angra, no Almah, no Symbols, e em sua carreira solo também. 

Na ocasião, o peso das guitarras e da bateria foram substituídos pela calmaria de violões, piano, baixo, saxofone e flauta. Com isso, foi interessante olhar para o público daquela noite e ver uma parte vestindo as tradicionais camisas pretas de bandas de metal, e outra parte com uma vestimenta mais formal, para combinar com o status que o próprio Teatro de Santa Isabel passa. 

Mas, mesmo a apresentação ocorrendo em uma casa do nível do Teatro de Santa Isabel, houve um atraso de uma hora e meia para a abertura dos portões, e vale ressaltar que como se tratava de uma quinta-feira, qualquer atraso poderia prejudicar o show e os fãs que foram, mas que tinham trabalho na manhã seguinte. 

E além disso, outra coisa que falhou foi a comunicação da produção com a imprensa em relação ao procedimento de entrada no Teatro, pois fomos ao local sem a menor ideia de como isso seria feito e onde seriamos alocados, fazendo até com que perdêssemos parte da primeira música da apresentação por conta disso. 

Bom, após essa questão ter sido resolvido, me acomodei na cadeira enquanto o Edu abria o show com a faixa “Breathe”, tendo no início feito um pequeno medley com músicas tradicionais nordestinas para homenagear a cidade, sendo seguido de “Arising Thunder”. 

Principalmente por conta do formato, ao longo do show Edu conversou bastante com a plateia entre uma música e outra, sempre contando um pouco da história de cada faixa que era apresentada naquele setlist. 

Alguns momentos interessantes foi ver as versões desaceleradas de “Spread Your Fire” (e quem conhece sabe que essa é uma das músicas mais ‘pegadas’ do Angra) e “Angels and Demons”, ouvir “All I Am” do Almah sendo tocada ao vivo pela primeira vez, e ver a desenvoltura de Edu no piano na execução de “Lease of Life”. 


Além das músicas do Almah e do Angra, também foi tocada “Hard Feelings”, do Symbols, e sempre tão pedida “Saint Seya” (oficialmente chamada de “Pegasus Fantasy”), música conhecida por ter feito parte da abertura do anime “Cavaleiros do Zodíaco”. 

Enquanto conversava com o público em alguns momentos, ficava claro a conexão que Edu tem com o público recifense, ainda mais levando em questão que ele é um dos artistas do metal que mais vem fazer show por aqui, tendo ano passado ele aparecido na capital pernambucana em duas ocasiões (e só não foi três porque o show da turnê dele com o Noturnall que iria acontecer aqui em novembro do ano passado foi cancelado). 

Assim como fez na turnê do “Temple of Shadows In Concert”, Edu realizou um concurso para escolher dois cantores locais para se apresentar com ele em duas músicas, tendo ele escolhido um homem e uma mulher. 

O cantor escolhido naquela noite foi Rique Magalhães, que cantou de forma bem sintonizada a clássica “Heroes of Sand” com Falaschi, entregando também uma ótima interpretação da mesma. 

Já a cantora escolhida se tratou de Viviane Amorim (ou ‘Vivi’ para os mais íntimos), que havia sido selecionada na turnê do “Temple Of Shadows In Concert” para cantar a música “No Pain For The Dead” no show de João Pessoa, na Paraíba, o qual acabou sendo cancelado horas antes do mesmo. 

Agora, em Recife, ela teria a chance de compensar aquela oportunidade perdida cantando a mesma música diante da plateia no Teatro de Santa Isabel. 

Nessa hora, tivemos o momento mais irreverente da noite, quando o microfone de Viviane falhou, e o Edu arremessou o mesmo para longe do palco (tendo feito um belo de um estrondo ao acertar o chão). 

Com isso, Edu e Viviane acabaram tendo que compartilhar o mesmo microfone, enquanto o pobre do roadie tentava conseguir outro que funcionasse as pressas. 

Mas, independente disso tudo, Viviane se saiu muito bem em sua performance, mostrou bastante desenvoltura e jogo de cintura para superar os obstáculos que apareceram, proporcionando o segundo momento mais épico da noite. 

E ai vocês perguntam: qual foi o primeiro momento mais épico? 

Definitivamente, esse momento foi o tão comentado crossover entre Edu Falaschi e Daniel Diau, vocalista de uma popular banda de forró, que em 2003 lançou uma regravação da música “Bleeding Heart”, do Angra, intitulada como “Agora Estou Sofrendo”. E vale ressaltar, a galera cantou mais junto a versão forró do que a original. 

Após isso, a apresentação foi encerrada com a execução das músicas “Wishing Well”, “Nova Era” e “Rebirth”, tendo ainda dado uma palinha de “Asa Branca” como forma de agradar o público pernambucano.

SETLIST 

  1. Breathe
  2. Arising Thunder
  3. Heroes of Sand
  4. Spread Your Fire
  5. Warm Wind
  6. All I Am
  7. Primitive Chaos
  8. No Pain For The Dead
  9. Almah
  10. Lease of Life
  11. Hard Feelings
  12. Pegasus Fantasy
  13. Bleeding Heart/Agora Estou Sofrendo
  14. Wishing Well
  15. Nova Era
  16. Rebirth

Para aqueles que ficaram com um pé atrás por conta dessa nova proposta de fazer um show acústico, saibam que mesmo não tendo todos aqueles elementos que tanto amamos do Heavy Metal, a experiência desse show foi simplesmente memorável, e todo o ambiente histórico do Teatro de Santa Isabel ajudou a dar esse ar mais refinado para a apresentação. 

Como é de conhecimento de todos, o Edu Falaschi é um daqueles vocalistas cuja a voz tem estado cada vez mais degastada ao longo do tempo, com isso, suas desafinadas no palco tem sido constante. Nesse show, por se tratar de um acústico, Edu não se arriscou tanto nos agudos e ficou mais na oitava de baixo em boa parte das músicas, chegando até a soltar alguns drives vez ou outras. No mais, Edu não teve muitos problemas nessa parte. 

Tirando os microfones secundários que todas as vezes pareciam não funcionar bem (Viviane que o diga), o som ficou impecável, e foram bem poucas as falhas. Tudo pode ser ouvido perfeitamente. 

E claro, não posso deixar de mencionar o fato dos headbangers terem simplesmente lotado o Teatro de Santa Isabel em plena quinta-feira a noite, mostrando mais uma vez a força que o nome do Edu Falaschi ainda tem no metal nacional. 

Por isso, digo sem dúvidas nenhuma, o Edu Falaschi me surpreendeu com essa nova turnê.