Após ter vindo para Recife no início de abril, trazendo seu show da turnê do “Temple Of Shadows In Concert” no Baile Perfumado, quatro meses depois, Edu Falaschi retornou a capital pernambucana em um formato mais simples, tocando o “Rock Classics” no Estelita Bar, localizado no bairro do Cabanga, zona sul do Recife.
Na ocasião, o show ocorrido na sexta-feira do dia 09 de agosto, contou também com a abertura das bandas locais Sun Diamond e United For Distortion.
A noite prometia casa cheia, principalmente por conta da força que o nome de Edu Falaschi tem. Verdade que o show feito por ele em abril no Baile Perfumado acabou sendo um fiasco de público, mas vale considerar que o casa localizada no bairro do Prado tem capacidade para três mil pessoas, e naquela noite compareceram em torno de 500, número que lota um Estelita facilmente, coisa que acabou ocorrendo.
A abertura dos portões estava marcada para às 21h, mas como de praxe, houve atrasos, tendo a abertura ocorrido apenas por volta de 21:50. Mas dessa vez, a organização acabou cometendo um erro relação a isso.
Independente da hora que o mesmo ocorre, normalmente quando os portões abrem, é dado um intervalo de tempo entre o mesmo e o início do show para que todos entrem na casa, correto? Correto!
Como dito anteriormente, o horário não foi cumprido, o que é uma coisa ruim, mas infelizmente é normal. Por conta disso, para não atrasar ainda mais o evento, o que a organização fez? Abriu os portões durante o fim da passagem de som da Sun Diamond, e assim que eles terminaram, deu-se apenas 10 minutos de intervalo para o início do show deles, ainda com boa parte do pessoal do lado de fora do Estelita. Obviamente, muitos só conseguiram entrar quando a primeira apresentação já estava em seu meio.
Eu entendo que muitas vezes para evitar atrasos maiores e ter problemas com a produção do artista contratado, é necessário fazer alguns sacrifícios, como por exemplo, isso que acabei de relatar e também reduzir o tempo de apresentação da banda de abertura, por isso não entrarei nesse mérito. Mas uma coisa que poderia ter sido feita para evitar da galera perder boa parte do primeiro show na fila para entrar (e quem já foi para o Estelita sabe que o protocolo lá para o público entrar é bem lento) era ter aberto os portões no horário normal, e enquanto a Sun Diamond passava som, não liberava o acesso a pista, como já vi fazerem em outros eventos em que fui no Estelita.
Mas enfim, agora falando finalmente dos shows, como dito anteriormente, a Sun Diamond subiu ao palco do Estelita às 22:10.
Com a exceção de apenas uma música e meia, a banda tocou quase todo seu único disco homônimo (lançado em 2017) na íntegra naquela noite na meia-hora de apresentação que tiveram.
Na hora, a casa ainda não estava no seu pico de gente porque muitos ainda estavam na fila para entrar, como expliquei anteriormente. Mas de qualquer forma, isso não foi empecilho para a banda, que subiu ao palco com sangue nos olhos, principalmente o vocalista Aílton Neto. Falo isso porque já fui para vários shows deles, e nunca tinha visto Aílton cantar com tanta instiga como dessa vez.
Como é recorrente dos shows de abertura, o público não interagiu muito, tendo nem sequer atendido o pedido de Aílton para que uma roda punk fosse formada em “Go To The Yard”, última música do set.
No mais, o show da Sun Diamond iniciou muito bem a noite, só não foi 100% por conta de um chiado que estava saindo de algum microfone do início para o meio da apresentação. Mas fora isso, o show foi completamente instigante.
Depois de um som puxado mais para o lado do Hard Rock Moderno, era a hora das coisas ficarem mais pesadas ao som da banda United For Distortion, fazendo jus ao nome e colocando a distorção da guitarra no máximo.
Nesse momento, o Estelita já se mostrava bastante cheio, com isso, um grande público pode acompanhar a apresentação do United For Distortion, que apresenta um som que viaja entre o Thrash Metal e o Groove Metal, com bastantes linhas que lembram o Pantera (tanto que eles tocaram um cover de “5 Minutos Alone”).
Em seu repertório, o quarteto tocou todas as músicas presentes em seu EP homônimo, algumas novas que ainda serão lançadas, e como já dito anteriormente, o cover de “5 Minutes Alone” do Pantera.
Talvez pela banda ter sido um ponto fora da curva no evento, já que eles eram metal extremo em meio a duas atrações com o som mais melódico, o público não interagiu tanto com o show, mesmo com toda a pegada que a banda tinha para que vários moshs pits fossem feitos.
Mas de qualquer forma, o United For Distortion realizou um ótimo show, tendo falhado apenas em um momento onde eles demoraram na troca de instrumentos quando o mesmo foi necessário. E também, é muito bom ver finalmente uma banda de Thrash que não segue o mesmo padrão sonoro da maioria das bandas do estilo, tendo assim uma linhagem mais moderna juntando com os elementos do Groove.
Era chegada a hora mais esperada da noite, quando Edu Falaschi subiria ao palco do Estelita tocando os grandes clássicos do rock junto com o público presente, que simplesmente lotava a pista da casa.
Sem muito aviso prévio, Edu e sua banda já iniciaram os trabalhos por volta de meia-noite e dez, já soltando “Breaking The Law” do Judas Priest, com todos os presentes o acompanhando no famoso refrão.
Certamente, não faltou ânimo por parte do público presente, pois as músicas executadas são do tipo que todo bom headbanger canta junto quando toca, tendo também rodas punks em alguns momentos, como quando “Aces High” foi tocada com Kantalysse, do Infect Mind, nos vocais.
Mas tecnicamente, a apresentação deixou bastante a desejar, começando pelo fato da banda ter utilizado apenas uma guitarra ao invés de duas, e em algumas músicas que foram tocadas isso fez diferença. O som não saiu bem praticamente o show inteiro, principalmente por conta do abuso de delay na voz do Edu (que vez ou outra dava uma desafinada).
Outro instrumento que também fez falta foi o teclado, pois um tecladista ali teria sido muito melhor do que os samples de baixa qualidade que foram utilizados em músicas como “The Final Countdown” do Europe, e “Jump” do Van Halen.
Claro, o show teve seus pontos altos, e um deles certamente foi quando Edu atendeu ao pedido dos fãs de Cavaleiro do Zodíaco e cantado “Pegasus Fantasy”, que foi seu “Toca Raul” pessoal. E antes, Falaschi aproveitou para comentar sobre todas as vezes que o público pede para ele cantar a música em quase todos os shows que ele faz, e também explicou o porquê dele normalmente não atender.
Segundo ele, a razão é porque a música não encaixa na maioria das ocasiões, como por exemplo, no show da Temple Of Shadows In Concert, ou então em shows do Almah. Mas, para o formato que ele estava realizando naquele dia, a canção encaixava muito bem.
Além das já mencionadas anteriormente, o setlist também contou com outros grandes clássicos como “Bark At The Moon” e “Crazy Train” do Ozzy Osbourne, “Highway to Hell” do AC/DC, “Enter Sandman” do Metallica, “Smoke On The Water”, “Burn” e “Perfect Stranger” do Deep Purple, “Love Ain’t No Stranger” do Whitesnake, “Run To The Hills” e “The Number Of The Beast” do Iron Maiden (tendo essa última encerrado o show), e algumas outras.
Ainda acho que o Edu poderia ter incluso também algumas clássicas do Angra no repertório, mas imagino que nesse formato ele queira sair um pouco do “óbvio” um pouquinho.
Por volta de duas da manhã, Edu e sua banda deixavam o palco, e encerravam os trabalhos no Estelita por aquela noite.
Bom, acho que detalhei bem os pontos positivos e negativos da noite ao longo do texto. De qualquer forma, mesmo o show do Edu Falaschi tendo sido abaixo do que eu esperava, fiquei bastante feliz em ver o Estelita cheio mais uma vez em um evento de metal, pois há um bom tempo em todos os shows do gênero que lá ocorriam eu me deparava com um baixo público, chegando em alguns casos a ser pífios.
Espero que isso não tenha sido uma coisa ocasional, e que os próximos eventos de metal, tanto no Estelita quando em outras casas, continuem tendo um público tão bom quanto.