O mês do Orgulho LGBT+ foi celebrado em junho no Brasil, e apesar de aos poucos o preconceito com a população estar diminuindo, as relações afetivas, mesmo numa época tão “evoluída” como a nossa ainda é motivo de medo e preconceito em muitos cenários, como o heavy metal. Mesmo que um dos maiores nomes do estilo, Rob Halford, seja homossexual assumido, ainda fica a questão: há espaço para a homoafetividade no meio rock/metal brasileiro?

Para abordar essa visibilidade, o site Heavy Metal Online lançou o documentário LGBT+ no Heavy Metal Brasileiro, disponibilizado na segunda-feira (29) no Youtube. Dirigido por Clinger Carlos, e produção de Diego Sachi e Föxx Salema, a produção de 55 minutos segue mostrando a força, arte e o espaço conquistado pelos músicos LGBTQI+ do heavy metal brasileiro.

O documentário, o primeiro a abordar a temática no Brasil, reúne depoimentos dos músicos Diego Sachi, vocalista gay da banda Hazy; Föxx Salema, vocalista transexual; Vini Castelari, guitarrista gay da banda Project 46; Daísa Munhoz, vocalista bissexual das bandas Vandroya e Soulspell, entre outros.

Os relatos são sobre a luta diária dos headbangers que vivem sob preconceito mas sem focar apenas no drama, como também mostrar a superação e a união desta comunidade.

“Eu não consigo não me sentir muito grato por fazer parte deste momento, me sinto muito grato por cada palavra de apoio, demonstração de carinho e muito mais que isso, por cada pessoa que de sentiu tocada por esse documentário. Desde o início, sempre foi claro para mim que eu gostaria de ser transparente no meu trabalho dentro da música e saber que eu venho me mantendo fiel a esse ideal, faz com que eu sinta muito mais orgulho de tudo. Gostaria MUITO que vocês, que fizeram parte disso, pudessem compartilhar com pessoas próximas a vocês todo esse conteúdo pq é de extrema importância que as pessoas tenham acesso as nossas histórias, lutas, a corpos foram do padrão e que juntos com a gente, passem por esse momento de aprendido e { des }construção”, relatou Diego Sachi em seu Facebook.

“Não foi fácil chegar até aqui e se não fosse o grande apoio dos parceiros Diego Sachi e Föxx Salema na produção desse conteúdo, talvez não teria chegado ao fim, pois as adversidades foram muitas, inclusive a impossibilidade de viajar para gravar os depoimentos finais, que foram feitos por chamadas de vídeo. Mas nada vai nos parar e seguiremos em frente debatendo tudo que envolve o mundo do Heavy Metal e falar de artistas LGBTs que compõem esta cena era nosso objetivo. No mais é conferir o conteúdo, tirar as conclusões e principalmente refletir para podermos evoluir cada dia mais como seres humanos e como apreciadores do mundo que tanto nos encanta, o mundo chamado HEAVY METAL”, disse Clinger Carlos Teixeira, produtor do documentário junto à Sachi e Salema.

Representatividade

Para o público LGBT+ a produção do documentário é um esclarecimento pontual e importante, especialmente em tempos de ataques à diversidade. Assim, o documentário dá visão a temas pouco abordados, como este. Para a redatora da ROADIE METAL, Jennifer Kelly, mulher trans, o trabalho é uma vitória.

“Um documentário como esse não visa expor a intimidade de ninguém, visa mostrar que expressar amor, revelar sua verdadeira identidade é normal e benéfico. Esse esclarecimento é muito pontual e importante. Quando se prega o respeito e a tolerância, quando se esclarece os fatos, tudo fica mais leve. Não nego que precisamos de muita coragem pra mostrar o que somos e o que podemos fazer. Precisamos sim. Mas, precisamos muito mais do respeito às nossas escolhas e do apoio ao nosso trabalho, seja nos bastidores, seja em cima do palco. E documentar isso é uma grande vitória”, disse.

A equipe ROADIE METAL é contra todo e qualquer preconceito e apoia causa de igualdade e justiça, que foi reforçada com a inclusão da Jennifer no time de redatores.

“No começo do ano, me associei à Rádio Catedral do Rock, sediada em Petrópolis, onde fui muito bem acolhida e me permitiu ampliar a minha abordagem, explorando novas possibilidades. Chegar à Roadie Metal foi até um processo natural nessa jornada e mais uma vez, obtive uma ótima acolhida, tanto pela diretoria, quanto pela equipe de redatores. Não há preconceito, somos vistas como profissionais e reconhecidas por isso, não por outros atributos, que nada tem relação com o tema. Somos vistas como pessoas. Sou muito grata por isso. Sinto que tem havido um respeito e um carinho muito grande na comunidade, pelo reconhecimento do meu trabalho e do meu esforço, sem julgamentos”.

Assista abaixo ao documentário LGBT+ no Heavy Metal Brasileiro:

Texto de Jéssica Alves, com colaboração de Jennifer Kelly.

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