8 de dezembro de 2004. Por volta das 22 horas, o show do DAMAGEPLAN já durava meia hora no estado de Ohio, quando um lunático saca uma arma e dispara vários tiros. Cinco deles acertaram o guitarrista Dimebag Darrell, que não resiste e morre no local. Aos 38 anos, encerrava-se ali, de forma cruel e covarde, a vida de um dos maiores guitarristas da história do Heavy Metal. Certamente o maior da década de 1990.
O que Dimebag fez pelo Metal nesta década é digno de aplausos. Durante os anos de 1990, o Heavy Metal passava por uma verdadeira crise. As principais bandas do estilo estavam com dificuldades criativas. Somado a isso, o fato de a MTV promover uma verdadeira propaganda pela “morte do Metal”. Mas bandas como o PANTERA, SEPULTURA e MACHINE HEAD lutaram bravamente contra está campanha deplorável.
E saíram das palhetadas de Dimebag os principais riffs, que foram marcantes para esta década. O redator que vos escreve nutre de uma nostalgia imensa, pois ele viveu essa época. Eram nestes tempos em que eu moldava o meu caráter e também o gosto pelo estilo, que me levaria, anos mais tarde, a fazer parte da equipe da ROADIE METAL – A VOZ DO ROCK.
Pois foi com “Cowboys From Hell“, “Cemetery Gates”, “Domination“, “Mouth for War“, “Walk, This Love“, “Strength Beyond Strength“, “5 Minutes Alone“, “I’m Broken“, “War Nerve“, “Floods“, entre tantos outros, que o PANTERA marcou toda uma geração. São hinos que estão tatuados para todo o sempre na história da música pesada. A responsabilidade é em grande parte de Dimebag.
Darrell Lance Abott, nome real do homenageado de hoje, nasceu em Arlington, no Texas, filho de Jeff Abott e irmão de Vinnie Paul. O pai deles era compositor de Country Music e tinha um estúdio, onde Dimebag testemunhou muitos guitarristas que tocavam blues, o que lhe inspirou a aprender todas as técnicas das seis cordas. O garoto era tão prodígio que ganhou vários concursos e aos 16 anos foi proibido de participar deles porque… Vencia todos.
Fundou o PANTERA com o irmão, nos anos 1980, mas a banda só ganhou notoriedade de fato na década seguinte, quando mudou radicalmente a sua proposta musical, passando a fazer uso de afinações baixas e sendo uma das primeiras bandas a fazer uso do Groove. Dimebag odiava a primeira fase do PANTERA, tanto que a banda se recusava a tocar faixas anteriores ao álbum “Cowboys From Hell” e sempre se mostrava contrariado quando era perguntado sobre a fase Glam da banda.
Em 2004, cansado das idiotices de Phil Anselmo, que simplesmente não se decidia se voltaria com a banda, os irmãos formaram o DAMAGEPLAN, que gravou um único disco, chamado “New Found Power“. Até que em 8 de dezembro daquele ano, um tal de Nathan Gale resolveu terminar com a vida desta lenda. Nunca saberemos de fato o que levou este ser a cometer tal ato, porém, parece que o cara era fã do PANTERA e não se conformava com o fim da banda. Reza a lenda que Nathan teria disparado tiros em direção a Vinnie Paul, porém, os pratos de sua bateria o teriam salvo.
Dono de uma técnica impressionante e uma capacidade de colocar peso como poucos, Dimebag é lembrado pelo seu legado, por sua imensa contribuição ao Metal. Ele amava o que fazia. E morreu fazendo exatamente o que mais amava.
Na época, a mídia brasileira fez um estardalhaço sobre o crime e os jornalistas que nada entendem de Metal deram show de sensacionalismo e tentaram, até com relativo sucesso, associar o fato com a imagem distorcida que ela (a mídia) sempre passou do Metal, a de que somos sujos, violentos e outras coisas a mais, que sabemos, não passam de lendas urbanas. Mas a cereja do bolo foi a declaração do senhor Arnaldo Jabor, que simplesmente defecou pela boca ao tratar de um assunto que ele NÃO CONHECE. Não vamos nem perder nosso tempo falando destas tolices.
A revista inglesa “Metal Hammer” elegeu Dimebag como o melhor guitarrista de Metal de todos os tempos. Particularmente, eu o classifico entre os cinco melhores. E fico pensando que hoje ele poderia estar aí tocando, fazendo a alegria dos amantes do Metal, quem sabe, de repente até mesmo com um hipotético retorno do PANTERA.
Minha frustração pessoal foi de nunca ter ido a um show do PANTERA. A única oportunidade que tive, foi quando a banda tocou em 1995, aqui no Rio de Janeiro. E eu até hoje não entendo o que eu tinha na cabeça que me fez simplesmente deixar de ir. Mesmo que todos os amigos que eu conheço e que foram ao show falarem a mesma coisa, de que o show não foi bom, eu me arrependo amargamente. Mas escuto a banda de Dimebag praticamente todos os dias e sempre que escuto os riffs desta fera, eu sinto a mesma excitação que senti lá em 1995, quando ouvi a banda pela primeira vez, na casa de um colega de classe. Lembro que matamos aula para escutar o “Vulgar Display of Power“. Não recomendo que ninguém mate aulas, mas confesso que este ato foi um divisor de águas na minha vida.
O legado de Dimebag está aí para quem quiser beber nesta fonte. E é uma fonte maravilhosa. Que espero que seja passada de geração por geração. Joguemos nossos confetes para o cara que esteve entre os mais importantes da década de 1990.