Está marcado para o dia 27 de março de 2018 o retorno ao Brasil da banda britânica Depeche Mode, um dos maiores nomes da música eletrônica mundial e pioneiros do chamado Synthpop. Fundado em 1980, o grupo saiu de um som alegre e animado de seus dois primeiros álbuns para o estrelato através de discos sombrios e de clima pesado, como Black Celebration, Music For The Masses e Violator, todos envoltos em melancolia. Durante os anos 90 o Depeche Mode deu uma guinada rumo ao Rock, graças as influências sofridas do Grunge que reinava naquela época. O álbum Songs Of Faith And Devotion (1993) mostrou o lado mais Rock da banda. Após grandes turbulências que as drogas e a bebida trouxeram, como a quase morte por overdose do vocalista Dave Gahan, o alcoolismo do guitarrista Martin L. Gore, as crises depressivas do tecladista Andrew Fletcher e a saída do importante tecladista/baterista Alan Wilder, o grupo ressuscitou como trio e retornou com Ultra (1997), o álbum mais pesado de sua discografia. Hoje, a banda executa seu tradicional som eletrônico, com características fortes do Blues e do Rock Gótico, graças a guitarra marota de Martin L. Gore e dos vocais graves e fortes de Dave Gahan. A formação oficial da banda se completa com o irreverente tecladista Andrew Fletcher. Com mais de 110 milhões de álbuns vendidos mundo afora, seu som único e envolvente serviu de influência para toda uma geração de artistas que surgiram a partir da década de 80. Inclusive, essa onda criou turbulência até no Heavy Metal.
A capacidade e o talento de compositor de Martin L. Gore, aliados à qualidade e conhecimento de produção e de arranjos do ex-tecladista Alan Wilder fizeram do então quarteto britânico um fenômeno de sucesso e de vendas desde os anos 80 até hoje. A medida que a década oitentista ia avançando, o Depeche Mode se mostrava cada vez mais uma banda de sons obscuros, sinistros e introspectivos, se tornando referência entre a comunidade gótica. Tamanha relevância fez com que o quarteto britânico, que se tornou um trio com a saída de Alan Wilder, se fizesse respeitado até dentro do Heavy Metal que começou a nascer no começo dos anos 90, devido a entrada maciça de teclados e programações dentro do gênero pesado. Até mesmo o famigerado Vark Vikernes (Burzum) já se declarou fã do grupo britânico. Hoje, o Depeche Mode é o grupo não-Metal mais prestigiado dentro do Metal.
Confira a seguir algumas bandas que já prestaram homenagens e deram as suas interpretações de clássicos do Depeche Mode. Na primeira parte deste compêndio, destacaremos bandas de Gothic Metal e de Metal Industrial, gêneros que trazem pregados em si teclados e elementos eletrônicos que criam climas pesados e densos, coisa que o Depeche Mode é especialista e ensinou às bandas de Heavy Metal.
Rammstein: dispensando maiores apresentações, a excêntrica banda alemã de Rock/Metal Industrial tem nos britânicos uma forte influência em sua sonoridade, que mistura Rock e bases eletrônicas. Confira abaixo a versão do Rammstein para Stripped.
Encontre o cover no álbum: Sehnsucht (1997)
Encontre o original no álbum: Black Celebration (1986)
https://www.youtube.com/watch?v=_4Xlc8CIfOI
Lacuna Coil: a banda italiana que surgiu como nome forte do Gothic Metal nos anos 90 deu uma amornada em seu som com o passar do tempo, hoje executando um som mais próximo do Alternativo perpetrado pelo Evanescence. A banda da bela cantora Cristina Scabbia escolheu o maior clássico do Depeche Mode, Enjoy The Silence, para ser homenageado.
Encontre o cover no álbum: Karmacode (2006)
Encontre o original no álbum: Violator (1990)
Moonspell: traços típicos de Depeche Mode são facilmente percebidos nas linhas sombrias da alcateia portuguesa Moonspell. Um dos nomes mais respeitados e ousados do Gothic Metal nos dias de hoje, o grupo liderado pelo vocalista Fernando Ribeiro e pelo guitarrista/tecladista Pedro Paixão presenteou seus seguidores enfeitiçados pela Lua com uma versão pesadíssima para o clássico Sacred, que os reis do Synthpop registraram originalmente em 1987.
Encontre o cover no álbum: 2econd Skin (EP – 1997)
Encontre o original no álbum: Music For The Masses (1987)
https://www.youtube.com/watch?v=fequEqvJadQ
Crematory: Fundada em 1991, em Mannhein, Alemanha, o Crematory executava um Death Metal com forte presença de teclados criando atmosferas soturnas. Tais influências do Gótico engoliram o som Death Metal que a banda praticava, de modo que hoje o Crematory executa o Metal Industrial que seus compatriotas Rammstein, Megaherz e Eisbrecher são especialistas. O Depeche Mode foi um dos culpados pela mudança de rumos do Crematory, como prova o cover que a banda alemã gravou para a música Black Celebration.
Encontre o cover no álbum: Infinity (2010)
Encontre o original no álbum: Black Celebration (1986)
Pain: A banda de Metal Industrial do músico, renomado produtor e workaholic Peter Tägtgren (Hypocrisy) surgiu somente como um projeto paralelo para satisfazer um hobby do elemento. A coisa acabou ficando tão séria que, dos oito full-lengths já lançados pelo Pain, seis atingiram ótimas colocações nas paradas suecas. Em um destes bem-sucedidos lançamentos, Cynic Paradise (2008), Peter outorgou sua interpretação para o clássico do Depeche Mode Behind The Wheel.
Encontre o cover no álbum: Cynic Paradise (2008)
Encontre o original no álbum: Music For The Masses (1987)
Samael: quem conhece este grupo suíço sabe bem que eles nunca tiveram medo ou vergonha de ousar, fazer o que bem entendem em termos de música e chocar os fãs. A banda que praticava um Black Metal sujo e tenebroso, daqueles que os noruegueses são especialistas em criar, hoje ousa misturar Heavy Metal com Industrial e Gótico. Como sempre, o Depeche Mode é a maior influências em bandas do tipo. Sendo assim, confira a versão do Samael para a música I Feel You, um Blues safado que se tornou clássico da discografia do Depeche Mode.
Encontre o cover no álbum: Reign of Light / On Earth (2005)
Encontre o original no álbum: Songs Of Faith And Devotion (1993)
https://www.youtube.com/watch?v=T042yTmU8EI
Na segunda parte desta matéria, mostraremos bandas de estilos mais variados dentro do Heavy Metal, e que mesmo assim tiveram a ousadia de homenagear os pais do Synthpop em seus registros.
