O Deadly Friday é um quadro onde toda sexta feira resenharemos e contaremos um pouco sobre os álbuns mais importantes do metal extremo!
“A Blaze In The Northern Sky” foi lançado em 1992, e foi o primeiro a selar a transição do death para o black metal de uma das bandas mais icônicas no estilo, Darkthrone! O álbum foi gravado no estúdio Creative, o mesmo onde foi gravado um dos registros mais importantes do Black Metal, o LP “Deathcrush”, do consagrado Mayhem.
No encarte do disco, foi feita uma dedicatória para Euronymous, onde está escrito: “A Blaze In The Northern Sky is eternally dedicated to the king of Black/Death Metal underground: namely Euronymous”.
O clima do álbum já começa a ser passado logo na capa, onde aparece o guitarrista Zephyrous, usando corpse paint, numa capa simples…mas com uma expressão em que ele parece estar sugando a sua alma ali mesmo!
E pasmem, depois de fazer essa resenha, eu realmente sonhei com essa cena..
O álbum abre com a faixa “Kathaarian Life Code”, com 10 minutos de duração, e apresenta bem no começo um canto semelhante a rituais pagãos, que dura pouco e deixa o mistério e curiosidade no ar. A quietude é quebrada com um estrondo violento onde Fenriz parece colocar toda a sua raiva na bateria, extremamente rápida, e combinada com os gritos ardilosos de Nocturno Culto.
Em algumas passagens, é notável que a influência do death metal está ali ainda! Meio escondido, mas está! E nos riffs de guitarra mais elaborados e trabalhados tecnicamente, isso fica claro.
“In the Shadow of the Horns” é uma das mais clássicas da banda. Ela não começa com tanto ódio quanto a primeira, e carrega uma letra bem forte, muito bem interpretada e com um instrumental com tempos diferenciados.
“Paragon Belial” é a mais técnica do álbum, e vai te levar a sentir o verdadeiro black metal, num som que combina solos de guitarra “fora do convencional”, Fenriz demonstra mais uma vez toda a sua ira com linhas de bateria criativas e bem estruturadas.
“Where Cold Winds Blow” é outra faixa que apresenta uma letra pesada, mas bem interessante, te leva a várias interpretações. E fica difícil ouví-la sem sentir o frio congelante na alma em cada berro que Nocturno dá. Ela é criativa, técnica, e é uma das que você consegue sentir uma pontinha de Death Metal se prestar atenção.
A faixa-título “A Blaze In The Northern Sky” impressiona pelo fato de não cair na mesmice harmônica das músicas de Black Metal. Ela tem passagens mais compassadas, lentas, com riffs de guitarra mais elaborados.
“The Pagan Winter” é a última faixa do álbum e também têm o mesmo “canto pagão” da abertura do álbum, marcando o ouvinte com a marca sombria do Black Metal norueguês, com a sensação de que todo o ódio que temos..está presente em cada nota e passagem desse álbum.
E essa é justamente a minha consideração desse álbum, ele te marca, ele faz a sua ira se rebelar junto com todos os berros, faz você se sentir numa floresta em uma noite fria norueguesa, ele faz você sentir na espinha que o Black Metal é sobre expurgo, sobre expressão.