Dave Mustaine: o anti-herói do Metal

Você conhece Dave Mustaine? Muito conhecido no cenário do Metal, Mustaine é guitarrista, vocalista e líder de uma das mais importantes bandas do Metal: o Megadeth, banda esta que inspirou e ainda inspira muitos no cenário e é considerada, junto de bandas como Metallica e Anthrax, precursora do “Thrash Metal” (uma das vertentes do Metal). Conhecido por seu jeito excêntrico, Dave carrega fama de ser de “difícil convivência”. Suas atitudes e seu jeito extremo de viver fizeram com que o mesmo atingisse níveis altos de qualidade musical pelo talento de compor e de tocar, mas também gerou muitos problemas com álcool, drogas e, com isso, problemas de relacionamentos, principalmente com os integrantes (constantemente trocados) de sua banda.

Ao falar de Megadeth e de sua importância no cenário do Metal, também podemos nos lembrar de Metallica. Não, elas não são bandas amigas e não estão sempre juntas dividindo os palcos. O que nos faz ter esta associação é Mustaine. No início do Metallica, Mustaine era o guitarrista. Ele foi mandado embora da banda justamente pelo seu estilo de vida: os extremos. Seus problemas com drogas e álcool eram constantes e os outros integrantes acharam melhor que o guitarrista saísse da banda. Mustaine perdeu o Metallica ou Metallica perdeu o Mustaine? Afinal, seu talento musical e suas composições são aclamadas até hoje. Bom para o público que pôde e ainda pode acompanhar o som, não apenas de uma, mas de duas bandas sensacionais e importantíssimas do Metal: Megadeth e Metallica.

Os fãs de histórias em quadrinhos costumam eleger seus heróis preferidos. E o que é ser um herói? Quais suas características? O herói é aquele que salva as pessoas, que resolve os problemas da população e sempre possui características de “mocinho”: bondoso, de bom caráter, íntegro, justo, trabalha em prol do próximo, trabalha pelo bem da comunidade e não pede nada em troca. O herói é sempre aclamado pela população e possui uma legião de fãs que gostariam de ser como ele e de estar junto dele. Um dos exemplos destes heróis e, talvez, um dos mais famosos das histórias em quadrinhos é o Super-Homem. Ele sempre busca ser o bom moço, fazer o bem, não quer a fama e luta para que todos estejam satisfeitos e fora de perigo. Na música, também podemos encontrar o que chamamos de herói.  Ele seria o “bom moço”, aquele que está sempre sorrindo, que interage com o público e com a própria banda de forma positiva, aquele que promove boas ações e que dá bons exemplos (podemos incluir aqui Bono Vox, do U2). Talvez tais características sejam distantes e bem distintas das apresentadas pelo líder do Megadeth.

Há quem prefira um outro tipo de herói. Um herói com características distintas das citadas acima, alguém mais próximo da grande quantidade de falhas que possui o ser humano. A finalidade de fazer o bem ainda é a mesma, porém com outras atitudes e outros estímulos para fazê-lo. E é aí que conhecemos o que chamamos de “anti-herói”.

Mas, afinal, o que é ser um anti-herói? É o vilão da história? Na verdade, não. Ele costuma fazer o bem e, com isso, acaba ajudando muitas pessoas. O que difere o anti-herói do herói são as personalidades opostas e a real motivação para fazer o bem. O anti-herói costuma ser inconsequente, não pensa no bem estar comum, é egoísta, luta pelos seus anseios e desejos e passa por cima do que e de quem precisar. Com isso, os valores acabam, muitas vezes, sendo opostos aos valores do herói. Aqui podemos colocar de exemplos anti-heróis famosos dos quadrinhos como Wolverine e Justiceiro. Ambos fazem o bem, mas estão longe de serem heróis. Wolverine com seu instinto assassino, faz o que for preciso para chegar onde quer. O Justiceiro, em busca de vingança por terem matado sua esposa e seu filho, vai atrás de todos os bandidos e luta para que os mesmos sejam exterminados, mesmo que seja por suas próprias mãos.

Dentro das definições, é inegável atribuirmos o título de “anti-herói” a Mustaine. Sim, ele é um anti-herói da música. Ótimo compositor, ótimo músico, ótimo guitarrista, líder de uma banda que possui músicas inesquecíveis no cenário do Metal, mas um alguém que possui sérios problemas de relacionamento. A convivência com ele parece beirar o impossível.

megadeth

Como a banda teve vários músicos trocados ao longo de seus trabalhos, sua sonoridade também foi mudando. Cada um dos integrantes trazia consigo um estilo diferente para a banda, para sua sonoridade. Com isso, temos álbuns mais puxados para o Thrash Metal e outros que se revelam mais influenciados pelo Metal Melódico, por exemplo. Mas as composições, o peso e a ideia de Mustaine de fazer um ótimo trabalho continuaram em todos eles.

Ao ser mandado embora do Metallica, Mustaine quis vingança. Neste momento, ele começou a seguir os passos de um anti-herói famoso dos quadrinhos, e buscou vingança a qualquer custo. Sua meta era: fazer uma banda mais pesada e com guitarras mais rápidas que o Metallica. Como um Justiceiro, ele segue focado em sua meta até hoje, lançando vários álbuns e diversificando sua sonoridade, conquistando cada vez mais fãs e sendo um grande ícone do Metal.

Mustaine pode também ser considerado um Wolverine. Em 2002, teve um grave problema em um nervo de seu braço, fazendo assim com que a banda parasse por um tempo seus trabalhos. Com a parada, há quem diga que o líder gostaria de encerrar as atividades da banda em definitivo, porém uma cláusula contratual obrigava-o a gravar mais um álbum. Em 2004, já regenerado (com seu poder de anti-herói, por que não?) colocou as “garras” de fora e lançou mais um álbum: “The System Has Failed”. Álbum este considerado, para muitos, o melhor trabalho da banda.

Entre chegadas e saídas de integrantes, a banda surpreendeu ao contratar Kiko Loureiro, guitarrista brasileiro do Angra, para integrar a parte das guitarras no próximo álbum do Megadeth. Para muitos, uma surpresa. Mustaine ainda deu uma entrevista dizendo que Kiko era “o melhor guitarrista que o Megadeth já teve” (que honra, não?).

De qualquer forma, seja em qual vertente do Metal estiver, o Megadeth sempre será lembrado por seus álbuns inesquecíveis e sua sonoridade única. Talvez haja discordância entre os fãs de qual álbum seja o melhor, talvez a convivência com Mustaine seja, realmente, “beirando o impossível” (como disse Kerry King, guitarrista do Slayer, em uma entrevista), talvez a motivação de fazer a banda não tenha sido das mais nobres e sido por vingança mesmo; não importa. Seguir a linha do Justiceiro, ter motivação de vingança por ter sido mandado embora do Metallica e usar esta mesma vingança para criar o Megadeth querendo almejar ser melhor, com um som mais pesado e mais rápido, faz deste “anti-herói” um ícone da música mundial. Afinal, o papel de herói não cairia bem mesmo para Dave Mustaine.

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