Isabelle Bale, a mulher por trás deste projeto chamado Daughter, dever ser exaltada pela coragem e força na luta pelo respeito e combate ao preconceito contra a mulher trans. Principalmente por apostar em uma sonoridade voltada ao black metal e suas facetas para deixar seu manifesto, que foi inspirado em declarações preconceituosas de governantes dos EUA e do Reino Unido contra pessoas trans, chegando a chama-las de demônios.
E tudo isso pode ser conferido neste magistral álbum de estreia intitulado “Silhouettes”, onde ela entrega um som raivoso, mas bem trabalhado e arranjado, em 7 faixas em pouco mais de meia hora.
O disco conta com guitarras cortantes, típicas do black metal, mas bem encorpadas, mérito da produção bem feita. Há uma cozinha simplesmente devastadora, com bateria cheia de viradas insanas e uma pegada intensa, além de orquestrações ao fundo, que dão uma pompa maior à banda, mas sem cair em exageros. Ou seja, não é algo sinfônico e pende mais para o industrial.
Enquanto vomita vocais rasgados, típicos do Black Metal, a vocalista canta sobre o espectro emocional de ser uma pessoa trans+ em um mundo que não quer nada mais do que a sua destruição. Partes iguais de ódio e esperança, a Daughter cria música sombria e misantrópica.