Dark Dimensions Metal Fest (W.A.S.P., Accept e Trend Kill Ghosts) – Internacional Eventos – SP – 08/12/2019

Após um longo e tortuoso período de quase 10 anos, o público brasileiro enfim pôde rever o W.A.S.P., um dos maiores expoentes do Hard ‘n’ Heavy oitentista norte-americano, no “Dark Dimensions Metal Fest”, realizado em Guarulhos/SP, no Internacional Eventos. Blackie Lawless e sua trupe (que desde 2017 conta com o brasileiro Aquiles Priester no comando das baquetas) vieram ao país muitíssimo bem acompanhados pelos alemães do ACCEPT, figurinhas já carimbadas por aqui, mas que sempre nos brindam com apresentações inesquecíveis. A abertura do festival ficou a cargo da revelação tupiniquim TREND KILL GHOSTS.

O Internacional Eventos foi, à princípio, uma escolha um tanto quanto inusitada, por estar localizado fora da capital paulista (apesar da proximidade) e ser totalmente desconhecido pelos fãs de Rock / Heavy Metal. Apesar disso, e de alguns problemas em relação à acústica e ventilação, o espaço é bastante amplo e trouxe um nível satisfatório de conforto ao público, que compareceu em grande número.

As 17h em ponto, o festival teve início com o TREND KILL GHOSTS. Oriundo da própria Guarulhos/SP, o grupo é formado por Diogo Nunes (vocal), Rogério Oliveira (guitarra), Danilo Perez (baixo) e Leandro Tristane (bateria). Atualmente, o quarteto vem trabalhando pesado na divulgação de seu ‘debut album’, o ótimo “Kill Your Ghosts”, que foi lançado este ano e vem obtendo grande repercussão entre fãs e crítica especializada. Mesmo prejudicados pela má qualidade do som que emanava na pista, os caras entregaram um show de boa qualidade. O repertório foi majoritariamente calcado no disco de estréia, com destaques para “Fight”, “Deceivers”, “Believe” e “Ghost’s Revolution” (esta que teve a participação de Ralf Scheepers, vocalista do Primal Fear, em sua versão de estúdio), além de um cover muito bem executado de “Painkiller”, do Judas Priest. Em 40 minutos, o TREND KILL GHOSTS passou o seu recado com competência e foi um excelente aquecimento para o que viria a seguir.

A primeira atração internacional da noite foi o ACCEPT. A banda passou por mudanças significativas em seu line-up nos últimos tempos, com a saída do baixista e fundador Peter Baltes, além da recente inclusão de um terceiro guitarrista, o que gerou uma certa curiosidade/apreensão sobre como isso impactaria em sua dinâmica, principalmente no quesito ‘ao vivo’. Felizmente, Mark Tornillo (vocal), Wolf Hoffmann (guitarra), Uwe Lulis (guitarra), Christopher Williams (bateria), e os novatos Philip Shouse (guitarra) e Martin Motnik (baixo) provaram que não existe decepção quando se fala em ACCEPT: o agora sexteto realizou um show rigorosamente brutal, como é de praxe. Shouse ficou responsável pela presença de palco e os backing vocals outrora desempenhados por Baltes, e os fez com maestria; assim como Motnik, que embora não possua a mesma ‘pegada’ de seu antecessor, rege as quatro cordas com total segurança.
Como é recorrente desde o retorno do grupo com o espetacular “Blood Of The Nations” (2010), o setlist foi uma mistura homogênea entre clássicos oitentistas (“Restless And Wild”, “London Leatherboys”, “Princess Of The Dawn”, “Midnight Mover”, etc.) e sons mais atuais (“Die By The Sword”, “Stalingrad”, “Final Journey”, “Pandemic”, entre outras).
A performance dos músicos foi irretocável, tendo como destaques Hoffmann, com sua quase mágica guitarra Flying V; e os potentes vocais agudos e rasgados de Tornillo.
Após a arrasa-quarteirão “Fast As A Shark”, veio o ‘encore’ (bis) com “Metal Heart”, “Teutonic Terror” e “Balls To The Wall”. Sejamos francos, não existe no planeta um encerramento de show mais poderoso do que este.

A ansiedade para a apresentação do W.A.S.P. era grande. Finalmente, às 20h45, soa nos PA’s uma introdução com trechos mixados de músicas diversas da banda. Logo após, Blackie Lawless (vocal e guitarra), Doug Blair (guitarra), Mike Duda (baixo) e Aquiles Priester (bateria) sobem ao palco ao som de “On Your Knees”, do álbum de estréia (1984), já emendando “Inside The Electric Circus”, presente no registro de mesmo nome, lançado em 1986. O que se sucedeu durante os 80 minutos seguintes foi algo que beirou o irreal: vimos (e ouvimos) um senhor de 63 anos cantando com inacreditável perfeição e alcançando todas as notas altíssimas do passado, sem playback ou outros recursos trapaceiros (embora use dobras vocais e efeitos de eco em algumas passagens, o que nem de longe é um demérito), além de um trio de instrumentistas 100% afiado e com grande presença de palco.
Não tenho a intenção de puxar sardinha para o Brasil, mas sou obrigado a exaltar a performance do monstruoso Aquiles Priester (apresentado por Lawless como “The Brazilian Beast”), que faz as linhas de bateria relativamente simples do W.A.S.P. soarem magníficas, isso sem contar o ‘punch’ inigualável que o cara possui. É simplesmente o melhor baterista brasileiro da atualidade, em minha singela opinião.
O repertório da apresentação, apesar de um tanto curto, foi altamente meticuloso, contendo porradas do calibre de “L.O.V.E. Machine”, “Hellion”, “I Don’t Need No Doctor”, “Arena Of Pleasure” e “Chainsaw Charlie (Murders In The New Morgue)”, além das belíssimas e épicas “The Idol” e “The Great Misconceptions Of Me”. O final apoteótico da atuação não poderia ser outro: “Wild Child” e “I Wanna Be Somebody”, os dois maiores hinos do grupo, bradados em uníssono por todos os presentes.

W.A.S.P. e ACCEPT protagonizaram alguns dos melhores shows de um 2019 que teve, entre muitos outros, nomes como Iron Maiden, Slayer, Scorpions, Whitesnake, Helloween, Saxon e Avantasia. Meus cumprimentos à produtora Dark Dimensions pela realização exemplar e organizada deste evento que, sem sombra de dúvidas, já faz parte da história do Heavy Metal no Brasil.

W.A.S.P.
01. On Your Knees
02. Inside The Electric Circus
03. The Real Me (The Who cover)
04. L.O.V.E. Machine
05. Crazy
06. The Idol
07. Hellion
08. I Don’t Need No Doctor
09. Arena Of Pleasure
10. Chainsaw Charlie (Murders In The New Morgue)
11. The Great Misconceptions Of Me
12. Wild Child
13. I Wanna Be Somebody

ACCEPT
01. Die By The Sword
02. Stalingrad
03. Restless And Wild
04. London Leatherboys
05. No Regrets
06. Analog Man
07. Final Journey
08. Shadow Soldiers
09. Princess Of The Dawn
10. Midnight Mover
11. Up To The Limit
12. Pandemic
13. Fast As A Shark
14. Metal Heart
15. Teutonic Terror
16. Balls To The Wall

TREND KILL GHOSTS
01. Like Animals
02. Fight
03. Deceivers
04. Painkiller (Judas Priest cover)
05. Ghost’s Revolution
06. Believe
07. Frozen

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