Danzig: 30 Anos do Álbum de Estreia

O nome da banda não deixava dúvidas sobre quem realmente mandava ali. Por outro lado, talvez nem precisasse tanto, pois Glenn Danzig já possuía uma carreira que lhe credenciava a primazia para tal. Tendo sido fundador do Misfits e, posteriormente, do mítico Samhain, Glenn iniciou a nova etapa de sua trajetória cometendo os passos corretos.

Pelo menos até certo ponto. A primeira fase do Danzig ainda é apontada como seu melhor período. Uma formação coesa que permaneceu incólume durante a produção de quatro discos, no decorrer de seis anos. A ascenção gradativa que vinha experimentando no cenário foi quebrada com a dissolução dessa formação, evento simultâneo à guinada de Glenn para a inserção de elementos industriais em sua música. Mais do que nunca, ficou evidenciado que não se tratava de uma banda, dentro de sua definição mais clara, mas sim de um cantor com seu grupo de apoio.

A música que criaram, porém, não foi afetada por essas dinâmicas internas. Sob a supervisão do produtor Rick Rubin, foi lançada, em 1988, a estreia autointitulada. A banda demonstrava ali que possuía uma identidade própria, gerada a partir de uma inusitada mistura de influências, soando, na maior parte do tempo, como se fosse um cruzamento entre Black Sabbath e The Doors. Um Doom Metal com acento fortíssimo de Blues e com letras em um tom macabro mais aprofundado, em oposição ao macabro no estilo filme trash que os Misfits praticavam.

A metamorfose de Samhain para Danzig ocorreu sem troca de músicos e foi, resgatada dessa encarnação anterior, que eles trouxeram a faixa de abertura, que se tornaria o primeiro clássico da nova empreitada, a música “Twist of Cain”. Essa canção, com seu arranjo simples e andamento moderado, cativava de imediato com seu ritmo de Hard Metal setentista, pré-NWOBHM, sem arroubos de velocidade ou grandiosidade, mas com bastante feeling e eficiência. Duas ótimas músicas surgem na sequência: “Not of this World” e “She Rides”, sendo, essa última, bastante tendente para o Blues, influência já anteriormente mencionada, e que agrada com sua melodia cantável, tornando-a acessível para o ouvinte médio, apesar de seu peso e de sua obscuridade lírica.

“The Hunter” e “Am I Demon” são outros destaques, mas, em termos de evidência, ficam um pequeno passo atrás de “Possession”, que também foi aproveitada do Samhain. A música “Mother” é, provavelmente a faixa mais conhecida do Danzig e não deve nunca estar ausente de suas apresentações, com seu início climático e o paulatino crescendo em seu desenvolvimento, até concluir em pura catarse emotiva. De certa maneira, ela resume a linha condutora da banda, com um minimalismo preciso e emotivo.

Não seria exagero dizer que, guardadas as devidas diferenças, o Danzig segue o modus operandi de bandas como o AC/DC, enxugando os excessos e entregando musicalidade simples e cativante, divergindo apenas por ser sombria e monocromática, como a ilustração da capa. A maior parte da legião de admiradores da banda foi erigida com base no que foi desenvolvido nesses primeiros anos. Depois de “Danzig”, os trabalhos subsequentes foram passos adiante em termos de composição e produção, até o infeliz equívoco que foi “Blackacidevil”. Posteriormente, o trem retornou à linha, restabelecendo a sonoridade clássica desse capítulo de 30 anos, dentro dos mais de 40 anos de atividade de seu principal integrante.

Formação

Glenn Danzig – vocal

Eerie Von – baixo

John Christ – guitarra

Chuck Biscuits – bateria

Músicas

01 Twist of Cain

02 Not of This World

03 She Rides

04 Soul on Fire

05 Am I Demon

06 Mother

07 Possession

08 End of Time

09 The Hunter

10 Evil Thing

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