“Século Sinistro”. Assim, o Ratos de Porão resolveu chamar seu mais recente álbum de estúdio. E, sejamos sinceros, poucas vezes um álbum refletiu de forma tão veemente seu título. E o RDP parece que com o passar dos anos, ao contrário do que acontece com muitas bandas, não se acomodou ou deu aquela “amolecida” no som. Pelo contrário! Cada música presente aqui carrega consigo doses extremas de energia, raiva, adrenalina, ou seja lá do que você quiser chamar. João Gordo, Jão, Juninho e Boka trazem 13 faixas (12 próprias e um cover), onde despejam toda sua fúria contra um sistema e uma sociedade que a cada dia parece caminhar para um abismo. Se isso, lá no início dos anos 80 soava como um grito de revolta, hoje podemos dizer que soa muito mais como uma triste realidade.
Sem dúvidas, uma das bandas mais importantes, influentes e fundamentais da cena brasileira e mundial, o RDP ultrapassou as barreiras do punk/hardcore. Seja pelo ótimo “Anarkophobia” (1991), seja pelas suas ligações com as bandas de heavy metal, o certo é que a banda possui uma extensa e importante discografia. E, falo sem medo de errar, “Século Sinistro”, está entre seus mais importantes trabalhos.
Após 8 anos sem lançar um álbum completo de inéditas, o grupo mostra que continua sendo um nome a ser respeitado. E sabe por que? Por que todos nós sabemos o que virá: letras agressivas e com alto teor crítico social; guitarras rápidas, sujas e diretas, bateria na velocidade da luz e muita, mas muita brutalidade! Sem deixar pedra sobre pedra, faixas como “Conflito Violento”, ” Neocanibalismo”, “Grande Bosta” (preste atenção na letra e veja se você não concorda com Gordo…), “Sangue e Bunda”, “Viciado Digital” e “Boiada pra Bandido”, provam que em matéria de hardcore, a banda segue sendo referência! E ainda há o cover de “Progeria of Power” do grupo sueco Anti-Cimex, que contou com a participação de Moyses Kolesne (Krisiun) na guitarra!
A produção, que ficou por conta de Jean Dollabella (ex-Sepultura) João Gordo e da própria banda, apesar da sujeira e agressividade, deixou tudo perfeitamente audível, inclusive o vocal, que se lembrarmos de alguns álbuns anteriores do grupo, se aproximavam bastante dos vocais de grindcore/crust. Aqui, a voz de Gordo encontra-se mais “clara”. Mas sem perder toda a brutalidade que acompanha o vocalista desde seu início no grupo. A guitarra de Jão também parece ter melhorado com o tempo, pois se ainda mantém aquela pegada própria do punk, consegue aliar passagens bem mais próximas do metal, criando uma dose perfeita de peso. A cozinha, rápida e mortal, segue sendo uma das melhores do cenário nacional.
Resumindo de forma curta e grossa: o RDP continua Sendo MAIS SUJO E AGRESSIVO que muita banda por aí!
Faixas:
01 – Conflito Violento
02 – Neocanibalismo
03 – Grande Bosta
04 – Sangue e Bunda
05 – Século Sinistro
06 – Jornada para o Inferno
07 – Prenuncio de Treta
08 – Stress Pós Traumático
09 – Viciado digital
10 – Boiada pra Bandido
11 – Progeria of Power (Anti Cimex cover)
12 – Puta, Viagra e Corrupção
13 – Pra fazer Pobre Chorar
Formação:
João Gordo – vocal
Jão – guitarra
Juninho – baixo
Boka -bateria