Engraçado perceber com o número 7 está intrinsecamente ligado a acontecimentos decisivos na carreira do Black Sabbath, acarretando uma ainda maior aura de mistério que tanto aguçam a curiosidade de estudiosos, como alimenta a paixão dos fãs pela banda.
“Technical Extasy” é o sétimo álbum de estúdio do Sabbath. Ele é uma progressão natural da mudança que a banda vinha buscando desde “Vol. 4”, porém, aqui, em certo momento do percurso, o expresso Black Sabbath se perdeu nos trilhos dos conflitos pessoais, drogas e diferenças musicais.
Ozzy já vinha se queixando das mudanças “progressivas” da banda nos últimos trabalhos. Isso, unido aos outros contratempos que a banda vinha passando, fez com que o vocalista abandonasse o grupo logo após o disco ser lançado em setembro daquele 1976, voltando logo depois, meio descontente para gravar “Never Say Die”.
Apesar de geralmente renegado na discografia da banda, “Technical Extasy” não é um trabalho descartável – muito pelo contrário! Porém, não era algo que os fãs e o ouvinte acostumado ao Sabbath esperassem. As mudanças começavam pelas letras que tratavam até então de temas que a banda não abordava como prostitutas, travestis, drogas, etc.
Musicalmente, pode-se usar a expressão popular “é que a porca torcia o rabo”, pois o uso de sintetizadores, teclados e uma clara guinada ao que estava na “moda” na época (perceba-se a rançosa levada “disco” em certas passagens) , descaracterizou a clássica aura “Sabbathiana”. Apesar de trazer boas canções como “Dirty Women”, “Gypsy” e “It’s Alright”, o Sabbath era pouco reconhecível naqueles acordes estranhos e robóticos.
Tentando “expandir” seu som, a banda adicionou o tecladista Gerry Woodruffe (a exemplo de “Sabbath Bloody Sabbath”, que tinha contado com Rick Wakeman), cujo trabalho também podia-se conferir em “Sabotage”.
Laivos de sua fase clássica como “You Won´t Change me” e “All Moving Parts (Stand Still)” eram pouco para não fazer com que os narizes torcidos de crítica e público se virassem para o Sabbath. Era o fim de uma era.
A turnê promocional do álbum iniciou em novembro de 1976 tendo como bandas de abertura o Boston e Ted Nugent, e foi finalizada na Europa com o AC/DC em abril de 1977, onde reza a lenda que o convívio entre o baixista Geezer Butler e o guitarrista do AC/DC Malcolm Young era tão ruim, que Geezer chegou a sacar um canivete do bolso e ameaçou Malcolm numa briga de bar.
Enfim, “Technical Extasy” é polêmico, controverso e musicalmente vale a pena ser conferido por sua importância no contexto da história do Sabbath, e apesar dos pesares, ainda era a formação clássica em ação.
Ficha Técnica:
Gravadora: Vertigo/Warner Bros. (EUA/Canadá)
Produtor: Black Sabbath
Lançamento: 25 de setembro de 1976
Formação:
Ozzy Osbourne (vocal);
Tony Iommi (guitarra);
Geezer Butler (baixo);
Bill Ward (bateria e vocal em “It’s Alright”);
Gerry Woodruffe (teclados e arranjos).
Faixas:
01 – Back Street Kids
02 – You Won’t Change Me
03 – It’s Alright
04 – Gypsy
05 – All Moving Parts (Stand Still)
06 – Rock ‘n’ Roll Doctor
07 – She’s Gone
08 – Dirty Women
Todas as músicas compostas por Osbourne, Iommi, Butler e Ward.