Julio Barros segue fazendo música contra a maré, inovando a cada riff e acorde, tendo a certeza que sua arte agrada e conquista diversos fãs ao redor do mundo. À frente de uma das bandas de rock/metal de maior destaque de 2019, o músico faz questão de não copiar a roda, agregando assim um valor inestimável ao som do Corona Nimbus.
Com uma perfomance de palco impactante, o guitarrista e vocalista se permite reinventar, buscar novos sons e possibilidades, movimentos esses que refletem nas composições, linhas de guitarra, melodias e letras.
Conversamos com o músico sobre carreira, influências, equipamento e outras curiosidades.
Você e o Junior Vieira apresentam dinâmica forte e natural no palco. Como que funciona a parceria de vocês como músico e amigos dentro do projeto? Como se dá tamanha sintonia entre o duo? E o que levou vocês a um duo e não a uma banda tradicional?
Julio: Somos um duo no papel, nas fotos, nas entrevistas e videoclipes, mas no palco nos apresentamos em quarteto (já rolou até como quinteto), Arthur Moreira (baixista) e Lucas Di Matos (baterista) nos acompanham atualmente e são peças fundamentais para que os shows aconteçam. Eu e Júnior Vieira já trabalhamos juntos a alguns anos, eu tenho uma produtora de eventos (202 Produções), um estúdio de ensaios e gravações (Studio 202, onde foi gravado o disco da Corona Nimbus), com o passar do tempo inevitavelmente, devido a cidade em que moramos, nos conhecemos e passamos a compartilhar cada vez mais, jobs, gigs etc isso fez com que estivéssemos cada vez mais próximos e aprendêssemos a trabalhar em equipe em busca sempre de um objetivo em comum, a música! somos uma unidade e ao mesmo tempo os dois lados distintos de uma mesma moeda!
Dentro do cenário de rock, stoner e metal brasileiro, você costuma acompanhar bandas com trabalho autoral? E sobre as estrangeiras, alguma atual que tenha lhe chamado a atenção?
Julio: Sim, sempre! Sou um pesquisador musical e gosto de saber principalmente o que acontece no entorno, próximo a mim, compreender a realidade na qual estou inserido. Estar atento à cena, ao mercado como um todo é parte do meu trabalho pois, como falei anteriormente, possuo uma produtora, estúdio etc e vivo da música e de suas diferentes ramificações. No geral, é costume nosso absorver tudo que vem de fora e tomar como verdade para si, temos de aprender a ponderar tais questões. Entender que o explêndido QUADRA do Sepultura, é o resultado de anos de experiência e vivência de cada indivíduo que compõe a banda.
Que dica você daria a músicos brasileiros da cena, amadores ou profissionais, que tem medo de experimentar e inventar coisas novas em suas músicas?
Julio: “Por favor parem de copiar a roda, vocês são muito melhores do que isso!” É complicado explicar, mas bandas novas ou veteranas que deixam transparecer suas influências, artistas que eu consigo no primeiro minuto descrever exatamente o que são, não me atraem! Sabe aquela frase “as mesmas histórias só mudam os personagens”? É isso, bandas genéricas pra mim são intragáveis. Não que você vá criar algo completamente novo e original, o novo Radiohead, mas a pessoa nem ao menos permite se reinventar, buscar novos sons e possibilidades, me parece um relacionamento abusivo; é como se o indivíduo fosse um escravo das regras ditadas por alguém ou uma força maior. Procurem sair da curva, vocês sabem do que estou falando, vocês conhecem a história do Metallica, do Iron Maiden, Sepultura, do LED ZEPPELIN…as coisas só funcionaram quando eles se libertaram e se permitiram. Atentem pra isso.
Qual modelo de guitarra, cordas e amplificadores você usa? Conta pra gente a relação de amor com seu instrumento.
Julio: Não sou um exímio guitarrista, mas sou um cara esforçado (rs) tenho minha forma de compor, me cerco de pessoas competentes e de instrumentistas maravilhosos que me forçam a ser cada dia melhor no que faço! Gosto de guitarras com personalidade e características diferenciadas, logo, modelos strato e les paul estão completamente fora do que eu utilizaria (nada contra, utilizamos esses modelos pra gravar mas não me representam no palco rs), hoje toco com uma guitarra Washburn modelo firestar, signature do Paul alguma coisa, guitarrista do Kiss; encordoamento 0.11, pedais de efeito, modulações, delay, reverb, phaser, fuzz…gosto de sons “malucos” sem muitos padrões…o que é bem diferente de Júnior, a propósito vocês deviam fazer essa pergunta pra ele, ele iria adorar e discorrer horas sobre o tema! Júnior Vieira é o verdadeiro “guitar man” dessa banda!
Quais são as suas maiores influências musicais? Pra você qual é o maior guitarrista e vocalista de todos os tempos?
Julio: Não sou um cara saudosista, não sou de me apegar muito as coisas da vida, a conceitos pré-moldados, as coisas mudam constante e naturalmente…minha base musical, minha escola, foi o grunge, desde bandas mais pops do gênero como Nirvana, até bandas mais pesadas e conceituais como Alice in Chains e Pearl Jam. Listar os melhores é sempre complicado pois como disse, ouço MUITA coisa, pesquiso novos sons e não me atenho a regras…HOJE minhas principais influências como vocalista, guitarrista e frontman ao mesmo tempo são John Baizley do Baroness e Simon Neil do Biffy Clyro, mas obviamente que amo caras como o Hetfield, Grohl, Josh Homme e Corey Taylor. No Brasil pessoas como Victor Rocha do Black Drawing Chalks, João Lemos do Molho Negro e Emmily Barreto do Far From Alaska continuam a me inspirar, eles são fodas!
Como que você compõem suas linhas de guitarra? Como se dá seu processo criativo?
Julio: Sou um cara de poucas palavras, mas sempre gostei muito de escrever, escrever e observar, estou sempre a observar, sempre! É algo natural pra mim e isso reflete nas composições, as linhas de guitarra, melodias e letras são o momento em que coloco pra fora tudo o que não falei pessoalmente em outro momento mas que estava atento observando. Na Corona Nimbus faixas como Beyond Chaos, Lights Out, Uterearth, Abyss e Clash of Titans são insights desses momentos.
Como a música surgiu em sua vida?
Julio: Não venho de família artística, ninguém aqui, toca, pinta, escreve ou encena nada! Estive sempre inserido no comércio e empreendedorismo e a música é o meu negócio, é onde eu consigo me expressar e ao mesmo tempo pôr em prática tudo que vivenciei e aprendi. Acho que tem funcionado, estou vivo, saudável e respondendo entrevistas sobre essa trajetória. Me parece bom!
Tem algum show na história do Corona Nimbus que você ache que foi o melhor show? Algum em especial que sempre lembrará?
Julio: Enquanto respondo essa entrevista estamos a dez dias do Festival PontoCE em Fortaleza-CE, em que a Corona Nimbus vai abrir o show de ninguém mais ninguém menos que os The HELLACOPTERS, esse certamente será um dia pra ficar na memória!
Novidades para 2020?
Julio: Videoclipes, Live Sessions, audiovisual como um todo e shows, muitos shows! Cada vez mais longe de casa e mais próximo de você que está a ler essas palavras.