O Beyond The Black tem quase 10 anos de carreira e, depois de tentar fugir do heavy metal sinfônico padrão e criar uma identidade própria, seus músicos acreditam que o seu quinto álbum, que carrega o mesmo nome da banda, os representa terem encontrado seu estilo particular.  

A vocalista Jennifer Haben e o guitarrista Christian Hermsdörfer concederam uma coletiva de imprensa online com jornalistas da América Latina e o nosso site não poderia estar de fora.  

Sobre o novo álbum, Jen fala que o que o diferencia dos outros foi o tempo que eles tiveram para pensar em como tudo seria feito. Por causa da pandemia, eles tiveram um longo tempo para planejar tudo e ela acredita que é por isso que esse álbum soa tão confiante. 

Então, nós pensamos em como queríamos soar, o que queríamos falar, todas essas coisas antes de escrever qualquer coisa. E com “Hørizøns”, o álbum anterior, nós fizemos isso em um progresso, nós quisemos experimentar onde aquilo nos levaria” comenta a vocalista.  

Já Christian fala que para ele, o mais importante foi que eles decidiram trabalhar apenas com um produtor. Nos álbuns anteriores, o processo de composição acabava incluindo muitas pessoas que eles tinham vontade de trabalhar, mas agora aquilo não soava tão bom. 

“Não, o som que queremos não terá mais ninguém, apenas Jennifer, o produtor e eu. E era isso! Vamos para o estúdio e testar apenas nós três” diz Christian. 

Continuando sobre o novo álbum e a sua comparação com os anteriores, Jen explica que todos os álbuns contavam histórias pessoais de alguma forma e isso começava a determinar como seria o processo de composição.  

“Com ‘Heart of The Hurricane’, alguma coisa mudou em algo que queríamos que fosse mais pesado de alguma forma, mas nós pensamos: ‘Ok! Precisamos testar algumas coisas”. Nós experimentamos algumas coisas, nós testamos trabalhar com diferentes pessoas, diferentes produtores e essa foi a razão pela qual nós lançamos ‘Hørizøns’, ele foi nosso álbum experimental pois quisemos tentar antes de ver o que realmente queríamos. Eu acho que esse foi o começo de algo e agora com esse álbum nós conseguimos dizer: ‘Isso é ‘Beyond the Black’.” diz Jennifer. 

E Christian complementa: “Como a Jen disse, nós aprendemos com os outros produtores que trabalhamos, com o tempo no estúdio e tivemos algumas descobertas que usamos no próximo álbum. Depois de termos muito tempo livre, graças a esses dois anos, tivemos muito tempo para pensar sobre tudo e nesse meio tempo, nós lançamos “Hørizøns” e tivemos mais tempo para pensar a respeito de tudo. Quando nos sentamos de novo no estúdio, nós decidimos colocar tudo que aprendemos.” 

Também foi questionado sobre a escolha do nome do novo álbum ser “Beyond The Black” e a vocalista explica que é porque ele é o que mais se conecta com a personlidade da banda e também o contato dos músicos com os seus fãs.  

“Nós falamos muito com os nossos fãs e quisemos conhecê-los melhor, ou muito melhor. E isso foi um interessante progresso. Eu acho que a gente aprendeu muito antes de escrever esse álbum sobre nós, nossos fãs e tudo ao redor do Beyond The Black e tudo que veio depois disso. E no processo, nós descobrimos que tudo sobre esse álbum é basicamente o que somos, sabe?” explica Jen. 

Continuando sobre o tema do álbum, os músicos explicam sobre a arte da capa parecer vidros quebrados. 

Jennifer conta: “Todo esse álbum tem quatro temas que nós pensamos a respeito no começo, antes de escrever as músicas, porque essa é a base que todos falamos a respeito do Beyond The Black. É amor, perda, humildade e batalha. E essas quatro coisas têm símbolos que foram criados por nós. Então cada símbolo é conectado a um tema e no fim quisemos que esses quatro símbolos fossem os quatro membros da banda na arte da capa. Nós tentamos unir tudo e conectar com quem estava fazendo a arte que é muito criativo, ele veio com a ideia do vidro e foi a combinação perfeita.”  

Nossa jornalista fez duas perguntas para os músicos e você consegue conferir na íntegra abaixo: 

Tamira: O que me chama mais atenção a respeito do Beyond The Black é o visual: as roupas, os acessórios que vocês usam para fazer os videoclipes, as mídias sociais, fotos. Eu acho que tudo é muito bem feito como vocês criam essas conexões entre visual e música. Vocês conectam para criar uma história ou apenas para mostrar a personalidade da banda? Como vocês unem moda, com fotografia e música? 

Jen: São as duas coisas. Eu estou trabalhando junto a uma pessoa para as minhas roupas de show, eu sempre tenho minhas ideias para o próximo passo, o próximo álbum. Se temos um conceito, é claro, nós tentamos seguir. Principalmente, eu tinha um vestido para a tour que eu gostava muito porque era um vestido que eu conseguia mudar de preto para vermelho em um segundo e eu realmente amava aquilo. E eu vi em algum lugar no Instagram e achei muito legal ter aquilo também para a tour. Às vezes eu tenho ideias muito antes, mas às vezes, para um vídeo, isso é mais: “Nós temos a ideia para um vídeo e está ficando concreto e pensamos no que vestir no fim”. 

Tamira: Vocês falam de conquistar o mundo e ficar ainda maiores. Eu conheci a banda por causa da canção “In Twilight Hours” do Kamelot. Como vocês viram a banda depois disso, houve algum crescimento na banda? 

Jen: Você se lembra qual ano foi quando a música saiu? 

Christian: Eu acho que foi depois de “The Heart of The Hurricane”. 

Tamira: 2018 ou 2019? 

Christian: Sim. 

Tamira: Vocês viram alguma diferença na banda ou continuou o mesmo? E se vocês pudessem chamar alguém para fazer um feat com vocês. Eu sei que vocês têm uma música com Elize Ryd do Amaranthe. Se vocês pudessem convidar alguém, quem seria? 

Jen: Para mim, eu sempre quis trabalhar com Yannis do Beast In Black porque nós fizemos uma turnê juntos e ele sempre estava fazendo aquela nota alta e era apenas incrível. E isso seria maravilhoso, com certeza. Um pouco de girl power seria ótimo também. Floor Jansen, eu amo a voz dela, mas você tem que achar a música perfeita e o momento perfeito par algo assim. Agora sobre a primeira pergunta. Eu não sei exatamente, você não consegue dizer se fez uma grande diferença foi o feat com o Kamelot, ou se foi o nosso álbum, ou se foi outra coisa. A gente fez grandes shows nessa época na Alemanha, então eu não tenho certeza o que aconteceu, mas com certeza nós crescemos durante aquele momento e mesmo com a pandemia e estávamos de alguma forma presos como as outras bandas. Mas agora a gente pode ver como está indo novamente até o topo. É algo legal de se ver. Com cada coisa que você faz, com o feat ou qualquer outra coisa, você vê a diferença. E eu realmente amo aquela música até hoje e eu preciso ouvi-la de novo porque eu acho que a última vez foi há um ano, ou algo assim. Mas eu sei que realmente amei fazer aquilo. 

Durante a entrevista, foi perguntado se a banda se inspira em assuntos importantes que acontecem no mundo como a pandemia da Covid-19 ou a Guerra na Ucrânia. A cantora começa dizendo que tem conexão com tudo o que eles fazem já que as composições são sobre o que eles vivem e sentem. 

“Nós terminamos o álbum muito cedo, acho que há seis meses, ou mais, mas a pandemia foi uma grande influência durante a composição das canções e você consegue ouvir em “Is There Anybody Out There?”, o sentimento que nós estamos de alguma forma sozinhos, mas descobrindo que outros estão sentindo a mesma coisa ao mesmo tempo, sabe? Eu acho que foi muito especial ouvir dos meus amigos e de outras pessoas que eles estão sentindo a mesma coisa que você e no mesmo momento. Isso nos conectou de alguma forma e nós quisemos mostrar isso nas canções também.” 

Já o guitarrista acrescenta que eles se inspiram no que está acontecendo, mas muitas vezes eles colocam uma emoção sentida por eles em uma música e as pessoas as conectam com outro tema relacionado a elas.  

“O tempo todo nós recebemos mensagens ou conhecemos pessoas e eles sentem uma coisa em nossas músicas e conectam com outra situação e, com certeza, nós não conseguimos pensar em cada situação que acontece no mundo, mas tentamos colocar palavras e música em algo que as pessoas consigam se sentir bem. Toda vez que criamos uma música, a gente quer colocar mais do que apenas palavras e tentamos passar uma mensagem que as pessoas entendam.” comenta Chris. 

E o resultado é que os fãs conseguem se conectar muito bem com as músicas pois a repercussão do novo álbum está sendo muito boa 

“Antes de começar a produzir o álbum, nós começamos a pensar em como foram as nossas experiências nos últimos anos com os fãs. Como eles se sentiriam e como se conectam com a gente, então nós estávamos bem animados pensando em como eles reagiriam a esse novo álbum porque também estávamos tentando pensar neles, não apenas pensando em escrever música. Toda a resposta que estamos tendo é incrível e acho que fizemos tudo da forma certa. E acabamos conseguindo mais fãs com o álbum, então estou bem feliz com o que estamos conseguindo com ‘Beyond The Black’.” comenta Christian.  

Além do álbum, a banda lançou cinco videoclipes e cada um tem a sua história por trás. O primeiro a ser perguntado foi sore “Free Me”.  

Jennifer conta: “Foi gravado na Alemanha e estava tão frio, eu posso te dizer, foi a semana mais fria em dois meses. Tinha neve e tudo era muito frio, mas eu gostei muito da luz ali e era o dia perfeito para aquilo, mas meus joelhos estavam destruídos no final porque eu fazia muita coisa no chão. Nós tentamos fazer uma cena na água, mas no final, nós dissemos: “Ok! Isso não é muito bom para a minha vida, talvez (risos)”. Então pulamos isso e colocamos a headpiece na água. Foi bem interessante o dia de gravação, eu faria de novo dessa forma.” 

“Com certeza é o mais bonito porque não estamos lá (risos)” brinca Christian. 

Eles também comentaram que eles usam muita coisa do cosplay para criar o visual dos clipes. Christian diz que é a forma deles explorarem seu lado nerd. 

Jen comenta: “Eu trabalhei muito com a produção pensando nas roupas e trazendo uma coisa mais cosplay. A gente também pensou em algo mais voltado para o shaman, com rituais onde nós estávamos trabalhando com os símbolos de novo em nosso próprio Beyond The Black ritual. E como a música é mais sobre tentar passar por algo doloroso e é como passar por essa dor de alguma forma e no fim você encontra um jeito, mas o que eu acho que é a melhor coisa sobre esse vídeo é que no fim você vê duas Jennifer em dois diferentes mundos, em um mundo paralelo, e para mim é uma metáfora de que você sempre acha a resposta em você mesmo.” 

Quando perguntados sobre a música “Dancing In The Dark”, Christian tem uma história bem interessante sobre a música. 

“Nós estávamos no estúdio pensando sobre sons que não eram focados apenas em riff e melodia ou letra, nós queríamos que viessem do ritmo. E já era tarde da noite e começamos a pensar sobre esse negócio do ritmo e criamos algo (faz sons de batida) inspirados nos temas das nossas canções que eu tinha em mente e tentamos seguir as raízes de “They Don’t Care About Us” do Michal Jackson que é uma música excelente. É o tipo de batida que você não esquece mais depois de ouvir uma vez, então nós estávamos pensando em criar algo seguindo esse ritmo e depois surgiu “Dancing In The Dark”.” 

E Jennifer completa: 

“A primeira vez que eu ouvi o ritmo do que você fez eu imaginei essa grande percussão que eu toco na turnê e isso foi algo que, eu sempre tenho imagens na minha cabeça, mas isso foi a primeira coisa que eu pensei a respeito fazer isso com as pessoas vendo e a grande bateria. Foi algo que me inspirou a fazer o refrão, melodia e tudo mais. Uma coisa que eu gostei muito dessa canção, que eu amei nessa música, é que, eu acho que foi a primeira música que as pessoas estão dançando em nossos shows (risos). Isso é muito legal de ver. E o videoclipe foi a primeira vez que as pessoas estavam sorrindo nos shows.” 

E foi perguntado também sobre o futuro da banda e se eles planejam tocar no Brasil e na América Latina. 

Jennifer brinca: “Se vocês escreverem um artigo sobre nós, talvez sim (risos). Seria ótimo, nós iríamos amar! Mas é claro que precisamos ver oportunidades para ir e especialmente depois desses últimos anos está mais difícil ir. Mas, com certeza, a gente sabe que há algumas pessoas que gostam da nossa música e esperamos que seja logo. Será ótimo!” 

Quando perguntam a Christian sobre o que mais a banda quer conquistar e se eles têm planos de fazer sucesso em outros lugares além da Alemanha, ele brinca que eles querem dominar o mundo, como o Pinky e o Cérebro. 

“Como Pinky e o Cérebro, nós queremos conquistar o mundo (risos). Eu acho que foi muito importante montar a sua base ao redor de onde você vem porque de alguma forma você conhece o lugar e você é mais naturalizado com a língua e com a cultura. Mas, com certeza, eu acho que podemos dar nossos primeiros passos para o Japão ou a Rússia e outros países. Nós temos muito mais a conquistar e, com certeza, e não vemos a hora de alcançar um novo patamar e ir para América do Sul, do Norte e o resto do mundo. Tantos festivais e lugares incríveis para tocar com pessoas que nos querem lá porque ouvem a nossa música. Claro que queremos um dia conseguir viajar pelo mundo e estar lá por todos que podem nos ceder um lugar e estar ali por eles.” 

Nós gostaríamos de agradecer a Jennifer Haben e o Christian Hermsdörfer por terem nos concedido essa entrevista. Também queremos agradecer ao Marcos Franke e a Nuclear Blast pelo convite.  

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