Sábado, 25 de novembro foi o dia do show do CJ Ramone, em Curitiba, no Hermes Bar, pela Mosh Productions. Os Javalis do Pântano tiveram, como a primeira das quatro bandas, a difícil missão de esquentar o público. O pessoal foi se achegando aos poucos, entre “Javali”, “Cerveja”, “Evolução” e “MM.PRHC”, e lá pela terceira ou quarta música se aproximava cada vez mais do palco.

A segunda banda, Alucinados, começou a tocar lá pelas 22h40. Com Fabrício Vitor na guitarra e vocal, André Lopes no baixo e vocal e Marcelo “Preto” na bateria, interagiram bastante com o público e “a galera do Boqueirão”.

Fabrício contou para a gente, em entrevista para a Roadie Metal, que ficou muito feliz em participar de um evento como este. “Não tem explicação. É o máximo cara. São dois que estão vivos, o CJ e o Marky ainda. E fazer parte da festa não tem palavra pra dizer. Só sentir mesmo, cara.” O vocalista da banda Alucinados comentou ainda sobre o que acha do CJ: “O cara pegou a fase dos caras, que ele participou, da vida dos Ramones. Ele deu a vida ao Ramones. Até o pessoal falou que ele deu o sangue novo. Quando fizeram a seleção ele foi o primeiro cara a fazer o teste. Deu gás até o final, mandando bem pra caramba. Sem palavras”.
Com um som mais hardcore, a terceira banda da noite subiu ao palco perto das 23h30. A Fourface é composta pelo vocalista Fabio Roses, Eduardo e Zuma nas guitarras, Castor no baixo e Rodolfo na bateria. Com a casa cheia, eles tocaram até quase perto da meia-noite.

As três bandas autorais representaram muito bem o rock paranaense, cada uma dentro do seu estilo próprio. Mas a inspiração da noite, sem dúvida era Ramones. Fã da banda, Guilherme Viana sintetizou isso muito bem quando disse porque tinha ido ao Hermes Bar no sábado. “Ver o punk rock. Gosto bastante do som. (Pelo CJ) Por ter sido um ex-Ramones”. Ele disse que realizou um sonho ao ter ido no show dos Ramones, na Pedreira Paulo Leminski, em 1994. “As músicas eram rápidas pra caramba!”, comentou. Guilherme ainda disse que acompanha o trabalho de CJ Ramone e que gostou do álbum “American Beauty”, lançado em 2017. “Gostei das duas primeiras músicas, são muito boas.”
Por isso, o grande aquecimento começou mesmo por volta da meia-noite, quando o convidado especial, Jiro Okabe, com seu baixo estilizado trazendo a bandeira do sol nascente, entrou no palco. Ele estava acompanhado de Tim Jimenez na bateria e Alex Kane, na guitarra e no vocal. Kane já tocou com Marky e Richie. Por isso, a banda fez alguns covers como “I Just Want To Have Something to do” e “Something to Believe in”, além das músicas do novo álbum “Return of the Kamikazi”, como “Baby, Baby, Baby”, “All I Want”, “Punk Rock Generation”. A escolha do set list foi excelente, progredindo com um som cada vez mais pesado.

Em entrevista para a Roadie Metal, Jiro Okabe contou que gosta muito de tocar no Brasil. “É maravilhoso. As pessoas têm muita paixão. Eles respeitam a música, e realmente apreciam a boa música e é para esse tipo de pessoa que eu toco as minhas músicas. Fã é a primeira coisa, eles são muito importantes”. E ainda emendou um “Muito obrigado” em português mesmo.

Uma coisa que fica muito clara no show de Jiro é exatamente isso, o prazer de estar no palco fazendo o que gosta. A paixão com que eles se apresentam conquista qualquer público. É uma banda que mantém a essência do rock viva. Kane é um espetáculo a parte. Ele pula, interage com o público e dá muito de si mesmo na guitarra. O show não podia ter outro final: o guitarrista se jogou na plateia, mostrando assim que incorpora o estilo rock ‘n’ roll do começo ao fim, ao menos no palco.
Dois minutos antes de CJ Ramone mostrar a que veio, lá pela 1h30 da manhã, o público já estava gritando “Hey ho, let´s go” impacientemente. Claro que as primeiras palavras do baixista não poderiam ser outras: “one, two, three, four”, ditas bem rápido. E sim, ele mostra a que veio e o porquê de ter sido escolhido pelo Ramones para substituir Dee Dee. Primeiro ponto a se declarar é que o baixista toca tão rápido que, visualmente, é difícil de acompanhar, mas muito bonito de se ver. A set list mesclou os dois álbuns anteriores de CJ, com mais músicas do “American Beauty”, e incluiu as clássicas dos Ramones. “Durango 95”, “Rockaway Beach”, “Do You Remember Rock ‘N’ Roll Radio?”, “I Wanna Be Your Boyfriend”, “Rock ‘N’ Roll High School”, “The KKK Took My Baby Away”, “Sheena Is a Punk Rocker”, “Do you wanna dance?”, “Pinhead”, entre outras. Com uma hora de música, CJ deixou o palco com a banda. Mas apenas para fazer um drama com o público. Como ir embora sem tocar os dois grandes hinos dos Ramones? Não dá, né! Por isso, ele voltou com “I Wanna Be Sedated” e “Blitzkrieg Bop”. “Make sure you’re enjoying the show”, disse CJ. Finalizou com “R.A.M.O.N.E.S”, do Motörhead, e antes de sair do palco, agora sim pela última vez, disse: “Thank you very much. Ramones Forever!”

Ramones influenciou toda uma geração que veio depois e destilou muitos sonhos. Sonho do Christopher Joseph Ward de se tornar um Ramone, sonho do Alex de tocar com um, sonho do Fabrício de subir no mesmo palco, sonho do Guilherme e de tantos outros que estavam ali. Sonho de manter a lenda viva para todos os órfãos dos Ramones. E a noite de sábado, 25 de novembro, foi exatamente sobre isso.
Confira aqui o set list do show:
Durango 95
Let´s Dance
Let´s Go
Rockaway Beach
Yeah Yeah Yeah
Judy is a punk
Do You Remember Rock ‘N’ Roll Radio?
Psychotherapy
Girlfriend in a Graneyard
53rd+33rd
Understand me?
I Wanna Be Your Boyfriend
Glad to see you go
Moral to the story
Strength to endure
Chinese Rocks
Shock Treatment
Rock ‘N’ Roll High School
Baby, I Love You
Wart Hog
The KKK Took My Baby Away
Sheena Is a Punk Rocker
Commando
My Brain Is Hanging Upside Down (Bonzo Goes to Bitburg)
Do you wanna dance?
California Sun
Pinhead
Bônus
I Wanna Be Sedated
Blitzkrieg Bop
R.A.M.O.N.E.S