No dia 7 de Julho de 1990, o Brasil se despedia de um dos seus personagens mais emblemáticos. Cazuza perdia uma batalha árdua contra a AIDS, e sua luta pela vida comoveu o país. Foi a primeira personalidade brasileira a assumir ser portador do vírus HIV, em tempos onde faltava informação, sobrava tabu (o preconceito era grande!) e praticamente inexistia tratamento especializado. Seu sofrimento acompanhado publicamente não foi em vão, a conscientização acabou sendo primordial. Logo após a partida, sua mãe Lucinha Araújo criou a Fundação Viva Cazuza, que atende crianças portadoras do vírus no Rio de Janeiro até os dias de hoje.
Cazuza começou a carreira musical como vocalista da banda Barão Vermelho no início da década de 80, onde gravou três álbuns. Após apresentação arrebatadora na primeira edição do Rock in Rio, em 1985, com o grupo no auge do sucesso, comunicou que sairia em carreira solo. Decisão arrojada e corajosa, mas o intuito foi realizado: ao diversificar sua postura roqueira com outros gêneros, principalmente a MPB, se tornou um dos maiores artistas da história do país.
Desde a passagem pelo Barão Vermelho, já havia impressionado pela verve poética que destilava em suas letras. Foi gravado por grandes nomes, como Gal Costa, Ney Matogrosso, Caetano Veloso, e selou parceria com Gilberto Gil, Rita Lee, Angela Ro Ro, entre muitos outros… Deixou cinco álbuns de estúdio e um ao vivo, o clássico “O Tempo não para” (disponível abaixo), registro da turnê do disco “Ideologia”, onde mesmo já bem doente realizou shows impactantes! Sua obra continua incensada e revisitada pelas gerações subsequentes. A música “Brasil” é um hino em manifestações políticas (se posicionava poderosamente contra o sistema). Cazuza continua mais vivo do que nunca.