Em 10 de junho de 1996, o CARCASS lançava “Swansong”, quinto disco da banda e que seria também o último antes da separação do então quarteto inglês. E vamos falar sobre este maravilhoso play no dia de hoje.
A banda vinha do maior clássico, “Heartwork”, disco que foi influência para o que se tornaria o Death Metal Melódico. A banda estava na crista da onda e para quem havia começado com um som tosco, violento e brutal, era a hora de inovar mais uma vez.
Houve uma mudança na formação: o guitarrista Michael Amott sairia para montar a sua banda, o aclamado ARCH ENEMY. E para o seu lugar, foi recrutado o guitarrista Carlo Regadas, que faria parceria com Bill Steer nesta reta final do CARCASS.
Mas nem tudo foram flores: com o sucesso de “Heartwork”, a banda foi contratada pela “Columbia”. Até aí tudo bem, contrato com uma major, isso na teoria significaria uma ampla distribuição das cópias do vindouro álbum, mas não foi bem isso o que aconteceu. A gravadora queria lucros, claro, e então sugeriu que a banda mudasse ainda mais o seu som, inclusive sendo petulante ao ponto de sugerir que Jeff Walker mudasse seu jeito de cantar, pedido esse veementemente negado.
Bill Steer também andava desiludido com o Heavy Metal, não queria mais tocar o estilo e isso acabou influenciando de modo definitivo no que temos em “Swansong”. Porém, Walker afirmou em entrevista que a banda gravou 17 faixas para o disco e que este deveria ter sido lançado como sendo um álbum duplo, o que não aconteceu. Então, a “Columbia” foi retirando o apoio e a banda retornou para a “Earache”. Walker disse ainda que a banda foi paga duas vezes pelo mesmo álbum e que as faixas que ficaram de fora eram mais fortes do que as que acabaram fazendo parte do tracklisting.
Então todos foram para dois estúdios: “Rockfield Studios” e “Battery Studios”, entre os meses de fevereiro e abril de 1995. O produtor, era o companheiro de longa data da banda, Colin Richardson. E o resultado é o que vamos conferir mais abaixo, destrinchando cada uma das doze músicas presentes aqui.
Bolacha rolando e temos a divertida “Keep on Rotting in a Free World”, que é uma paródia da música famosa de Neil Young, em que a banda nos brinda com um Rockão, só que aqui com o vocal gutural de Jeff Walker. Partes melódicas entram no meio e temos um solo muito bom.
“Tomorrow Belongs to Nobody” tem riffs incríveis em sua intro e ela se desenvolve mais Metal do que a faixa anterior, com muito peso. E tome mais melodia no solo. Já “Black Star” traz de volta a mistura estranha, mas interessante de Rock com vocal gutural e sempre com riffs bem trabalhados.
“Cross My Heart” traz novamente a artilharia poderosa dos riffs de Bill Steer e Carlo Regadas em uma música que temos mudanças interessantes em seu andamento, além de outro belo solo. Ótima canção, Chega a faixa “Child”s Play” é arrastada, pesada, muito densa, com direito até a pitadas de Groove, outra excelente faixa.
“Room 101”, a faixa a seguir tem uma pegada bem Stoner, o que ficou bem legal. “Polarized” traz mais uma vez o CARCASS praticando o bom e velho Rock and Roll em uma faixa que mescla peso e melodia. “Generation Hexed”, por sua vez, é uma faixa que transita entre o Rock e o Metal. Ela é muito enérgica e conta mais uma vez com riffs muito acima da média e “Firm Hand” é a minha faixa favorita deste play e como a anterior, ela passa pelo Rock e pelo Metal, e tome mais riffs violentos, acrescidos de dois solos fenomenais: o primeiro bem rápido e o segundo mais melódico.
“R**k the Vote” começa com um dueto de guitarra e ela se desenvolve bem Hard Rock e se não é brilhante, não compromete. “Don’t Believe a Word” tem riffs intrincados, realmente muito bons. A música é bem arrastada e tem um solo bem feito. Podemos dizer que esse é o Doom do CARCASS. E “Go to Hell” é o ato final deste play, em que temos uma divertida faixa, um Hard Rock poderoso.
Em 49 minutos temos um ótimo disco, em que a banda acabou criando um novo estilo: o Death N’ Roll. Obviamente, o disco não supera “Heartwork” e muito provavelmente também não supera o “Necroticism – Descanting the Insalubrious”, mas é um disco que não pode ser subestimado e hoje é digno de todos os nossos confetes.
“Swansong” foi bem recebido e teve relativo sucesso de vendas, Nas paradas do Reino Unido, ele ficou bem cotado, inclusive acima de bandas que faziam maior sucesso comercial, como o PLACEBO, por exemplo. Na categoria “Heatseekers Albuns”, da “Billboard”, o álbum ficou na 46ª posição, e no chart da Finlândia, o álbum ficou na 33ª posição.
Existem rumores de que a banda teria recebido uma proposta para acompanhar o IRON MAIDEN, sendo a banda de abertura quando esta realizou a turnê do álbum “The X-Factor”, na qual o então novo vocalista, Blaze Bayley era apresentado ao público. Isso certamente aumentaria ainda mais a popularidade do CARCASS e alavancaria as vendas do nosso aniversariante de hoje.
Infelizmente a banda se separaria após o lançamento deste disco sem sequer uma turnê de despedida, apenas com um comunicado na imprensa. E assim, e eles ficariam em hiato por 10 anos, mas o retorno aconteceu e a banda segue na ativa, destruindo tudo ao vivo. Eu mesmo tive a honra de vê-los ao vivo em 2017 e pude conferir in loco o poder destrutivo dos caras. Então, vamos desejar uma longa vida ao CARCASS. E você, caro leitor, não se esqueça de seguir as orientações da OMS e fique em casa.
Swansong – Carcass
Data de lançamento: 10/06/1996
Gravadora: Earache Records
Tracklisting:
01 – Keep on Rotting in the Free World
02 – Tomorrow Belongs to Nobody
03 – Black Star
04 – Cross My Heart
05 – Childs Play
06 – Room 101
07 – Polarized
08 – Generation Hexed
09 – Firm Hand
10 – R**k the Vote
11 – Don’t Believe a Word
12 – Go to Hell
Lineup:
Jeff Walker – Baixo/Vocal
Bill Steer – Guitarra
Carlo Ragadas – Guitarra
Ken Owen – Bateria