Não fosse o gingado latino talvez o Captain Mantis não entregaria que se trata de uma banda latina. Pois bem, formada nos velhos moldes de toda banda de rock, aquele mesmo, de amigos da escola, eles provam que pelos lados de cá do Oceano Atlântico também se faz rock clássico de qualidade.
O line-up é formado por 4 integrantes de Monterrey, que conta com amigos do ensino médio que decidiram retomar seu projeto musical, graças aos deuses. A banda é composta pelo vocalista Checo Ruizesparza, o guitarrista Pato Sepúlveda, o baterista Charly “El Pulpo” Lowry e o baixista e compositor principal Ignacio Alvarez.
Para descrever as influências do grupo, vamos ao bom humor com o qual eles se apresentam. O vocalista Checo é o maior fã de Sir Macca, enquanto o guitarrista Pato Sepúlveda, ainda busca ser adotado por Tony Iommi. Deu pra entender? Pois bem, o som do grupo carrega muito do que os Beatles e o Black Sabbath proporcionaram, mas vai além.
Tudo pode ser conferido nas quatro faixas desse mais novo EP, “Vice Market”, onde elas se distribuem entre 18 minutos e meio, cada uma com sua distinção, mas sempre carregando a assinatura do grupo, que prima por esse fundo latino.
“Moonshine Alley” abre o disco com um riff cativante de guitarra e explora um lado rock com a ginga latina já de cara. Enérgica, a música prima por trazer um refrão na virada, o que era bem comum há 50 anos e ainda funciona perfeitamente.
“Simon Frost” revela de cara a influência de Beatles com sua introdução no violão, mas logo ganha a ajuda da eletricidade da guitarra e se transforma num rock ‘classudo’. A faixa prima por mostrar um groove cativante e encarnar o ritmo dançante tradicional do estilo.
“Galetea” chega como um folk intrincado, com um dedilhado de violão inicial magistral e um leve tempero psicodélico, mostrando ainda mais as habilidades da banda. Bom ressaltar o equilíbrio em entregar uma balada que foge do pieguismo.
Por fim, fechando o disco temos “Vice Market”, uma música magistral, que não economiza no ritmo latino, deixando Carlos Santana orgulhoso de seus conterrâneos. A mescla traz uma banda com uma pegada intensa e apostando em vocais bilíngues, mantendo o orgulho de suas origens.
Tudo com uma produção orgânica que valoriza muito a sonoridade proposta. O único defeito de “Vice Market” é não ter mais músicas, pois o gosto de ‘quero mais’ fica já na primeira audição. Que trabalho magnífico!
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