Ser brutal, violento, ríspido e agressivo, todo mundo já sabe que o Obituary é, mas a imagem externa, que a banda consegue tão bem transmitir, pode ser também agregada com nuances inesperadas. O humor, a capacidade de rir de si mesmo e, no decorrer desse processo, conseguir criar ainda mais vínculo com seu público.
Após ver o vídeo de animação para a banda hungara Blind Myself, que foi um dos destaques do Headbangers Ball de 2008, o vocalista John Tardy foi em busca de contactar o responsável por sua criação e, assim, chegou até o artista Balázs Gróf, também natural da Hungria.
Nascido em 1976 e formado em Belas Artes, Balázs foi refinando o seu traço a partir da criação de curtas, comerciais, ilustrações para vídeos e para camisetas. Seu site na internet possui um amplo catálogo de suas obras, que incluem também caricaturas de ícones como Frank Zappa, Dave Mustaine, Rob Zombie ou Iggy Pop, e que podem ser encomendadas diretamente com o cartunista.
Ao lançar o álbum “Inked in Blood”, de 2014, o Obituary encomendou o clipe para a faixa “Violence”, uma das melhores do trabalho e que fez com que Balázs se debruçasse sobre a prancheta durante seis meses. Misturando cores vivas com um bocado de pastelão, e outro tanto de sanguinolência, o clipe é divertidíssimo e pode ser assistido várias e várias vezes sem cansar. Entre cenas com mortos-vivos e mutilações, a história narrada é a de uma ida da banda rumo ao local de show, conduzindo uma van que é referência direta àquela utilizada pelos personagens do desenho “Scooby-Doo”. Uma das cenas mostra o baterista Donald Tardy deixando um prato de comida para um gato e é uma clara menção ao seu trabalho cuidando de felinos abandonados na Flórida, castrando, vacinando e tratando-os através de sua ONG denominada Metal Meowlisha.
O sucesso do clipe credenciou Balázs para criar animações para outros artistas, como as bandas Powerflo e Red Fang, e para prosseguir na parceria com o Obituary, desenvolvendo o clipe para a música “Ten Thousand Ways to Die”, do álbum seguinte, “Obituary”, de 2017, que consegue ser ainda melhor do que o primeiro, mas que seria assunto para outro momento desta coluna.