“How The Gods Kill”, lançado em 1992, era a confirmação da curva ascendente que o Danzig vinha experimentando. Formação estabilizada, criatividade em alta, capa de H.R. Giger, produção de Rick Rubin e clipe dirigido por Anton Corbijn.
Artista centralizador que é, Glenn Danzig já estava assumindo as rédeas da direção de seus vídeos desde o álbum anterior, “Lucifuge”, lançado em 1990, mas já naquela época, a parceria com Corbijn havia iniciado, pois o fotógrafo conduziu o video para a faixa “Killer Wolf”. Anton Corbijn nasceu na Holanda, em 1955, e suas lentes, que clicaram artistas como Keith Richards, David Bowie ou Bjork, demontram a clara predileção pelos contrastes do preto-e-branco. A direção de clipes com “Heart Shaped Box”, do Nirvana, ou “Mama Said” do Metallica, esclarecem que esta não é uma regra absoluta, mas é sem dúvida a predominância do seu trabalho.
Entre as bandas com quem mais colaborou, Depeche Mode e U2 estão, sem dúvida, no topo da lista, sendo de autoria de Corbijn a fotografia da capa do disco “The Joshua Tree” dos irlandeses. No cinema, embora tenha realizado filmes com Philip Seymour Hoffman e George Clooney, sua obra mais lembrada é “Control”, de 2007, que narra a vida de Ian Curtis, o mítico vocalista do Joy Division.
De narrador, ele passou para o status de objeto de narração, pois sua carreira foi o mote do documentário “Anton Corbijn – Retratos do Rock”, dirigido em 2012 por Klaartje Quirijns, com depoimentos de James Hetfield, Bono Vox e outros. Na direção de “Dirty Black Summer”, sua opção foi de seguir a simplicidade que a própria produção musical do Danzig propõe, mantendo o preto-e-branco e intercalando cenas da banda andando por um deserto com imagens da mesma tocando, em um efeito de negativo meio esverdeado e com uma sobreposição que lembra os clipes de programas televisivos dos anos 70, onde os músicos surgem na frente de projeções de fundo.
Ser canção de destaque em um álbum tão coeso quanto “How The Gods Kill” é um indicativo de especialidade e “Dirty Black Summer” permanece obrigatória nos setlists da banda. O clipe realizado para a mesma foi certamente um dos fatores responsáveis por eternizá-la na preferência dos fãs do Danzig.