O acorde inicial de Brave New World só não é mais emocionante que o período em que ele foi lançado. Era o fim da Era Blaze, e o recomeço de algo inimaginável: Restos de músicas formariam o híbrido e transitório novo disco ou “nova Era” que trazia de volta um antigo vocalista: Bruce Dickinson, após uma efusiva carreira solo que começou em 1990 com Tattooed Millionary – ainda na banda – e teve seu último registro no ano de 2005, com álbum Tyranny of Souls.
A era de um admirável mundo novo na história do Iron Maiden. Exatamente no final do século XX, inicio do século XXI (entre 1999-2001) a transição de um século, numa nova história era escrita para uma nova “casta” de fãs da maior banda de Heavy Metal do mundo.
O seu lançamento (do disco) no Rock In Rio 2001 abriria um portal onde ali caberiam todo tipo de morte e renascimento. Era a fusão definitiva de um novo mundo que abraçava a tecnologia como algo absolutamente natural, era o distanciamento definitivo com os maneirismos analógicos e um novo tipo de “ser humano” surgiu naquele momento.
Um ser humano que viria ser progressivamente virtual e atemporal. Tecnológico e invisível, disfarçado num avatar. Tendo longas conversas , com várias pessoas no mundo atrás de um computador. A tal Globalização tornou um “enorme” planeta, em um local com “janelas”, onde se pode acessar as pessoas em qualquer lugar. Mas ainda assim, seríamos “selvagens” no instinto e na natureza.
No livro de titulo original “Brave New World” ou “Admirável Mundo Novo” de Adouls Huxley , considerado uma das maiores obras do clássico moderno de ficção especulativa da Inglaterra, foi escrito na década de 30, numa impressionante fase que transitava entre Primeira e Segunda Guerras Mundiais. Uma vez que a Segunda foi tomada por genocídio de raças.
Mas o livro trata do assunto que mais tarde conheceríamos como “clonagem” e a formação de indivíduos, não da forma tradicional por concepção natural, e além do abandono das práticas normais de “interligação” do ser humano, o tornando um novo tipo de ser. Através de castas especificas, Husley criou a definição de sociedades separadas e a transição entre elas de um modo não tradicional.
Na canção de Murray, Dickinson e Harris…destrinchamos:
Dying Swans, Twisted Wings, Beuty not needed here…Lost My Love, lost my life…In this garden of fear, I have seen many things, In a lifetime alone, Mother love is no more, Bring this savage back home…
Cisnes Moribundos, Asas distorcidas; beleza não é necessária aqui. Perdi meu amor, perdi minha vida, nesse jardim de medo, eu tenho visto tantas coisas, em apenas uma vida, o amor materno não existe mais, leve esse selvagem de volta à casa…
A primeira estrofe deixa bem claro a alusão ao livro de 1932 onde o estereótipo da beleza óbvia, das formações normais e das situações óbvias são substituídas por uma nova sociedade ou uma nova forma de “ser”
Wilderness house of pain, makes no sense of it all, close this mind dull this brain, messiah before his fall, what you see is not real, those who know will not tell, all is lost sold your souls, to this Brave New World.
Desnorteadora casa de dor, ela não faz sentido algum, aprisione essa mente, estupefique esse cérebro, Messias antes de sua querda, Oq eu você, não é real. Aqueles que sabem, não vão dizer. Tudo está perdido, venda sua alma ao admirável mundo novo.
Dragon Kings Dying Queens; Where is salvation now; Lost my life, lost my dreams
Rip the bones from my flesh; Silent screams laughing here; Dying to tell you the truth
You are planned you are damned; In this brave new world
Reis despóticos matando rainhas, onde está a salvação agora? Perdi minha vida, meus sonhos. Ossos arranchados da minha carne, gritos silenciosos gargalhando aqui; morrendo para te dizerem a verdade; você é planejado e está condenado; nesse admirável mundo novo.
Todo o contexto, se atualizarmos para os tempos atuais; digamos que é o abandono dos velhos conceitos para os novos. Um acesso corajoso e ao mesmo tempo com muitas perdas, às escolhas da vida.
Digamos que o mundo novo é qualquer coisa que você escolhe conhecer, sem saber as consequências. Ele pode vir recheados de coisas boas, mas pode também te obrigar abrir mão de muitas coisas seguras e comuns, que você não soubesse como seria viver sem elas.
Brave New World é um convite ao novo.
É um convite à adentrar cavernas nunca habitadas. Descobrir tesouros naturais, mas levar um rasante de um bando de morcegos. É percorrer um novo caminho, e ver novas paisagens; mas se machucar nos espinhos, talvez ter sede e suportar as pedras. É viajar para um mundo desconhecido e ao mesmo tempo onde se encontra novas possibilidades, ao mesmo tempo podem haver perdas irreparáveis.
Não é isso a vida?