No domingo, dia 22 de setembro, após 7 anos desde que o ex-Beatle Paul McCartney pisou em terras recifenses para duas apresentações, o Estádio do Arruda, casa do Santa Cruz Futebol Clube, finalmente voltou a receber um show internacional de grande porte em seus gramados, se tratando dessa vez da turnê do disco “This House Is Not For Sale”, da banda americana Bon Jovi, que também traria o grupo Goo Goo Dolls como atração de abertura.

O evento, até mesmo pela sua magnitude, mexeu com a cidade no dia, principalmente naquela região do bairro do Arruda, tendo esquema de transporte e de trânsito, chegando até a quase adiar a partida entre Náutico e Juventude no Estádio dos Aflitos por conta da questão do número de efetivos da Polícia para dar conta dos dois eventos.

Antes do show, havia uma desconfiança por parte de todos por conta de boatos de que a venda de ingressos estaria fraca, principalmente por conta de promoções que foram feitas em sites como o “Peixe Urbano”, onde as entradas estavam sendo vendidas com até 70% de desconto. De qualquer forma, deixarei para abordar essa questão com mais detalhes apenas no final do texto.

A abertura dos portões do Arruda ocorreu bem cedo (no caso, às 15:30), e por isso, a entrada foi bastante tranquila, com os fãs chegando aos poucos tanto no gramado quanto nas arquibancadas do estádio.

E antes do começo do show, o fã clube do Bon Jovi esteve em todo o estádio distribuindo balões e papeis, organizando interações do público com a banda quando a apresentação se iniciasse.

Antes de chegar na apresentação do Goo Goo Dolls, há duas coisas que quero pontuar. Primeiro, o mau posicionamento da mesa de som, que ficou em área que tapava completamente a visão do palco de algumas pessoas, quando o certo era o mesmo ficar em uma plataforma alta. E segundo, é chamar a atenção para o quiz da banda que era mostrado no telão enquanto os shows não começavam, onde houve vários erros gramaticais grotescos (exemplos: “Boin Jovi” e “quitarra”).

Além do quiz, os fãs também puderam se distrair vendo as fotos que eram exibidas no telão da hashtag #bonjovimemories, onde muitos ficaram na expectativa de sua foto ser uma das selecionadas.

Por volta de sete e meia da noite, o Arruda já se mostrava lotado, tendo pouco tempo depois as luzes se apagado, indicando assim o início da apresentação do Goo Goo Dolls.

O Goo Goo Dolls, conhecido por alguns presentes, e nem tanto por outros, mesmo já sendo uma banda veterana, conseguiu cativar bem o público, mesmo com o fato de muitos ali não conhecerem bem trabalho deles.

Mesmo sem cantar junto, a plateia interagiu bastante com a banda, e alguns casos até tentavam aprender as letras das músicas rapidamente na hora. Mas obviamente, o ponto alto da apresentação da banda foi na execução de “Iris”, seu maior hit, que foi o único momento em que o Arruda cantou em coro com eles, tendo sido também um dos momentos mais bonitos da noite quando os celulares iluminaram todo o estádio.

Após 14 músicas e mais ou menos 40 minutos de apresentação, o Goo Goo Dolls encerrava seu show, e o público recifense voltava a esperar ansiosamente pelo início da apresentação do Bon Jovi.

SETLIST:

  1. Big Machine
  2. Slide
  3. Indestructible
  4. Here Is Gone
  5. Back Ballon
  6. So Alive
  7. Miracle Pit
  8. Name
  9. Come to Me
  10. Bringing On the Light
  11. Stay With You
  12. Better Days
  13. Broadway
  14. Iris

Por voltas das 21h, as luzes no Arruda voltaram a se apagar, e o telão do palco começou a mostrar um vídeo mostrando imagens da cidade, sinalizando que a turnê havia finalmente chegado ao Recife, e mais em específico, ao Estádio do Arruda.. Após isso, toda a banda subiu ao palco, começando a festa ao som da faixa “This House Is Not For Sale” para o delírio do público recifense, com vários balões em formato de coração sendo levantados.

Logo após, “Born To Be My Baby” seguiu instigando a galera, tendo depois “Lost Highway” sido tocado, onde alguns tentaram colorir o estádio com luzes coloridas. Mas, essa foi uma interação que acabou não sendo muito aderida.

Em certo momento, quando finalmente parou para conversar com o público, Jon Bon Jovi, no alto dos seus 57 anos com cabelos completamente grisalhos, levou o público ao delírio mais uma vez ao falar “Levem-me ao mar infestado de tubarões”. Fazendo uma clara referência a Recife, que tem uma fama (não muito boa, mas tudo bem) de ter frequentes ataques de tubarões.

Além de “This House Is Not For Sale”, as outras músicas do disco novo que foram inclusão foram “Knockout” e “Roller Coaster”. Foram essas, o setlist foi composto por grandes clássicos como “We Weren’t Born to Follow”, “It’s My Life”, “You Give Love a Bad Name”, “Have a Nice Day”, “Runaway”, e outras.

Um dos pontos curiosos da noite foi a execução da faixa “In These Arms”, que foi cantada pelo tecladista David Bryan, coisa que aparentemente nunca tinha acontecido antes. Não que o público tenha visto problema nisso, obviamente.

Por mais que o show estivesse lindo no sentido de “experiência” e “produção”, é triste dizer que via-se claramente que a voz de Jon está muito degastada, muitas vezes ele mal conseguia completar as frases direito, ofegava muito, sussurrava em algumas música, isso sem falar nas vezes em que os backing vocals seguravam a barra para ele.


Apesar desse detalhe, Jon ainda mostra ser um excelente frontman, com carisma de sobra, e galã, principalmente, coisa que ficou em evidência na música “Bed Of Roses”, quando duas mulheres subiram ao palco para dançar com ele (tendo uma delas ganhado um selinho dele).

Após “Bad Medicine”, houve o típico momento onde a banda fingiu que o show havia terminado, tendo pouco depois retornado para o “bis”, executando as músicas “Blood On Blood” e a clássica “Livin’ On a Prayer”, que foi o momento onde o Arruda mais se esferveceu.

SETLIST:

  1. This House Is Not For Sale
  2. Born To Be My Baby
  3. Lost Highway
  4. Knockout
  5. You Give Love a Bad Name
  6. Roller Coster
  7. Whole Lot of Leavin
  8. We Weren’t Born to Follow
  9. Runaway
  10. It’s My Life
  11. In These Arms
  12. Have a Nice Day
  13. Keep the Faith
  14. Amen
  15. Bed of Roses
  16. Lay Your Hands on Me
  17. We Don’t Run
  18. Wanted Dead or Alive
  19. I’ll Sleep When I’m Dead
  20. Bad Madicine
  21. Blood on Blood
  22. Livin’ on a Prayer

Passada as duas horas de shows e os fãs começam a deixar o estádio em êxtase pela apresentação que viram, mesmo sem a banda tocar “Always”, mas, a vida real resolveu os chama de volta logo no lado de fora. Se a ida pra o Arruda havia sido tranquila, não podemos dizer o mesmo da volta.

Os expressos dos três Shoppings foram colocadas todos em uma única via, com a fila completamente desorganizada, e com muito fluxo de pessoas, atrapalhando a chegada dos coletivos. E como se não bastasse, ainda tinha as pessoas mal educadas que ignoravam a fila e se enfiavam nos ônibus de qualquer jeito. Felizmente, depois de muita confusão em relação a isso, conseguiram organizar em certo momento.

Agora, lembram o que falei lá no início do texto sobre a questão da venda de ingressos? Então vamos lá chegar nesse ponto finalmente..

De início, a tal matéria que relatava sobre “vendas encalhadas” foi bastante desnecessário, até porque isso acabou dando brecha para que a legitimidade do público no Nordeste para shows de rock fosse questionada, mas não vou me aprofundar muito nisso.

Independente de tudo, no dia 22 de setembro foi mostrado que Recife tem público para show de rock SIM. Foi contabilizado mais de 38 mil pessoas no Estádio do Arruda, e independente de ter tido promoções e qualquer coisa do tipo, o fato do Bon Jovi ter arrastado esse tanto de pessoas deve ser levado em consideração.

E independente também da matéria em questão, que houve promoções de ingressos por 70% de desconto no Peixe Urbano, distribuição dos mesmos em órgãos públicos e privados, e vendas na porta do evento a preço de banana, isso houve, e os relatos não deixam mentir.

Tenham certeza que isso é perigoso, e por que eu digo isso? Bom, primeiramente porque isso acaba sendo uma sacanagem com quem comprou antecipado, pois a lógica normalmente é que os que compram antes paguem mais barato, e que o preço vá aumento ao longo que o evento se aproxima.

Mas, quando essa lógica se inverte, as pessoas que compraram o ingresso no início a 640 reais ficam revoltadas ao ver o mesmo sendo vendido a preço de banana quando o show está mais perto, e isso ocorrendo, essa mesma pessoa vai querer deixar para comprar o ingresso quando o evento estiver mais próximo.

E qual o problema disso? É que numa dessas, o risco de shows grandes acabarem sendo cancelados cresce consideravelmente, já que muitas produtoras dependem do dinheiro de vendas antecipadas para sustentar o evento, e se eles não tiverem esse retorno imediato, o risco deles não quererem arriscar seguir com o show é grande. Um exemplo disso ocorreu em 2015 quando o show do Judas Priest em Recife foi cancelado por baixa vendagem de ingressos.

Como eu disse anteriormente, foi contabilizado 38 mil pessoas no Arruda naquela noite, e isso deve ser levado MUITO em consideração, mas a produção poderia ter ficado mais segura se tivesse colocado o show no Classic Hall. Tudo bem que no Classic Hall a capacidade máxima é de 20 mil pessoas, ou seja, praticamente metade do número que esteve no Arruda, mas isso mostra que o evento estaria mais “seguro” financeiramente lá, porque afinal de contas, antes sobrar do que faltar.

No mais, esperamos que esse show do Bon Jovi seja um portão de entrada para outros shows dessa magnitude em Recife.