Bohemian Rhapsody: a síntese da grandiosidade composicional

Que vamos falar sobre uma das maiores obras primas da história da música popular mundial ( a maior de todas em minha humilde opinião), não é nenhuma novidade. Esta monumental criação, que veio ao mundo em 1975, reúne elementos do rock e música clássica de maneira praticamente inatingível, posto que até os dias de hoje ainda não se observou ninguém que tenha conseguido compor algo equivalente em termos de magnificência melódica e harmônica. Queen sempre foi uma banda disposta ao experimento, construindo ao longo de sua carreira, músicas que passearam pelo Pop, Hard Rock, Heavy Metal, Rockabilly, Funk e até mesmo Dance Music.  Todo esse conhecimento no âmbito composicional nas mais variadas formas, certamente culminaria um dia em algo tão colossal quanto Bohemian Rhapsody!

O início com os vocais, já é surpreendentemente bem afinado e composto, com cada linha vocal, desde o baixo até o tenor atuando exata e milimetricamente em sua respectiva e devida linha. Coisa que raramente se vê nas bandas atuais, que não prezam mais tanto pelo minimalismo na hora da composição, não por falta de talento, mas ( acredito eu) que por uma questão estilística e mercadológica.

Após terem chegado metendo o pé na porta e deixando bem claro a que vieram no tocante ao quesito vocal, o harmonioso coral entrega a posição nos holofotes auditivos ao mestre Mercury, que põe pra fora todos os seus dotes como pianista, acompanhando doce e melancolicamente sua própria voz, cantando os primeiros versos solo, que contam a história tristonha do homem que destruiu a própria vida. Destaca-se aqui o momento entre 24:00 e 26:00 onde a voz outrora doce e tristonha, ganha ares de revolta consigo mesma em forma de um drive certeiro.

Os versos seguem contando a história e tudo parece girar em torno do arranjo de piano que permanece em ostinato até que chegue o arrepiante solo de guitarra. Brian May consegue ser agressivo, suave e destruidor ao mesmo tempo, entregando seu momento ao término do solo aos 3:08, para o coral que entoa o momento vocal mais famoso da história do rock, utilizando-se de contrapontos e divisões certeiramente impecáveis, num jogo de perguntas e respostas melódicas que é um verdadeiro deleite aos ouvidos, entregando após este êxtase, a cena de volta a Brian, que chega com riffs pesados seguidos pelo baixo de Deacon colado como grude na bateria que mais soa como uma máquina criando um chão perfeito para a  voz de Mercury já em tom mais agressivo, o que é brevemente finalizado por mais uma intervenção breve de piano e guitarra. Após presentear a todos nós com este mix de influências maravilhosamente distribuídas cada uma em seu devido e merecido lugar dentro deste verdadeiro tabuleiro de xadrez melódico, harmônico e rítmico, o final não poderia ser mais comovente, com a frase corta-coração “nothing really matters to me”!

Não importa quantas gerações passem, ou o quanto a música mude, que venham as modinhas, os artistas chiclete, as músicas sem pé nem cabeça! Clássicos sempre serão clássicos e isso, nenhuma musiquinha enlatada irá conseguir mudar!

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