Experimente se colocar na pele de um americano que acredita, de fato, na igualdade e na liberdade. Que pense que estes são valores inalienáveis, que execra a política empreendida por seu próprio país, recentemente entregue aos desígnios de alguém como Donald Trump. Que não entende como em pleno 2020, é preciso explicar e justificar sua opção sexual perante a sociedade. Esse cotidiano de dificuldades, é o que inspiraram o novo disco de Bob Mould em cada instante de seus 35 minutos. O guitarrista que criou uma sonoridade própria quando fazia parte do Husker Dü, lapidando essa marca autoral no Sugar ao longo dos anos 1990, e desde os anos 2000 vem gravando bons discos solo com regularidade. Só na década de 2010, foram quatro registros e agora vem com o intenso “Blue Hearts”, que confirma a ótima fase musical que vive. E como não poderia deixar de ser, seu objetivo aqui é dissecar (ou tentar), o jeito como estamos vivendo neste mundo.

Bob Mould produz, toca vários instrumentos, compõe tudo que está aqui. É acompanhado por Jason Narducy no baixo e Jon Wurster na bateria. Tudo soa dinâmico, pesado, melódico, original e instigante. Fatalmente não existiria Foo Fighters se não fosse pela criação desta sonoridade, que Mould vem colocando em prática desde sempre. Este é mais um disco em que isso fica totalmente evidente, ficando “Blue Hearts” caracterizado por “porradas” curtas e bem aplicadas. Tem espaço pra todos no comando da metralhadora giratória que Bob empunha ao longo do disco. E não há uma única bala desperdiçada, todos os vilões são atingidos em cheio. É um líbelo fundamental e necessário para os dias atuais! Abaixo disponibilizado, o primeiro single de “Blue Hearts”, “Siberian Butterfly”, de Bob Mould:

Crédito: site Célula Pop

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